O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e seus aliados do partido nacionalista hindu conquistaram esta terça-feira (5) a vitória nas eleições gerais, mas com uma maioria parlamentar reduzida e uma oposição reforçada. Tanto os analistas como as sondagens de boca de urnas tinham previsto uma vitória esmagadora do atual líder.
Pela primeira vez, em uma década, o Partido Bharatiya Janata (BJP) de Narendra Modi terá de contar com seus aliados de coligação para alcançar uma maioria no Parlamento, de acordo com os dados da comissão eleitoral.
O BJP e os seus aliados conquistaram pelo menos 272 de um total de 543 assentos parlamentares. Sozinho, o partido do primeiro-ministro conquistou 224 cadeiras e foi o mais votado em mais de 16 círculos eleitorais, em um total estimado em 240, mantendo-se o maior partido no Parlamento, mas abaixo dos 303 lugares alcançados nas últimas eleições, em 2019.
Já o Partido do Congresso, a principal força da oposição, obteve 88 mandatos parlamentares e ficou em primeiro lugar em mais de 11 círculos eleitorais, em um total estimado em 99, quase o dobro dos 52 lugares que conquistou há cinco anos.
Narendra Modi já declarou a vitória da sua aliança nas eleições. Na rede social X, ele escreveu que a Índia depositou a confiança na coligação governamental “pela terceira vez consecutiva”.
“Vamos continuar o bom trabalho realizado na última década para seguir satisfazendo as aspirações do povo”, acrescentou.
Dirigindo-se a uma multidão de apoiantes na sede do BJP em Nova Deli, o líder indiano declarou que “este terceiro mandato será de grandes decisões” e que “o país escreverá um novo capítulo no seu desenvolvimento”.
Modi comprometeu-se a cumprir sua promessa eleitoral de transformar a economia da Índia – a terceira maior do mundo –, e a não se esquivar de colocar em prática seu programa. Declarou ainda que irá impulsionar a indústria de Defesa, promover o emprego para os jovens, aumentar as exportações e ajudar os agricultores.
“Este país assistirá a um novo capítulo de grandes decisões. Esta é a minha garantia.”
Modi, de 73 anos, continua a ser popular no país após dois mandatos. No fim de semana, disse estar certo de que “o povo indiano compareceu em números recordes” às urnas para o reeleger, após uma década à frente do país.
Derrota moral
Para o líder da oposição, Rahul Gandhi, os resultados revelam que os indianos disseram a Modi que “não o querem”. Já o deputado do Partido do Congresso Rajeev Shukla afirmou que “o BJP não conseguiu garantir uma grande maioria sozinho”, tendo sofrido uma “derrota moral”.
Os opositores do primeiro-ministro têm acusado o governo de utilizar o sistema judicial para fins políticos, aumentando o número de processos judiciais contra eles. Também a ONG norte-americana Freedom House afirmou que o BJP está “utilizando cada vez mais as instituições governamentais para atingir opositores políticos”.
Denunciando um retrocesso na democracia, tanto a oposição como os ativistas dos Direitos Humanos acusam Narendra Modi de favorecer os hindus, que constituem sendo maioria no país, em detrimento das principais minorias, incluindo os 210 milhões de muçulmanos indianos.
Já Modi acusa o Congresso de querer distribuir a “riqueza nacional” pelos “infiltrados” e “aqueles que têm mais filhos”, referindo-se à comunidade muçulmana. A oposição remeteu esta acusação para as autoridades eleitorais, que não sancionaram o primeiro-ministro, agora reeleito.
Cerca de 642 milhões de indianos foram às urnas nestas eleições, que se desenrolaram ao longo de seis semanas. A participação está estimada em 66,3% dos eleitores, ligeiramente abaixo dos números de 2019.
Fonte: EBC Internacional