O extremo oeste da Bahia conquistou o posto de maior polo de irrigação por pivôs centrais do Brasil, superando o noroeste de Minas Gerais, que liderava o ranking até recentemente. Segundo levantamento realizado pela Embrapa, até outubro de 2024, o Brasil registrou 2,2 milhões de hectares irrigados por pivôs centrais, um aumento significativo em relação aos 1,92 milhão de hectares identificados em 2022 pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O avanço de quase 300 mil hectares nos últimos dois anos reflete a crescente adoção da tecnologia de irrigação em resposta aos desafios climáticos e à necessidade de intensificar a produção agrícola. O oeste baiano destacou-se nesse cenário, com um aumento de 42% em suas áreas irrigadas, passando de 232,8 mil hectares em 2022 para 332,5 mil hectares em 2024.
São Desidério (BA) consolidou-se como o município com maior área irrigada por pivôs centrais no país, totalizando 91,6 mil hectares. Barreiras (BA), com 60,9 mil hectares, também se destacou e pode ultrapassar Cristalina (GO), que atualmente ocupa a terceira posição no ranking nacional.
De acordo com Daniel Guimarães, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, o crescimento no oeste baiano é resultado de condições favoráveis, como a topografia plana, o uso das águas do Aquífero Urucuia e a implementação de tanques de geomembrana para armazenar água de irrigação. Esses fatores, aliados ao investimento em tecnologia e infraestrutura, têm impulsionado a expansão da agricultura irrigada na região.
Embora a irrigação esteja crescendo, ela ainda representa uma parcela pequena da produção agrícola nacional. Apenas 2,6% da área irrigada global está no Brasil, mesmo com o país detendo cerca de 12% da água doce superficial do planeta. A área total irrigada no Brasil, considerando todos os sistemas, é de 9,2 milhões de hectares, inferior às áreas irrigadas de países como China, Índia e Estados Unidos.
Entre as vantagens da irrigação estão o aumento da produtividade por área, a estabilidade da produção, a possibilidade de colheitas na entressafra e a redução da pressão pela expansão da fronteira agrícola. No entanto, o grande consumo de recursos hídricos e os riscos de depleção dos aquíferos representam desafios que exigem atenção e gestão eficiente.
Os eventos climáticos extremos, como estiagens prolongadas e ondas de calor, têm afetado negativamente a produção agrícola dependente de chuvas, aumentando a volatilidade do setor. Isso tem levado os produtores a adotarem cada vez mais sistemas de irrigação para garantir a segurança alimentar e a competitividade do agronegócio brasileiro.
O levantamento da Embrapa reforça que a agricultura irrigada é uma estratégia indispensável para enfrentar os desafios climáticos e garantir a sustentabilidade da produção agrícola. Com o avanço do oeste baiano, o Brasil reafirma sua posição como um dos principais players no mercado global de alimentos, aproveitando seus recursos hídricos de forma estratégica e eficiente.
Fonte: Pensar Agro