Os turcos têm um histórico de terremotos devastadores, o que pode ser explicado pelo fato de o território estar localizado no encontro de três placas tectônicas, que se movimentam constantemente e, quando se chocam, causam os tremores.
Conforme Luiz Gustavo Rodrigues Pinto, geofísico e chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica (DISEGE) do Serviço Geológico do Brasil, além de a região ser localizada sobre falhas geológicas, alguns fatores também contribuíram para tamanha devastação causada pelos tremores:
A magnitude foi de 7,8 graus na escala Richter, o que é considerado um número alto;
O epicentro do terremoto ocorreu a uma baixa profundidade, de 15 km a 18 km da superfície;
Os tremores aconteceram às 4h da manhã do horário local, ou seja, as pessoas estavam dormindo e não conseguiram reagir a tempo de sair das edificações;
As construções provavelmente não estavam seguindo as regras mais rígidas para evitar esse tipo de dano;
O solo do país é mais propício para amplificar o terremoto.
Outro fator também considerado pelo especialista é a possível ausência de um ensino voltado para terremotos, já que o local é propenso a esse tipo de fenômeno. “Talvez estivesse faltando uma lembrança na memória da população, dos últimos sismos que aconteceram lá e como proceder. Um terremoto de grande proporção pode ocorrer a cada 20, 30, 40 ou 50 anos, então, muitas vezes, uma geração não passou por essa experiência e acaba negligenciando as ações a serem adotadas”, afirma.
Além do tremor principal, que foi registrado em 6 de fevereiro , a Turquia também enfrentou outros em menor escala, que são chamados de réplicas — algo comum de acontecer. O último abalo, de 5,2 graus, foi na semana passada, no dia 27 de fevereiro . “Ao longo do tempo, a energia vai se acumulando nas ‘cicatrizes’ das placas tectônicas e chega um momento que ela é liberada instantaneamente, o que desestabiliza todo esse sistema de placas. Então, ao longo das semanas, outros eventos de menor magnitude acabam ocorrendo próximos a esse local onde foi o principal”, afirma Rodrigues.
Geralmente, tremores com magnitude até 4 ou 5 na escala Richter são sentidos pelas pessoas, mas não costumam causar destruição, explica o especialista. Já os de magnitude acima de 5 e 6, começam a causar danos em casas, como trincos em paredes e outros objetos. A partir do 6,5, os estragos são maiores, principalmente caso as edificações não tenham sido construídas com as normas adequadas. “A escala de magnitude não é linear. O grau 7, por exemplo, é 300 vezes mais forte que o 6”, ressalta.
Há risco de mais terremotos na região?
De acordo com o chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica do Serviço Geológico do Brasil, não há como prever exatamente quando o próximo terremoto vai acontecer, mas, com base no monitoramento de tremores passados, é possível estimar a frequência que futuros eventos possam ocorrer.
“Como já faz mais de um mês do principal, muito provavelmente um novo evento não vai ser a réplica do primeiro, provocado pelo acúmulo de tensão ao longo dos anos”, afirma. “Estudos dizem que em Istambul, na Turquia , mais a oeste da placa, pode ocorrer um sismo a qualquer instante e de uma magnitude alta. Aquela região é propícia a ter eventos de terremoto, assim como outras áreas do mundo, como o Japão, a região dos Andes, a Itália e a região da antiga União Soviética.”
O Japão , conforme o especialista, é um bom exemplo de como um país que já tenha histórico de abalos sísmicos pode se preparar para evitar grandes danos. “As edificações dos últimos 30 anos do país são preparadas para suportar terremotos de grandes magnitudes, com sistemas que amortecem a passagem da onda sísmica e evitam que o prédio se rompa”, aponta.
“O Japão também tem um sistema de educação para ensinar a população sobre como proceder em caso de sismos”, afirma, acrescentando que os órgãos governamentais também devem saber como agir, além de fiscalizar e atualizar constantemente as normas de segurança.
Como prevenir desastres?
O sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), explica que alguns países têm regras que devem ser seguidas em construções a fim de evitar esse tipo de desastre, mas que é algo “muito caro” a ser feito. “Quem tem essas normas são países mais desenvolvidos, como o Japão. No caso da Turquia, é difícil dizer o que deve ser feito ou não”, afirma.
De acordo com Collaço, também existem alguns sistemas de alerta — que seria uma opção mais barata — que, a partir do primeiro tremor , conseguem avisar as pessoas que estiverem a um raio de 50 km a 100 km, para que elas tenham de 30 segundos a um minuto para reagir e tentar salvar vidas.
Em caso de terremoto, o sismólogo explica que a pessoa deve procurar se abrigar e sair de construções . “Não é o terremoto que mata, mas o que a queda das construções causa. O ideal é sair de prédios e casas e procurar algum lugar aberto, o mais longe possível de construções. Caso não seja possível sair, o morador deve ficar embaixo de um batente de porta, de uma mesa resistente ou algo do tipo.”
As autoridades informaram que, ainda neste mês, vão começar a construção de 200 mil novas casas, e o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, prometeu a reconstrução completa em até um ano. Críticos, porém, alertaram que levantar prédios rapidamente pode fazer com que a segurança sísmica dos edifícios seja negligenciada mais uma vez.
O engenheiro Pedro Henrique Cerento de Lyra, coordenador do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), explica que, embora o gasto seja maior, é possível construir edifícios em um tempo menor. “Com as técnicas que temos hoje, é possível fazer construções rapidamente e resistentes ao sismo. Elas podem ter algumas limitações, como de altura do pavimento e outras restrições, mas é viável.”
O engenheiro ressalta que qualquer obra tem a probabilidade de cair após um evento como um terremoto, mas as normas de segurança conseguem dimensionar e diminuir esse risco.
No total, quase dois milhões de pessoas precisaram abandonar suas casas por terem sido demolidas ou ficado danificadas após os tremores . Conforme o Ministério do Interior da Turquia, muitas delas estão vivendo em tendas, casas pré-fabricadas, hotéis, abrigos e instituições públicas.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.