A declaração final da cúpula de líderes do G20 condena o “uso da força” e as “conquistas territoriais” contra a “soberania de qualquer país”, mas não acusa diretamente a Rússia, que é membro do grupo, pela invasão à Ucrânia.
O texto foi um compromisso para impedir que a reunião de Nova Délhi, na Índia, terminasse sem um comunicado conjunto dos líderes, algo que já vinha ocorrendo em encontros de nível ministerial ao longo do ano.
Fontes disseram à ANSA que o modelo de redação foi proposto por África do Sul, Brasil, Índia e Indonésia e teve o aval do G7 e da China, “deixando a Rússia isolada e na posição de ter de aceitar”.
“A respeito da guerra na Ucrânia, reiteramos nossas posições nacionais e resoluções adotadas no Conselho de Segurança da ONU e na Assembleia Geral da ONU e salientamos que todos os Estados devem agir de maneira consistente com os propósitos e princípios da Carta da ONU em sua integridade”, diz a declaração final do G20.
“Em linha com a Carta da ONU, todos os Estados devem abster-se da ameaça de usar a força ou buscar ganho territorial contra a integridade territorial e a soberania ou a independência política de qualquer Estado. O uso ou ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível”, acrescenta o texto.
Além disso, os líderes destacam o “sofrimento humano e os impactos negativos da guerra na Ucrânia no que diz respeito à segurança alimentar e energética global, às cadeias de abastecimento, à estabilidade macrofinanceira, à inflação e ao crescimento, o que complicou o ambiente político, especialmente para os países em desenvolvimento e menos desenvolvidos, que ainda estão se recuperando da pandemia de Covid-19”.
Os líderes também pedem a restauração do acordo para a exportação de grãos ucranianos através do Mar Negro, rompido pela Rússia para pressionar o Ocidente a revogar sanções contra cereais e fertilizantes, e cobram o fim dos ataques contra infraestruturas ligadas à cadeia alimentar – Kiev acusa Moscou de bombardear depósitos de grãos.
O texto ainda dá as boas-vindas a todas as “iniciativas construtivas e relevantes que apoiem uma paz justa e duradoura na Ucrânia”, em respeito à Carta das Nações Unidas.
Meio ambiente
Na questão climática, os líderes se comprometem a “encorajar esforços para triplicar a capacidade global em energias renováveis” e a “acelerar as ações” para enfrentar o aquecimento global.
A declaração final também fala em aumentar os recursos para “alcançar a meta de temperatura do Acordo de Paris”, que busca limitar o aquecimento global neste século a 2ºC acima dos níveis pré-industriais, com esforços para ficar abaixo de 1,5ºC, mas “refletindo o princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada”, entre os países.
“Isso vai exigir ações efetivas e significativas por todos os países, levando em conta diferentes abordagens”, afirma o texto.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.