Além das confirmações o Cievs também traçou um perfil da população infectada com as enfermidades. Dos 886 casos de dengue, 448 foram registrados em indivíduos do sexo masculino, representando 49,28% do total de registros, enquanto 461 casos foram confirmados em indivíduos do sexo feminino, correspondendo a 50,72% do total. Os critérios adotados para a confirmação dos casos foram predominantemente laboratoriais, com 59,08% dos casos sendo confirmados por esse método. O critério clínico-epidemiológico foi utilizado para a confirmação de 40,26% das situações. O maior pico de registros foi em maio com 346 casos de dengue.

No caso da dengue, a faixa etária com maior índice de casos entre homens é de 21 a 30 anos com 104 confirmações; a mesma taxa, de 21 a 30 anos também corresponde ao maior número de casos entre as mulheres com 83 registros.

Já em relação à Chikungunya, a pesquisa revela que 613 (43,72%) dos pacientes são do sexo masculino e 789 (56,28%) do sexo feminino, indicando uma leve predominância de casos entre as mulheres na população afetada. Já os critérios de conclusão dos casos confirmados foram amplamente baseados em testes laboratoriais, com 95,86% dos casos sendo diagnosticados por este método. Apenas 3,99% dos casos foram concluídos com base em critérios clínico-epidemiológicos, refletindo um alto nível de confirmação laboratorial e, por conseguinte, uma maior precisão no diagnóstico. Para a Chikungunya, o maior pico de casos positivados também foi em maio com 784 registros.

Para a chikungunya, a faixa etária com maior índice de casos entre homens é de 11 a 20 anos com 116 confirmações; já entre as mulheres com idade entre 31 a 40 anos foi constatado o maior número de casos com 141 registros.

A enfermeira e coordenadora de Vigilância em Saúde, Taynná Vacaro, destaca a importância da vigilância contínua e do diagnóstico preciso para o controle da incidência de doenças febris como as arboviroses na região. Taynná explica que diferente de outras enfermidades, a chikungunya apresenta um desenvolvimento com duas fazes: uma fase aguda, logo da contaminação e uma fase crônica cujos sintomas podem se alastrar por até 90 dias ou mais. “Já tivemos relatos de pessoas que continuam com sintomas por 90 dias, alguéns até mais, isso inclui dor nas articulações, inchaço, dor no corpo”, detalha a enfermeira.

“O que precisa ficar claro à população que essa a chikungunya age de formas diferentes em cada corpo e cada um de nós reage também diferente: há pessoas que não sentem nada ou uma leve dor de cabeça, mal-estar, mas há quem sinta muita, muita dor”, salienta.

Por isso mesmo a recomendação é evitar a contaminação e para isso não há fórmulas milagrosas: é necessário eliminar criadouros do Aedes aegypti. Taynná pontua que hoje os principais problemas identificados pela equipe da Vigilância Sanitária são a água servida, aquela oriunda de esgoto doméstico ou empresarial e a sujeira nas bocas de lobo.

“Temos muitas empresas e casas em que a água servida é descartada diretamente na rua e esse descarte de água na sarjeta é o local perfeito para a proliferação do Aedes aegypti; outro ponto é a sujeira encontrada em bocas de lobo: também há grande proliferação de mosquitos e de demais animais peçonhentos”, diz.

Conforme a profissional há várias denúncias de piscinas com a água escura, “esverdeada”. “Nossa equipe vai a todos esses pontos de denúncia, mas felizmente não temos coletado amostras positivas em piscinas, a água às vezes está turva sim, mas o tratamento com cloro evita a proliferação dos mosquitos”, destaca.

“Então, nossos pontos mesmo são as bocas de lobo, a água servida e os quintais sujos”, reforça. “E precisamos nos adequar agora nesse momento de estiagem para enfrentar o período chuvoso”, destaca Taynná.

