O governo da Polônia anunciou que vai interromper o fornecimento de ajudas militares à Ucrânia para poder armar seu próprio Exército.
A suspensão chega após Kiev ter protestado contra a decisão de Varsóvia de proibir a venda de grãos ucranianos, que passaram a inundar a Polônia após o rompimento pela Rússia do acordo de exportação de cereais através do Mar Negro.
“A Ucrânia está se defendendo de um brutal ataque por parte da Rússia, e entendo essa situação. Mas, como eu disse, vamos defender nosso país. Não transferiremos mais armas à Ucrânia porque agora estamos armando a Polônia”, disse o premiê Mateusz Morawiecki, que vinha sendo um dos apoiadores mais resolutos de Kiev no conflito contra Moscou.
As relações entre Ucrânia e Polônia vêm se deteriorando há várias semanas por causa do embargo aos grãos. A gestão Morawiecki quer manter os cereais ucranianos fora de suas fronteiras para proteger os agricultores do país, que constituem uma importante base eleitoral para o governo.
O país irá às urnas para eleições parlamentares em 15 de outubro, e as pesquisas mostram uma redução do apoio ao partido de extrema direita Lei e Justiça (PiS), que comanda o país desde 2015.
Eslováquia e Hungria adotaram medidas análogas contra os grãos ucranianos, mas a primeira anunciou um acordo com Kiev nesta quinta-feira (21) para criar um sistema de licenças comerciais para os cereais, o que permitirá a revogação do veto ainda neste ano.
A decisão da Polônia de não fornecer mais armas pode representar um duro golpe na contraofensiva ucraniana, que registra avanços apenas modestos. No entanto, Varsóvia garantiu que vai fornecer as ajudas militares já combinadas com Kiev.