A Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc) deu início na manhã desta segunda-feira (03.07) ao Encontro Estadual de Atendimento Intersetorial para a População de Rua. O evento segue até quarta-feira (05.07) e é realizado em conjunto com o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Estadual para a População em Situação de Rua de Mato Grosso (CIAMP-Rua/MT).
A secretária de Estado de Assistência Social e Cidadania, Grasi Bugalho, enfatizou a importância das parcerias, sejam elas com outras secretarias estaduais, com os municípios e principalmente, com o Governo Federal. Ela ainda afirmou que em qualquer construção de política pública tem que ser realizado desta forma, para que a rede possa funcionar.
“Se cada instituição entender a importância dela no contexto geral, a política funciona. O Estado de Mato Grosso tem esse compromisso com a sua população, por meio da Setasc, com o nosso plano de trabalho anual. Temos como exemplos da política estadual o Restaurante Prato Popular, que serve em média 600 refeições no almoço todos os dias e mais 200 refeições noturnas, que são entregues para a população em situação de rua, na capital. E também temos o Cofinanciamento Estadual, que em 2023, o repasse saiu de R$ 9 milhões para mais de R$ 28 milhões aos 141 municípios de Mato Grosso. Com esse recurso, os municípios podem utilizar naquilo que eles planejaram para a assistência social, incluindo a população em situação de rua da sua região”, declarou a secretária.
O CIAMP-Rua/MT, composto por representantes do poder público e de organizações da sociedade civil, tem como atribuições garantir a promoção e proteção dos direitos humanos, assim como exercer a orientação normativa e consultiva sobre direitos humanos das pessoas em situação de rua no Estado de Mato Grosso.
De acordo com a coordenadora do CIAMP-Rua/MT, Cristina Saito, o objetivo do encontro é fomentar a implantação dos comitês municipais para que as políticas públicas sejam acompanhadas em todo Mato Grosso.
“Queremos construir fluxos para o acompanhamento e monitoramento das políticas públicas de Mato Grosso, assim como, criar um espaço de discussão e aprimoramento da oferta do atendimento prestado à população em situação de rua, a fim de garantir a promoção e proteção de seus direitos”, declarou.
O representante do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Francisco das Chagas Santos do Nascimento, afirmou que o Governo Federal está em processo de reestruturação, e por isso, os diálogos institucionais irão garantir o fortalecimento das ações entre Governo Federal, Estados e municípios.
“É fundamental este espaço para que possamos avançar nesse processo, principalmente do envolvimento do público-alvo no processo de construção de políticas públicas. O Governo de Mato Grosso, pode contar conosco para que as políticas voltadas à população em situação de rua sejam implementadas e executadas no Estado”, disse.
Para o Coordenador Nacional do Movimento da População de Rua em Alagoas (AL) e Conselheiro Nacional de Assistência Social (CNAS), Rafael Machado, participar do encontro é um privilégio, pois o oportuniza contribuir e avaliar as políticas públicas, com o intuito de buscar melhores implementações de atendimento a este público.
“Além disso, é importante ver essa parceria do Governo de Mato Grosso em trazer essa discussão para melhor conhecimento de quem atua dentro dessas políticas públicas, visto que é um público heterogêneo e que precisa ter uma atenção específica. Além disso, é importante ter a presença da população de rua para eventos como este, com gestores, trabalhadores, usuários da política para que juntos possamos construir e consolidar essa política que a gente vem lutando para que se efetive e concretize no Brasil”, afirmou o coordenador Rafael.
Ele ainda enfatizou que o Governo de Mato Grosso, ao garantir a participação da população em situação de rua trazendo “vez e voz” na participação social, reconhece essa população como autora e protagonista da sua própria história. “Parabenizo a todos que estão engajados nesse evento, através do Comitê Estadual de Mato Grosso, o qual está proporcionando essa discussão intersetorial. Porque só assim, somando forças, iremos efetivar os direitos e as garantias desses indivíduos”, ressaltou.
Encontro Estadual de Atendimento Intersetorial para a População de Rua
A programação do Encontro Estadual de Atendimento Intersetorial para a População de Rua, nos primeiros dois dias, conta com a apresentação de sete painéis com as seguintes temáticas:
Diálogos sobre os CIAMP’s e contexto de luta da população em situação de rua para construção/efetivação de políticas públicas;
Implementação de políticas de direitos para a população em situação de rua;
A Política de Assistência Social e a População em Situação de rua;
A Política de Saúde para a População em situação de rua;
A Política de Segurança Pública e a sua interface com a População em Situação de Rua;
Políticas Públicas voltadas para a População em Situação de Rua;
Trabalho em Rede.
No terceiro dia, os participantes serão divididos em grupos com o objetivo de buscar estratégias para resoluções de problemas identificados, bem como, fomentar um espaço de discussão sobre o aprendizado adquirido nos dias anteriores e buscar estratégias para implementação dos CIAMP’s nos municípios e construção de fluxos.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.