O governo venezuelano realiza neste domingo (3) um referendo para questionar a população sobre a anexação do território de Essequibo , administrado pela Guiana e reivindicado pela Venezuela há mais de um século.
Na última sexta-feira (1º), a Corte Internacional de Justiça (CIJ) concedeu medidas provisórias à Guiana , a fim de evitar o acirramento das tensões. Para a Corte, o governo de Nicolás Maduro não deve tomar nenhuma medida que afete o status da região até que tribunal julgue o mérito da questão. Na prática, isso significa que o referendo seria uma violação do direito estabelecido pela Corte.
O reconhecimento da jurisdição da CIJ, no entanto, é justamente uma das perguntas do referendo. Neste domingo, a Venezuela fará cinco perguntas à população:
Se a Venezuela deve rechaçar a atual fronteira e anexar o território Essequibo;
Se o eleitor se opõe “à pretensão da Guiana de dispor unilateralmente de um mar pendente de delimitação”, área com reservas estimadas em cerca de 11 bilhões de barris de óleo;
Se o eleitor concorda com a criação de um estado na região, concedendo cidadania venezuela aos habitantes do território Essequibo;
Se o eleitor aceita o acordo de Genebra de 1966 como único instrumento capaz de resolver a controvérsia;
Se o eleitor apoia a “posição histórica da Venezuela de não reconhecer a jurisdição da Corte Internacional de Justiça” para resolver a questão.
Na última semana, Maduro incentivou os venezuelanos a apoiarem a anexação do território , afirmando que a Venezuela “se prepara para um novo marco na história do país”. “Unidos, nós podemos recuperar [território] e pintar o mapa inteiro. Vamos deixar nossa marca”, escreveu Maduro no Twitter.
Entenda a disputa
O território Essequibo, também chamado de Guiana Essequiba, é administrado pela Guiana e reivindicado pela Venezuela há mais de um século. Com cerca de 160 mil km², a área é rica em minerais e biodiversidade.
De um lado, a Guiana defende um limite estabelecido em 1899 por uma corte de arbitragem de Paris. Na ocasião, o Reino Unido (na época, a Guiana era colônia do país) saiu em vantagem sobre a posse do território, o que desagradou a Venezuela.
Do outro lado, a Venezuela defende o Acordo de Genebra de 1966, que estabelece bases para um solução negociada e não reconhece o acordo anterior, anulando-o.
O caso está sendo avaliado pela Corte Internacional de Justiça desde 2018. Isso porque, em 2015, a disputa na região passou a ser mais forte depois que a empresa estadunidense ExxonMobil encontrou reservas de petróleo no território Essequibo. De lá para cá, 46 descobertas de petróleo foram feitas na região pela empresa.
Petróleo
A disputa sobre o território Essequibo acontece sobretudo por conta do potencial de exploração petrolífera da área. Tanto Venezuela quanto Guiana são países cujas economias têm forte relação com o combustível fóssil.
A Venezuela enfrenta dificuldades em produzir mais petróleo depois de sofrer fortes sanções dos Estados Unidos, o que fez o país reduzir a manutenção da infraestrutura local.
Do outro lado, a Guiana vem despontando na exploração de jazidas de petróleo desde que a estadunidense ExxonMobil entrou no país, transformando a economia local. Em 2022, a economia da Guiana cresceu 62%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que representa a maior taxa do mundo.
O Estados Unidos já declararam apoio à Guiana na questão, reafirmando “o direito soberano da Guiana de explorar seus próprios recursos naturais”.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.