Com pouco mais de cem dias, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ser obrigado a enfrentar uma reforma ministerial às pressas para garantir a base no Congresso. Isso porque o União Brasil vai exigir a cadeira de Daniela Carneiro após a ministra do Turismo pedir a desfiliação.
Fontes próximas a Luciano Bivar, presidente do partido, garantem que ele já avisou que vai contra-atacar o movimento de pedido de desfiliação que cinco filiados, inclusive Daniela, tiveram nos últimos dias. Na visão das fontes ouvidas, não haverá negociação e nem aceite de cargos para o segundo escalão.
Bivar não quer apenas cargos para garantir o União Brasil no governo Lula, mas quer se vingar de Daniela ao tirá-la do ministério. É o que dizem pessoas próximas ao cacique, que teria ficado chateado e se sentido traído com a posição da mulher e também do marido dela, Waguinho.
Embora o União vá para a guerra contra a ministra, não será tão simples exigir a queda dela. Lula resistiu ao primeiro levante contra Daniela, quando ela foi ligada a milicianos. Agora, o presidente e seus aliados a consideram uma política fiel e que vem fazendo grande trabalho no Turismo, inclusive com apoios importantes, como de Marcelo Freixo (PT), atual presidente da Embratur.
Além disso, Daniela é aliada de primeira grandeza de Eduardo Paes e deve conseguir costurar que o prefeito do Rio interceda por ela. Na outra ponta está Arthur Lira (Progressistas), que está garantindo a governabilidade de Lula através do blocão e, inclusive, comemorou o racha interno no União.
A decisão deve sair apenas após a volta de Lula da China. Mas Bivar está decidido a exigir a cabeça de Daniela para entregar os votos que o PT precisa no Congresso. A guerra agora virou matemática. Vence quem conseguir maior estabilidade para Lula entre os parlamentares.