A Ucrânia convocou o seu embaixador no Vaticano nesta segunda-feira (11), pedindo esclarecimento sobre as falas do Papa Francisco veiculadas no último sábado (9). O líder da Igreja Católica disse em uma entrevista acredita que ambas as partes do conflito envolvendo a Ucrânia e a Rússia deveria negociar “antes que as coisas piorem”.
Segundo a diplomacia ucraniana, Francisco teria “legalizado a lei do mais forte” e estava encorajando os russos a “continuar a ignorar o direito internacional”.
Entenda a fala
O comentário que vem sendo criticado pelo governo ucraniano e por outros países ocidentais, como a Alemanha, foi feito no início de fevereiro à rádio televisão suíça RTS, porém só foi divulgada no último sábado. Papa Francisco afirmou: “Acredito que são mais fortes aqueles que veem a situação, que pensam no povo, que têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar. A palavra “negociar” é uma palavra corajosa. Quando você vê que está derrotado, que as coisas não vão bem, precisa ter a coragem de negociar”.
Segundo o pontífice, “dá vergonha, mas com quantas mortes isso vai terminar? Hoje, por exemplo, na guerra da Ucrânia, há muitos que querem atuar como mediadores. A Turquia se ofereceu para isso. E outros. Não tenham vergonha de negociar antes que as coisas piorem.”
Desdobramento
A fala foi repreendida pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no domingo (10). Em sua conta no Twitter/X, o mandatário diz que a bandeira do país “é amarela e azul” e que “nunca levantaremos outras bandeiras”.
A resposta de Zelensky foi apoiada pelo governo alemão. A ministra das Relações Exteriores da Alemanha , Annalena Baerbock, disse em uma entrevista à emissora pública ARD, que não entendia a intervenção de Francisco. “Penso que algumas coisas só podem ser compreendidas se as vermos com os nossos próprios olhos”, e defendeu as tentativas de paz promovidas pela Ucrânia.
O Vaticano vem tentando corrigir as declarações de Francisco, especificando em um comunicado que a expressão “bandeira branca” se referia, neste caso, a “uma cessação das hostilidades, uma trégua alcançada com a coragem de negociar”, não se tratando de uma rendição.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.