Ex-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB) está ensaiando uma volta à política após quase seis anos afastado depois de ter sido preso sob a acusação de receber propina de R$ 39 milhões, no âmbito da Operação Lava-Jato, em 2018. Candidato à prefeitura de Piraí (RJ), no Vale do Paraíba Fluminense, para as eleições municipais de 2024, Pezão precisa, no entanto, vencer batalhas judiciais para manter a possibilidade de voltar ao Executivo.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu, no dia 20 de agosto, o indeferimento do registro de candidatura de Pezão por entender que o candidato a prefeito pelo MDB está “com seus direitos políticos suspensos, em razão de uma condenação por improbidade administrativa que transitou em julgado em 2022” .
Em outra frente, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu um relatório, anexado ao processo de registro da candidatura de Pezão, em que lista seis processos eleitorais de 2014, julgados entre 2015 e 2019, que podem representar, segundo o MP, “potencial óbice à candidatura” . O relatório servirá de subsídio para o julgamento da Justiça Eleitoral.
Em nota, a equipe de Pezão diz que a Justiça está analisando os recursos apresentados pela defesa do candidato e que “aguarda com tranquilidade o resultado da análise pelo TJRJ e a confirmação da sua candidatura pela Justiça Eleitoral, uma vez que outros processos da mesma natureza tiveram resultado favorável a ele, tendo suas sentenças anuladas” .
O ex-governador fluminense começou a carreira política em Piraí , no ano de 1982. Foi vereador de sua cidade natal por duas legislaturas e, depois, prefeito também por dois mandatos. Em 2006, foi eleito vice-governador do Estado junto ao correligionário Sérgio Cabral. Em 2010, a chapa foi reeleita para o cargo. Quatro anos depois, Pezão assumiu o comando do Rio de Janeiro após Cabral renunciar ao posto.
Ainda em 2014, Pezão foi eleito como governador do Estado, mas teve de se afastar do cargo no final do mandato devido aos avanços da Operação Boca de Lobo, braço da Lava Jato. Preso pela PF em novembro de 2018, ele foi condenado em primeira instância a 98 anos, 11 meses e 11 dias de prisão por corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro. No entanto, em abril de 2023 a sentença foi reformada, e ele foi absolvido.
Com apoio de outros nove partidos, incluindo PT e PSD, Pezão oficializou a sua candidatura ao pleito deste ano em convenção política. Ele concorrerá para ser prefeito do mesmo município que comandou entre 1997 e 2005. O ex-governador lidera as pesquisas de intenção de voto em Piraí, no Vale do Paraíba fluminense, com 59%, segundo o Ipec, em pesquisa divulgada no dia 14 deste mês.
Atrás dele está Arthur Tutuca (PRD), com 29%. O opositor de Pezão é filho do ex-prefeito do município Arthur Henrique Gonçalves Ferreira e irmão do secretário de Turismo do Rio, Gustavo do Tutuca. O vereador Alexsandro Sena (PSD) foi confirmado como vice na chapa de Pezão nas eleições municipais de 2024.