A Embaixada da Ucrânia na Santa Sé demonstrou insatisfação neste domingo (10) com a declaração do papa Francisco de que Kiev precisa ter “coragem de negociar” para não levar o país ao “suicídio” na guerra contra a Rússia.
Em publicação nas redes sociais, a sede diplomática ucraniana disse que é preciso aprender as “lições da Segunda Guerra”. “Na época, alguém falou seriamente em negociações de paz com Hitler e de bandeira branca para satisfazê-lo?”, questionou a embaixada.
A mensagem acrescentou ainda que, “se quisermos acabar a guerra, precisamos fazer de tudo para matar o Dragão”.
Já o presidente da Associação Cristã dos Ucranianos na Itália, Oles Horodetskyy, afirmou que as palavras do Papa são “chocantes, embaraçosas e profundamente ofensivas contra um povo que há mais de dois anos tenta sobreviver à terrível agressão russa”.
“Ao pedido de nos render ao carrasco do Kremlin, respondemos com resistência.
Jamais teríamos imaginado receber esse pedido do nosso Papa. Para um cristão, é inaceitável se render ao mal e ao pecado representados pela Rússia de Vladimir Putin”, destacou.
Em entrevista à emissora estatal suíça RSI, Francisco afirmou que os mais fortes são aqueles que têm “a coragem de levantar a bandeira branca e negociar”.
“Quando você vê que está em um conflito, que as coisas não caminham bem, é preciso ter a coragem de negociar. Você tem vergonha, mas vai esperar quantas mortes? Não tenham vergonha de negociar antes que a coisa piore”, acrescentou.
Na mesma entrevista, o pontífice esclareceu que uma negociação “nunca é uma rendição”, mas sim a “coragem para não levar o país ao suicídio”.
Questionada pela ANSA sobre o assunto, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou que as palavras do líder católico são voltadas ao “Ocidente” e que Moscou “nunca bloqueou as tratativas”.
“Qualquer especialista, político ou diplomata entende que a Ucrânia está em um beco sem saída”, salientou.
O Papa, por sua vez, ignorou a polêmica e renovou seu apelo pela paz no Angelus deste domingo, pedindo orações pela República Democrática do Congo, pela “martirizada” Ucrânia e pela Terra Santa.
“Que as hostilidades que causam enormes sofrimentos à população cessem o quanto antes”, cobrou.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.