De acordo com uma avaliação da Secretaria do Regime Geral de Previdência Social do Ministério da Previdência Social, o saldo deficitário do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) , sistema público que atende aos trabalhadores do setor privado, deve mais que dobrar até 2060 e quadruplicar até 2100.
Conforme números do governo, o rombo previdenciário previsto para esse ano é de R$ 276,9 bilhões, ou seja, 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e a estimativa é que o resultado negativo chegará a R$ 3,3 trilhões (5,9% do PIB) em 2060, e R$ 25,22 trilhões (10,4% do PIB) em 2100.
A explicação dessa projeção está ligada à alta de gastos estimada para as próximas décadas, ou seja, com o futuro aumento da proporção de idosos no país , consequentemente, a despesa no pagamento de benefícios previdenciários também será maior , valendo da premissa ela não pode ser menor do que um salário mínimo.
Em entrevista ao portal G1, o economista do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e especialista em Previdência Social, Paulo Tafner, as projeções para o rombo previdenciário mostram que será necessária uma nova reforma da Previdência Social nos próximos anos.
“Eu imagino que esse governo segura [sem fazer uma nova reforma]. No limite, se não no próximo governo, em 2026, o eleito em 2030 vai ter de fazer isso. Pois o déficit vai começar a escalar, ou ele governa ou paga Previdência “, declarou Tafner, ao portal.
Segundo Tafner, apesar de a recente reforma de 2019, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, ter impedido rombos maiores nos últimos anos , ela está “inacabada”.
“Ficaram pendentes vários pontos, que pressionam a despesa e o déficit. Com um agravante, agora a gente vai começar a acelerar a percentagem de idosos na população. Vai piorar muito, por isso que cresce o déficit”, afirmou o especialista.
Entre os pontos enumerados pelo analista para a implementação no sistema previdenciário estão: igualdade da idade mínima de aposentadorias para homens e mulheres; aumento da idade mínima, para ambos os gêneros, para 67 anos; mudar a aposentadoria rural, com aumento da idade mínima (hoje, é de 55 anos para mulheres e 60 para homens); mudar as regras do BPC (Benefício de Prestação Continuada), que é assistencial, ou fixando uma idade mínima diferente (maior do que a regra previdenciária), ou mantendo a idade mínima igual à do INSS e reduzindo o valor do benefício (pagando abaixo do salário mínimo).