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Universidades podem combinar conhecimentos tradicionais e acadêmicos

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Conhecimentos tradicionais e acadêmicos podem se somar, ampliando horizontes e benefícios para gente e meio ambiente. É o que pensa o primeiro indígena a integrar a Direção Executiva da União Nacional dos Estudantes (UNE), Tel Guajajara, de 23 anos.

Estudante do quinto semestre de direito da Universidade Federal do Pará (UFPA), o diretor de Cultura da UNE é originário da Terra Indígena Morro Branco, localizada em Grajaú, no Maranhão. E é filho da cacique de sua aldeia – a Cacique Virgulino.

“Sou filho da luta”, apresenta-se o estudante “extremamente ativo” no ambiente universitário. Foi idealizador do 1º Encontro dos Estudantes Indígenas da Amazônia, tendo inclusive ajudado na criação da União Plurinacional dos Estudantes Indígenas, entre 2021 e 2022. Fundou também o Circuito Curupira, que é uma rede de ações estudantis em defesa de ações climáticas.

Ele é um dos participantes da plenária transversal sobre juventude do Diálogos Amazônicos, evento preparatório que resultará em sugestões de políticas públicas a serem encaminhadas aos chefes de Estado que participarão da Cúpula da Amazônia, nos dias 8 e 9, em Belém.

Dois mundos

A vivência no ambiente universitário possibilitou ao estudante indígena “vivenciar dois mundos”: o das tradições indígenas e o acadêmico. E também o levou a algumas conclusões. Uma delas é que a universidade “pode ser a intersecção desses dois mundos”, motivo pelo qual defende, entre seus pares, a criação da Universidade Integrada da Amazônia. “Ela facilitaria a produção de debates transversais, juntando conhecimentos”, disse à Agência Brasil o estudante indígena e dirigente da UNE.

Segundo Tel Guajajara, o mundo acadêmico, tem muito a aprender sobre os conhecimentos tradicionais. “Afinal, somos também campo de estudo”, disse o jovem. “Nossa sensação, ao viver no ambiente acadêmico, é de que ensinamos tanto quanto aprendemos, uma vez que as pessoas nos desconhecem. Para nós, as universidades são uma ferramenta que pode nos ajudar a melhorar a vida de nossos povos”, acrescentou.

O aprender

Para Tel Guajajara, existe uma certa limitação entre os não indígenas sobre o termo “aprender”. “Nossas comunidades são também uma espécie de universidade. É curioso vermos que os brancos só aprendem por meio de papel escrito. Nós aprendemos muito a partir das conversas. Temos muita tradição oral.”

“O problema é que as secretarias de Educação não reconhecem isso, e as universidades cobram diplomas de papel. Com isso, nos limitam ao ensino médio. Lamento muito o fato de muitos dos meus primos não terem o privilégio que tenho, de ser estudante universitário”, afirmou.

Para ampliar o acesso das comunidades indígenas ao ensino superior, Tel defende a criação de universidades em territórios indígenas. Ele, no entanto, considera fundamental que as instituições tenham uma boa estrutura de laboratórios.

“As universidades precisam ser interiorizadas, mas com estrutura e com disposição para enxergar isso como uma via de duas mãos, onde o conhecimento é compartilhado. Todos aprenderão com todos”, disse.

Áreas com potencial

Segundo Tel Guajajara, o potencial disso seria imenso, principalmente para áreas de conhecimento como as de biologia, química, farmácia e medicina. “Mas, repito, é fundamental que isso seja feito com uma boa estrutura de laboratórios.”

O acesso do estudante à universidade foi possível graças às ações afirmativas que garantiram cotas para indígenas no ensino superior. Ele percebe que majoritariamente a opção dos cotistas é por cursos das áreas de direito e saúde – faltando, portanto, profissionais indígenas nas áreas de ciências aplicadas e de comportamento humano.

“Isso nos possibilitaria avançar nas questões ambientais e de conscientização”, disse ele, ao defender, também, mais estudantes indígenas em cursos da área relações internacionais. “Eu mesmo penso em, depois de cursar direito, fazer relações internacionais porque a diplomacia pode ser um elo entre as comunidades indígenas e o mundo”, argumentou.

Outras áreas de conhecimento acadêmico citadas por ele como de potencial para as comunidades indígenas são os voltados para a tecnologia e a inovação. “Pensamos em cursos que nos ajudem a usar satélites para monitorarmos, com maior independência, nossas florestas.”

Disputas

A competitividade no mundo acadêmico é uma coisa que incomoda o estudante indígena. “Essas disputas internas são bastante prejudiciais e representam um grande choque cultural que vivenciamos. Inclusive, há casos de estudantes indígenas que se apresentam como não indígenas, para evitar serem vítimas de racismo.”

“Eu mesmo já fui chamado de Come Sapo até por professores, quando estudei o ensino médio. No primeiro semestre da universidade, alguns estudantes se recusaram a fazer trabalhos acadêmicos comigo, sob a justificativa de que as temáticas pensadas por mim não tinham precedentes”, acrescentou.

E o trabalho proposto por ele era exatamente sobre “visibilidade dos povos indígenas nas universidades”.

Fonte: EBC GERAL

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BRASIL

Pedro Paulo quer políticas para advogados com deficiência

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Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.

A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.

“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.

A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.

“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.

A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.

 

Fonte: ELEIÇÕES OAB MT

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