O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky , disse que o Brasil tem uma ”aliança com um agressor”, em referência à relação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a Rússia, liderada por Vladimir Putin.
“Como se pode priorizar a aliança com um agressor?”, disse Zelensky ao ser questionado por jornalistas latino-americanos no prédio presidencial em Kiev.
Quando se referiu a países como Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador e Peru, o líder ucraniano falou em cooperação e até mesmo sobre produção de armamentos de defesa. No entanto, ao falar do Brasil, Zelensky mudou a feição e só proferiu questionamentos ao país.
“O Brasil deve estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor [a Rússia] … por que temos de voltar a repetir essas coisas? Pela memória histórica, por temas econômicos? A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam. Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação russa”, disse Zelensky.
O presidente ucraniano questionou ainda o porquê do Brasil e da China não confirmarem presença em uma reunião que acontecerá na Suíça.
“Não entendo. Por que não confirmar [a participação dos presidentes no encontro]? A última sinalização é de que Brasil e China estariam dispostos a participar se a Rússia participar. Mas a Rússia nos atacou. Por acaso o Brasil está mais próximo da Rússia do que da Ucrânia? A Rússia é hoje um país terrorista”, declarou Zelensky a jornalistas.
“Acho que uma aliança do Brasil com os países da América Latina é muito mais potente do que apenas com a Rússia. E seria justo que nos dessem esse apoio. Não tive uma declaração conjunta com o presidente Lula, ou entre Ucrânia e Brasil… por que é assim, se nós somos os atacados?”, questionou retoricamente Zelensky.
Em sua última declaração sobre o Brasil, Zelensky afirmou que o governo de Lula carece de “prever as consequências de uma [eventual] queda da Ucrânia”.
“Isso faria com que existisse uma alta probabilidade de que países pequenos possam ser suprimidos por países grandes”, afirmou o presidente da Ucrânia.
Em uma conversa rápida com o mesmo grupo de jornalistas, a primeira dama ucraniana, Olena Zelenska, também direcionou apelos ao Brasil:
“Convido o presidente Lula para que participe da cúpula da paz [na Suíça]. Seria uma oportunidade de renovar relações acidentadas”, disse ela.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.