Durante audiência pública da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), realizada em junho deste ano, o piloto Luís Cláudio de Almeida acusou a Voepass de fazer pressão para que pilotos trabalhassem fora da escala de trabalho e em seus dias de folga , o que causaria fadiga e aumentaria o risco de acidentes. “Não queremos entrar nessa estatística” , disse o piloto.
Segundo Almeira, a companhia aérea chegava a ligar para ele durante seu período de descanso. “A empresa, às vezes, me liga para fazer um voo: ‘Vai, vai que dá’” . Almeida diz que recusava, porque na escala “diz que não é para ir” , mas a empresa insistia: “vai, vai, vai que dá” .
“Às vezes, quando você acorda, tem oito ligações da escala, quando você está de folga. Eu estava de folga e precisei desligar meu celular” , relatou Almeida.
Ele diz ainda que, além do excesso de trabalho, os pilotos muitos vezes não recebem alimentação adequada durante os voos e não têm condução para realizar o deslocamento até o aeroporto, o que aumenta o desgaste e o tempo dedicado ao trabalho. Para o piloto, esse tipo de atitude pode aumentar o risco de acidentes aéreos.
“Eu não quero que vocês liguem aí um jornal, um celular, ou vejam no YouTube, desastres aéreos. Não queremos entrar nessa estatística” , afirmou durante a audiência, que discutia mudanças no RBAC (Regulamento Brasileiro da Aviação Civil) 117. O processo busca alterar requisitos relativos ao gerenciamento do risco de fadiga de tripulantes. Ele entrou em consulta pública em 11 de junho e segue em discussão.
A principal hipótese para a queda do avião em Vinhedo, porém, não envolve diretamente a fadiga do piloto, e sim as condições climáticas. Segundo especialistas, a perda de sustentação da aeronave pode estar associada à formação de gelo nas asas do avião. No entanto, ainda é preciso aguardar a conclusão das investigações e a análise da caixa-preta para uma avaliação mais concreta.