“Nunca havíamos passado por uma situação, uma epidemia de chikungunya como agora; em 2023, durante todo o ano foram apenas dois casos e agora, em menos de seis meses já estamos com 1.402 registros, é assustador, por mais que o pico de contaminação foi na 20.ª semana e hoje estamos na 32.ª semana com os números em queda, toda essa situação tem nos colocado em alerta contínuo”.

Índices elevados

Entre os pontos que levantam preocupação está o Assentamento Jonas Pinheiro com índice de infestação de 5,35% para o Aedes aegypti. Já o Verdes campos fechou o último ciclo em 3,67%; no Industrial Nova Prata o número ficou em 2,44%, todos índices acima da média. Independente da área – urbana ou rural – o índice aceitável pelo Ministério de Saúde é de até 1%.

Procura nas unidades de saúde

Hoje a grande procura por atendimentos na rede de saúde são relativos à sintomas de chikungunya como dor intensa e edemas nas articulações, dor nos olhos, dor nas costas, mancha vermelha pelo corpo e muita coceira. “A recomendação é que ao apresentar um desses sintomas a pessoa procure apoio clínico da saúde; é preciso lembrar ainda que muitos pacientes estão na fase crônica da doença e ainda precisam de cuidados clínicos”, alerta a enfermeira.

A indicação é procurar auxílio profissional nos PSFs e na UPA, locais em que são dadas as recomendações necessárias e solicitados os testes. Hoje o material para testagem é coletado no Laboratório Municipal, localizado no PSF Centro Sul e encaminhado ao Laboratório central (Lacen) em Cuiabá.

Cuidando de casa

A coordenadora do departamento de Vigilância em Saúde Ambiental, Claudete Damasceno, reforça que só há uma maneira de conter os números: cada um precisa cuidar do espaço onde vive ou trabalha.

Segundo ela, além da água servida, a quantidade de lixo encontrada nos quintais e relatada pela equipe de agentes de combate a endemias (ACEs) preocupa; são situações em que o acúmulo de lixo também esconde animais peçonhentos como cobras, ratos, aranhas, escorpiões, dentre outros.

“Nossa equipe orienta, pede que o morador elimine esses focos de lixo, mas há casos extremos, inclusive reincidentes em que precisamos comunicar o NIF (Núcleo Integrado de Fiscalização) para acompanhamento e multa”, detalha. Hoje, 47 agentes de combate a endemias atuam diretamente à campo.

“Nossas equipes passam e repassam e continuamos encontrando lixo e focos em situações que se repetem, com muita água servida nas sarjetas também, por isso estamos fazendo um apelo para a população nos auxiliar e fazer a sua parte”, reforça.

Denúncias

E para quem identificar situações com criadouros ou com suspeita, água servida descartada na rua, a recomendação é procurar a equipe técnica. Denúncias também podem ser realizadas via Ouvidoria pelo 150 ou ainda pelo aplicativo da Vigilância Sanitária via Unidade Sentinela que atende pelo número (66) 99600-1462.

Reveja algumas dicas da equipe para pôr em prática em casa e no trabalho:

✅ Retire os pratinhos nos vasos de plantas e faça furos nos vasos para vazar a água;

✅ Coloque terra ou areia até a borda nos vasos;

✅ Mantenha a caixa d’água fechada;

✅ Retire as embalagens plásticas ou celofane usados em flores e arranjos naturais e de plástico;

✅ Não deixe recipientes como copos, garrafas, embalagens ou sacos plásticos pelo quintal;

✅ Descarte o lixo somente em lugares adequados – essa dica vale para quando você estiver na rua também;

✅ Verifique a situação das calhas de sua residência;

✅ Use repelentes; cuide-se.

E para dar aquela mãozinha na limpeza do quintal, a Prefeitura oferta o serviço de coleta de resíduos sólidos – confira aqui o calendário; em que são recolhidos móveis e eletrodomésticos velhos e inservíveis; assim como restos da limpeza de jardins que incluem folhas e restos vegetais que podem servir como criadouro de insetos e animais peçonhentos, como a grama quando é cortada.