A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) condenou um teor racista na postura de determinadas fabricantes de pomadas para trançar e modelar os cabelos, em reunião do último dia 17 .
Esse tipo de produto está com a venda proibida no Brasil desde o início de fevereiro , após uma investigação identificar efeitos colaterais indesejados associados ao uso das substâncias, como ardência nos olhos e cegueira temporária.
Em comunicado divulgado nessa terça-feira (28), a Anvisa afirma que alguns representantes dessas marcas suspensas alegaram que os efeitos seriam “restritos ao uso para trançar cabelos e a suposta prática dos usuários de não lavar os cabelos trançados por diversos dias”. “Tais declarações levantaram questionamentos sobre eventual aspecto discriminatório e racista contido em tais falas”, informou a agência.
Segundo o órgão, não há dados que relacionem os efeitos colaterais a uma forma específica de uso e diversas causas fazem parte da investigação, como a formulação dos produtos e “eventuais impurezas”.
“Portanto, não há alegações técnicas de que os eventos adversos graves estejam relacionados ao uso por pessoas negras e mais especificamente à prática de trançar cabelos”, ressaltou.
A Anvisa também destacou que “refuta e abomina qualquer forma de discriminação, em especial o racismo . Como instituição pública, a Agência está comprometida com a proteção e a promoção da saúde da população, considerando o acolhimento das diversidades de povos, etnias e culturas que compõem o Brasil”.
A agência ainda acrescentou dizendo que alguns representantes sugeriram proibir o uso das pomadas somente para trançar cabelos , mas liberá-las para outras finalidades. Segundo a Anvisa, a investigação continua para identificar os efeitos adversos e “permitir que os produtos voltem ao mercado assim que houver garantia de segurança para todos os consumidores e consumidoras”.
A interdição é temporária e ficará vigente até que sejam realizados testes, análises e outras providências possíveis para concluir a investigação sobre caso de intoxicações, informou a agência.
A decisão foi adotada pelo colegiado como forma de prevenir novos casos de intoxicação relacionados ao uso desse tipo de produto de várias marcas, em diferentes regiões do país.
Entre os efeitos adversos observados estão a perda temporária da visão, forte ardência nos olhos, lacrimejamento intenso, coceira, vermelhidão e inchaço dos olhos, dores de cabeça e queda intensa de cabelo.
Segundo as informações disponíveis, as ocorrências se deram, principalmente, depois que os usuários que aplicaram as pomadas mergulharam no mar, piscina, tomam banho de chuva, ou transpiram. Isso porque a pomada escorre pelo rosto e entra em contato com os olhos.