Levantamento realizado pelo instituto Oi Futuro constatou que a maioria dos empreendedores que participaram da primeira edição do programa MOVE_MT, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) em parceria com o instituto Oi Futuro, obteve retornos positivos. A iniciativa promove a aceleração de negócios criativos de Mato Grosso por meio de uma jornada de seis meses de duração, com capacitações e mentorias.
“Esse resultado mostra que o Governo de Mato Grosso está no caminho certo em dar suporte para que o setor cultural tenha negócios rentáveis e sustentáveis. O MOVE_MT faz parte de uma política pública que visa fortalecer as cadeias produtivas da cultura de forma a fomentar o potencial dos negócios criativos no Estado”, avaliou a superintendente de Desenvolvimento da Economia Criativa da Secel, Keiko Okamura.
Respondida por 15 projetos que concluíram o ciclo de aceleração do MOVE_MT 1, a pesquisa mostrou que 86% deles aumentaram sua base de clientes ou beneficiários atendidos. Para 85% houve, ainda, aumento nos faturamentos semestrais, quando comparado o primeiro semestre de 2023 (pós-MOVE_MT) com os primeiros seis meses de 2021 (pré-MOVE_MT). E 85% destacaram que o projeto teve impacto muito grande em suas autopercepções como empreendedores.
Uma das iniciativas contempladas na primeira edição do MOVE_MT foi o coletivo MT Queer e, segundo seu idealizador, Elton Martins, o programa mudou a realidade do coletivo, que é o maior grupo LGBTQI+ do Centro-Oeste.
“No início, a ideia era saber como potencializar um coletivo LGBTQI+ em Mato Grosso. Mas durante o processo entendemos como transformar nosso coletivo em negócio e hoje o MT Queer é uma produtora de conteúdo. Além da sede em Cuiabá, atuamos em Chapada dos Guimarães, Várzea Grande, e em mais um núcleo na Capital. Hoje nosso canal tem um tráfego mensal de 500 mil acessos, o maior do YouTube no segmento LGBTQI+”, contou Elton.
De acordo com a gerente de programas e projetos do instituto Oi Futuro, Carla Uller, o crescimento das iniciativas do MOVE está muito relacionado à mudança de percepção provocada pelo programa.
“Muitos deles entram como artistas e saem percebendo-se como empreendedores criativos. Ao longo dos 6 meses de aceleração, vão amadurecendo sua visão empreendedora, desenvolvendo habilidades de gestão, aprendendo, por exemplo, como precificar, fazer a gestão financeira, organizar processos, posicionar suas organizações, etc. Saem mais preparados para encarar o mercado e prosperar”, explica Carla Uller.
O ciclo de aceleração do MOVE_MT 1 contou com mais de 1.900 horas de formação ao longo de seis meses, entre os anos de 2021 e 2022. Na época, os cinco projetos mais bem-avaliadas ao fim do ciclo também dividiram um prêmio de R$257 mil para impulsionarem seus negócios em Mato Grosso.
Os negócios criativos premiados na primeira edição foram a gravadora Sumac Records, a produtora audiovisual Cadju Filmes, a doceria Delícias da Rozi, o brechó Encontrei Lá Brechó e a “Artgi Empreendimento Sustentável”, especializada na produção de artigos em madeira.
MOVE_MT segunda edição
Em 2024, a segunda edição do MOVE_MT chega ao fim agora em março, quando as cinco iniciativas mais bem-avaliadas no novo ciclo de aceleração do programa participam, desta segunda (18.03) a quinta-feira (21), de um intercâmbio no Lab Oi Futuro, no Rio de Janeiro.
Durante o intercâmbio, os integrantes dos negócios criativos de Mato Grosso farão uma imersão no ecossistema da economia criativa da cidade, com compartilhamento de experiências, mentorias individuais e palestras sobre empreendedorismo e estratégia de conteúdo.
Os projetos premiados na segunda edição do MOVE_MT e que participam do intercâmbio no Rio de Janeiro são:
Cidadão Oddly: a organização está sendo criada pela produtora independente de eventos LGBTQIA+ Oddly, de Cuiabá, para atuar na capacitação de pessoas trans e travestis para sua inserção no mercado de trabalho.
Hip Hop Atemporal: o projeto difunde a cultura hip hop entre jovens periféricos de escolas da região metropolitana de Cuiabá. Os cinco elementos do hip hop (break, MC, grafite, DJ) são levados por meio de oficinas associadas ao currículo escolar.
Pé de Folclore – Cáceres, rios e lendas: iniciativa que visa manter e valorizar as manifestações culturais populares na região, como Siriri, Cururu e Festas de Santo, por meio de oficinas infantis de artes cênicas, dança e música no município de Cáceres.
Quariterê: produtora audiovisual preocupada com equidade de gênero em funções e com visão pautada pela igualdade racial. Seu objetivo é desenvolver produções culturais e artísticas e participar do desenvolvimento de políticas afirmativas no mercado audiovisual.
Tece Arte: coletivo de 55 mulheres rendeiras que produzem peças artesanais únicas com base nos aprendizados ancestrais da etnia Guaná.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.