A rainha da Holanda, Máxima Zorreguieta Cerruti, encontrou-se, nesta quarta-feira (7), com estudantes do 5º ano do ensino fundamental e professores de uma escola pública, que participam, desde 2020, do Aprender Valor, programa de educação financeira do Banco Central (BC).
No pátio da escola, a rainha ouviu depoimentos de crianças sobre como elas e a família gastam e poupam recursos, com base no que aprenderam em sala de aula. Máxima participou também de uma sessão de perguntas e respostas, em que os estudantes questionaram como a educação financeira pode protegê-los contra dificuldades e possibilitar investimentos no futuro.
Em resposta, a rainha falou sobre o papel dos estudantes como agentes multiplicadores de conhecimentos sobre finanças. Ela destacou que o dinheiro poupado permite realizar desejos de compras, ter crédito e oferece segurança, em caso de imprevistos.
“O maior desafio de todos é convencer vocês, que são o futuro, a ter essa inclusão financeira e poupar. Porque, quando você tem a inclusão financeira, as compras acabam sendo fáceis. Mas é muito importante você guardar dinheiro para o futuro para poder, realmente, seguir os sonhos no longo prazo”, disse Máxima.
Em 2020, o Aprender Valor começou como projeto piloto em seis estados e em menos de 500 escolas convidadas. Atualmente, participam do programa quase 23 mil escolas, distribuídas em mais de 3 mil municípios de todos os estados, mais o Distrito Federal. São escolas públicas rurais, urbanas, indígenas e quilombolas.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, acompanhou a visita da rainha à escola de Brasília. Campos Neto detalhou como o Aprender Valor vem sendo aplicado. “Buscamos estimular crianças e jovens a refletir sobre suas prioridades e planejar seu futuro, no curto, médio e longo prazos, além de tomar decisões conscientes, compreendendo os benefícios do hábito de poupar e os prós e contras do uso do crédito.”
Escolas da rede municipal e estadual de ensino que desejam aderir ao programa podem consultar online os procedimentos para cadastro na plataforma digital.
Democratização bancária
Na manhã de hoje, a rainha da Holanda participou também de reuniões na sede do Banco Central, em Brasília, para conhecer outras iniciativas brasileiras de inclusão financeira, como o sistema de pagamentos instantâneos PIX e o open finance (compartilhamento autorizado de dados entre instituições financeiras).
Brasileiros
Dados do World Bank Findex Reports 2021 sobre o Brasil, divulgados pela Secretaria-Geral de Financiamento Inclusivo para o Desenvolvimento/ONU mostraram que, em 2021, 84% dos adultos tinham conta bancária. Se se separar por gênero, naquele ano, 87% dos homens e 81% das mulheres tinham conta bancária no Brasil.
Entre os adultos, 46,2% tinham poupança. Destes, 25,4% mantinham poupança por meio de conta formal e 6,2% usaram uma modalidade semiformal, como grupos de poupança ou conta de pessoa de fora da família.
Fora do sistema bancário, havia 27 milhões de adultos e 58,8% relataram pedir empréstimos. Destes, 41,3% fizeram empréstimos formalmente e 24,7% pediram dinheiro emprestado a familiares ou amigos.
O uso de meios digitais de pagamento aumentou para 76,5% dos adultos em 2021 – em 2017, o total era de 57,9%.
As contas em plataformas de dinheiro móvel (mobile money) saltaram de 4,8% (2017) para 27% em 2021. Em geral, os usuários de tais contas têm acesso a celular, mas não têm conta bancária;
Outra pesquisa apresentada pela secretaria da ONU foi sobre o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB – 2022), elaborada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com apoio técnico do BC, que indicou nível relativamente baixo de saúde financeira dos brasileiros, o que sugere que os adultos costumam ter problemas para administrar as despesas do dia a dia; não conseguem poupar para metas de longo prazo; têm resiliência financeira limitada e que falta confiança financeira com relação ao futuro.
A pesquisa da Febraban mostra que, em 2022, 34,2% dos entrevistados gastavam mais do que ganhavam; apenas 19,8% conseguiriam arcar uma despesa grande e inesperada; e 56,4% afirmaram que as finanças são motivos de estresse na vida familiar.
Recomendações
Diante de tais dados, a secretaria da ONU propõe que gestores públicos formulem políticas que priorizem a saúde financeira nacional; provedores de serviços financeiros incentivem inovações para melhorar a saúde monetária dos clientes, detectar sinais de alerta e oferecer apoio aos clientes ante desafios relacionados a dinheiro e promovam a concorrência e a inovação para um ecossistema financeiro digital responsável e uma infraestrutura que beneficie a todos, com aumento do alcance e qualidade dos serviços financeiros.