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Quem é Isaquias Queiroz, porta-bandeira do Brasil na Olimpíada que superou perda de rim

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Henrique Neri
Quem é Isaquias Queiroz, porta-bandeira do Brasil na Olimpíada que superou perda de rim

Isaquias Queiroz não sabe o que é participar de uma Olimpíada sem ser medalhista. Mais do que isso, nas duas vezes dos que ele participou dos Jogos, a média é de duas medalhas por edição. Isso graças ao fato de ser o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas em uma única competição, no Rio-2016, com duas pratas e um bronze. Em Tóquio, em 2021, veio mais uma, desta vez, ouro. Aos 30 anos, a expectativa é de, pelo menos, manter a média em Paris-2024.

Antes das conquistas olímpicas, porém, Isaquias já tinha feitos inéditos, como ser o primeiro brasileiro a conquistar o Campeonato Mundial Júnior de Canoagem Velocidade, em 2011. No mesmo ano, venceu a prova olímpica do C1 200 metros e a não olímpica do C1 500m (ambas individuais).

Dois anos depois, o atleta deixou o interior da Bahia em direção ao Rio de Janeiro para dedicar-se ainda mais aos treinos. Além de lidar com a mudança, Isaquias precisou digerir a frustração de não ter sido convocado para o Pan-Americano de Guadalajara-2011. Depois disso, porém, foi campeão mundial na Alemanha, em 2013.

A sequência de sentimentos estourou em um desabafo publicado por Isaquias nas redes sociais ainda naquele ano. No texto, ele lamentava não ter recebido gratificação em dinheiro após o título mundial e que pensava em largar o esporte. “Estou pensando seriamente em abandonar a canoagem. Já não aguento mais apresentar bons resultados e não ter mudanças significativas em minha vida”, escreveu na época. Após a postagem, a Confederação Brasileira de Canoagem reconheceu que poderia fazer aprimoramentos, mas reiterou que não havia prometido prêmios a atletas.

Como se sabe, Isaquias continuou. Ainda antes dos Jogos do Rio-2016, em 2014, ele venceu o Prêmio Brasil Olímpico, concedido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) a um atleta destaque. O canoísta também foi escolhido em 2016 e 2017. No ano seguinte, veio um baque. O treinador Jesus Morlán morreu em 2018, vítima de um câncer no cérebro, aos 52 anos. Havia sido ele um dos incentivadores de Isaquias quando o atleta pensou em desistir. O ouro em Tóquio foi dedicado a Morlán. Hoje o brasileiro é treinado pelo comandante da seleção brasileira, Lauro de Souza Júnior.

NASCIDO NO INTERIOR DA BAHIA, PERDEU O PAI E FICOU SEM UM RIM

Dona Dilma criou nove crianças na cidade de Ubaitaba, a quase 375km de Salvador. Desde 1996, quando o pai de Isaquias morreu, a tarefa da matriarca foi solitária. E com mais desafios além da solidão.

Com três anos, Isaquias sofreu um acidente em casa e se queimou com água fervente. Foi internado, não teve bom prognóstico, mas conseguiu superar. Outro susto foi quando o filho de Dilma foi tomado por uma conhecida da mãe, com intenção de vendê-lo. Ele tinha cinco anos. O resgate foi feito por Dilma, com ajuda de amigos, no mesmo dia.

Isaquias, aos 10 anos, teve um novo baque. Uma queda de uma árvore danificou o rim esquerdo. O órgão teve de ser removido. Até hoje, o brasileiro precisa estar atento à hidratação.

Os problemas que Isaquias encarou não o colocaram num lugar de desastre. Ubaitaba, chamada de Dubai por ele e amigos, foi onde viveu boa parte de sua vida e desenvolveu laços e costumes, como frequentar os paredões, festas com sons enormes, normalmente atrás de veículos. A cidade baiana é polo do arrocha, gênero musical xodó de Isaquias.

SEBASTIAN, NO NOME DO FILHO, É EM HOMENAGEM A RIVAL ALEMÃO

Em 2017, o canoísta virou pai, com o nascimento de Sebastian. O nome é uma homenagem a um ídolo do brasileiro, e também adversário. Em agosto daquele ano, quando o filho nasceu, Isaquias estava na República Checa para disputar o Mundial. Acompanhou o parto em uma chamada de vídeo. No dia seguinte, ficou com o bronze na prova C1 1000m. O vencedor foi o alemão Sebastian Brendel, bicampeão olímpico, em Londres-2012 e no Rio-2016.

Brendel estará em Paris, aos 36 anos. Além dele, Isaquias também terá como fortes adversários o checo Martin Fuksa, o romeno Catalin Chirila e o polonês Wiktor Glazuno, atual líder do ranking mundial do C1 1000m. O brasileiro é 11º.

O momento de Isaquias é favorável. Foram duas medalhas de ouro na etapa da Hungria da Copa do Mundo, no C1 500m (que não faz parte dos Jogos) e no C1 1000m. Na disputa do C2 500m, Isaquias Queiroz e Jacky Godmann terão pela frente as duplas de Itália, Polônia, Alemanha, China, Espanha e Hungria.

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Fonte: Nacional

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