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MATO GROSSO

Palestrante propõe reflexões, ações e sugere antirracismo

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“Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer”. Foi com a fala da linguista e escritora afro-brasileira Maria da Conceição Evaristo de Brito que a assistente social e pós-doutora em Serviço Social e Políticas Sociais Rachel Gouveia Passos encerrou a palestra “Racismo, racialidades e o sistema de justiça: uma abordagem sob a luz dos Direitos Humanos”, na manhã desta segunda-feira. Promovido pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra, o evento virtual propôs reflexões importantes aos participantes. 

A palestrante Rachel Gouveia Passos, assessora técnica especializada do Departamento de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da Secretaria de Atenção Especializada em Saúde do Ministério da Saúde, questionou qual a noção de Direitos Humanos da qual estavam partindo, quem tem direito a ser humano e abordou especificamente o tema sob a ótica do Sistema de Justiça. “É primordial que o Sistema de Justiça entenda o seu papel, as suas contribuições e também as suas contradições dentro de uma sociedade estruturalmente forjada por uma lógica colonialista racista, patriarcal e elitista”, afirmou, parabenizando e agradecendo ao MPMT pela iniciativa e mobilização de trazer o tema para debate.

Relatou o processo de desumanização dos povos originários na África e na América orquestrado pelos colonizadores, que se instituíram como parâmetros e deram início ao chamado “fetiche branco”, criticou a naturalização e o contorno do racismo, o mito da democracia racial, e apontou que negros são vistos como negros e não em sua singularidade. “Fico extremamente feliz quando o Sistema de Justiça vai repensando suas práticas, ações e diretrizes para a garantia dos direitos humanos, entendendo a multiplicidade do existir e também do sofrer, que é um tema muito caro”, destacou.

Rachel Gouveia Passos ainda alertou que “o negro nasce com um fuzil apontado para sua cabeça”, que “sabe que é negro porque o fuzil permanece sobre a sua cabeça permanentemente”, e questionou: qual o lado em que estamos? O da mira ou o do que segura o fuzil? Assim, reforçou que não basta ter consciência racial, que os integrantes do Sistema de Justiça precisam se colocar em uma posição antirracista e sinalizou propostas de ações a serem pensadas. Entre elas, a necessidade de educação permanente, a qualificação dos profissionais em todos os níveis (letramento racial), criação de comitê local de combate ao racismo e qualquer tipo de discriminação, inclusão de cotas nos concursos e múltiplas seleções. 

Atuando como debatedor, o promotor de Justiça Thiago Marcelo Francisco dos Santos disse ter se sentido muito representado na fala da palestrante, realçou os pontos que lhe chamaram a atenção e admitiu que gostou muito das propostas colocadas, principalmente a que se refere às cotas. Apontou que embora seja oriundo da reserva de cotas, o concurso público para promotor de Justiça é um certame muito caro e que deveria haver cotas inclusive para cursos preparatórios. 

Abertura – O evento virtual foi promovido pela Procuradoria de Justiça Especializada na Defesa da Cidadania, Consumidor, Direitos Humanos, Minorias, Segurança Alimentar e Estado Laico, com apoio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf) – Escola Institucional do MPMT (Assista aqui). 

Na abertura, o procurador de Justiça titular da Especializada na Defesa da Cidadania, José Antônio Borges Pereira, falou da satisfação em ter a professora da graduação e da pós-graduação na Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como palestrante no evento e destacou o papel assumido pelo Ministério Público, após a Constituição de 1988, de atuar na defesa dos Direitos Humanos, meio ambiente, consumidor, patrimônio público, entre outros.

“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista e realizar um movimento político de inclusão, é uma luta muito grande”, endossou, colocando-se favorável à política de cotas e à escolha de uma mulher, preferencialmente negra, para substituir outra mulher como ministra no Supremo Tribunal Federal (STF). “É com movimentos como esse que poderemos combater o racismo em nosso país”, sugeriu. 

O promotor de Justiça coordenador da Escola Institucional do MPMT, Antonio Sergio Cordeiro Piedade, falou sobre a importância do evento. “O integrante que não tem a consciência de que o Ministério Público é o primeiro defensor dos Direitos Humanos, dos direitos fundamentais, precisa de uma correção de rota. O Ministério Público é uma instituição de garantia e é fundamental incorporarmos esse controle de convencionalidade, o controle permanente de constitucionalidade e pautas como a de hoje. Esse debate é fundamental para uma atuação mais abalizada e consistente”, defendeu. 

Fonte: Ministério Público MT – MT

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MATO GROSSO

Penas impostas a réus de 5 vítimas retratadas em mostra somam 107 anos

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A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.

A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.

De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.

A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.

Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.

Fonte: Ministério Público MT – MT

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