O governador de Zulia e ex-presidenciável Manuel Rosales foi a escolha final da oposição para enfrentar Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas, que acontecerão no dia 28 de julho.
Rosales não era a primeira opção dos opositores de Maduro para a corrida presidencial, tanto que não participou das primárias. Entretanto, o fato da candidata Corina Yoris não ter se inscrito para as eleições presidenciais no país em substituição da desqualificada María Corina Machado, ganhadora das primárias, abriu margem para que o Un Nuevo Tiempo (UNT) inscrevesse seu líder de última hora.
Após sua candidatura ser anunciada pelo partido, durante coletiva de imprensa, Rosales chamou a população venezuelana para participar do processo eleitoral.
“Para a Venezuela, temos que votar e é por isso que estou aqui, porque vou anunciar à Venezuela e ao mundo que vou liderar a maior rebelião de votos que já existiu na História”, disse Rosales na sede do partido Um Novo Tempo (UNT) em Caracas. “Houve muitos obstáculos, dificuldades nesse caminho tortuoso, mas não há outra alternativa, é somente através da via eleitoral, do poder que cada venezuelano tem de votar que podemos mudar isso.”
A nomeação do governador de Zulia não parece ter sido do agrado de todos os membros da oposição. No mesmo dia do anúncio, em outro evento, María Corina Machado – a principal líder opositora que foi impedida de concorrer – falou em aprender com as “traições” e que o regime “escolheu seus candidatos”.
Rosales foi anunciado como candidato no último minuto, na segunda-feira (25), após a principal aliança de oposição ter sido impedida de registrar sua candidata. Corina Yoris, plano B da oposição, foi indicada pela Plataforma Unitária como substituta de María Corina, favorita nas pesquisas, na última sexta-feira (22).
O partido de Rosales, Um Novo Tempo (UNT), no entanto, conseguiu inscrever o candidato na noite de segunda-feira. Alguns especulam que o registrou aconteceu diretamente no Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo, e não pela internet.
“Por circunstâncias ainda não explicadas, as forças de oposição estavam a caminho de ficar de fora da corrida eleitoral e algo que temos sido claros e firmes é que a abstenção não é uma opção”, justificou em nota, o partido Um Novo Tempo (UNT). “Como um partido comprometido com a via eleitoral, mesmo nas piores condições, tomamos uma decisão corajosa, histórica e responsável.”
Rosales, de 71 anos, se candidatou à presidência em 2006, em oposição ao ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013. Ele perdeu por milhões de votos.
“A partir deste momento, estamos nos preparando para conciliar a alternativa democrática para sairmos o mais unidos possível para percorrer as ruas e cidades da Venezuela. Rosales, fundador do nosso partido, tem sido um homem de diálogo que promove a união de todos. Em 2021, ele reuniu a oposição em Zulia e, juntos, derrotamos de forma esmagadora o partido governista”, lembrou a UNT sobre a trajetória de Rosales.
A aprovação de Rosales pela principal líder opositora de Maduro era considerada essencial, uma vez que María Corina conquistou mais de 90% dos votos nas primárias – das quais Rosales não participou – em outubro do ano passado. Em entrevista nesta terça, no entanto, ela se recusou a falar sobre a nomeação.
“Minha candidata é Corina Yoris”, disse María Corina, ponderando: “jamais os abandonarei. Essa luta continua. O regime mais uma vez se equivocou. A verdadeira oposição está mais unida do que nunca. A comunidade internacional já não tem desculpas. Isso é muito grotesco.”
Em seu discurso, Rosales negou que estava como substituto de qualquer outra candidatura.
“Não venho substituir ninguém, venho de braços abertos para reconstruir a Venezuela”, disse o governador que, no início de março, garantiu em uma entrevista à Unión Radio que a única candidata da oposição era María Corina Machado. “Tive que decidir entre deixar o campo apenas para Maduro e me abster ou dar uma chance à Venezuela. Tenho certeza de que tenho o apoio dos venezuelanos. Cada partido fará seus anúncios e definirá sua posição, não posso falar pelos outros.”
De governador ao exílio
Rosales, de 71 anos, é uma das apostas da oposição venezuelana para enfrentar o regime de Maduro. Ele, que já foi candidato a presidente, enfrentou Hugo Chávez e também já foi preso. Além disso, foi deputado nacional por Zulia, prefeito de Maracaibo e duas vezes governador de Zulia, estado petroleiro localizado no oeste da Venezuela e fronteira com a Colômbia.
Rosales foi um dos signatários do “Decreto Carmona” em 2002, o qual visava instituir um governo de transição após o golpe de estado de 11 de abril. Esse golpe resultou na breve expulsão do presidente Hugo Chávez do poder por 47 horas, durante as quais Pedro Carmona foi nomeado presidente.
Chávez voltou ao poder apenas dois dias depois. Em 2006, Rosales disse que foi um “erro” de “boa fé” ter assinado o decreto.
Mais tarde, ainda em 2006, Manuel Rosales se candidatou à presidência contra Chávez. Ele foi derrotado com 36,9% dos votos contra 62,82% do presidente.
Em 2008, Manuel Rosales foi acusado de enriquecimento ilícito na sequência de um relatório apresentado pela Controladoria-Geral da República e formalmente acusado pelo Ministério Público em 2009. Rosales afirmou ser inocente e vítima de perseguição política.
Em abril de 2009 foi solicitada sua captura, que não aconteceu devido sua saída do país para se exilar no Peru.
Ele voltou à Venezuela em 2015, mesmo com a existência de um mandado de prisão contra ele. Chegando ao país, Rosales foi capturado e detido, mas foi libertado no ano seguinte, em 2016, depois de ter estado em prisão domicilar.
O seu caso nunca foi a julgamento. Em 2017, o Supremo Tribunal de Justiça suspendeu, com uma medida cautelar, a desqualificação contra ele imposta em 2014, condenando a violação dos direitos de processo e defesa.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.