Morador do Planalto há 38 anos, José Esteves é quase um fiscal voluntário das obras de asfaltamento do bairro. Ele se fixou no Planalto quando chegou em Cuiabá, vindo de Jaciara, e desde então trabalha com obras. “Escavação, manilhamento, eu mexo com essas coisas”, conta. Com essa experiência, todo dia ele observa o andamento das obras realizadas pelo Governo de Mato Grosso.
Na última segunda-feira (29.05), José observava o trabalho de uma motoniveladora que fazia a terraplanagem em ruas do bairro e confirmava que a obra está sendo bem executada.
“Nos 38 anos que eu moro nesse bairro, o único investimento que foi feito antes foi quando o Dante era prefeito e fez o esgoto. Agora o Mauro Mendes está fazendo o asfalto”, diz.
No total, 18 ruas do Planalto estão sendo asfaltadas pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), com recursos 100% estaduais. O investimento no bairro será de R$ 12,4 milhões.
José Esteves classifica a chegada do asfalto como a realização de um sonho – impressão comum entre outros moradores do bairro.
Conversando na calçada, Marcelo Ricardo celebra as obras. “Se não fosse o Governo vir realizar essas obras, acho que elas nunca aconteceriam. É um sonho de muitos anos do nosso bairro que vai se tornar realidade”, observa.
Ao seu lado, Francisca de Araújo, de 65 anos, concorda e afirma que ela mesma achava que não conseguiria ver o fim da lama e da poeira. “Hoje eu estou emocionada vendo o asfalto chegar. Pensei que ia morrer e não ia conseguir. Muitos dos meus colegas morreram e não conseguiram, mas eu estou aqui para vêr”. Francisca mora há 44 anos no bairro, que foi criado em 1977.
Marcelo Ricardo explica que os moradores do bairro sofrem com a poeira na época da seca, mas principalmente com a lama na época da chuva. Ele diz que a Rua João Gomes Sobrinho, onde as máquinas da Sinfra trabalham, sofre muito com a força da água. A rua é uma ladeira e termina no córrego Gumitá.
“Isso daqui se transforma em um rio, abre umas valas na rua que não tem como ninguém passar”, reforça. A chegada do asfalto vai significar um trabalho a menos para Marcelo. “Eu sempre ligava pedindo para fazer patrolamento para melhorar a condição da rua. Mas agora vai ser só felicidade”, completa.
Fundadora do Planalto e ex-presidente do bairro, Lenir Rocha afirma que o asfalto é resultado de muita luta. “Estou tão emocionada que nem sei o que falo. É muita benção essa ajuda para a nossa comunidade”, finaliza.
O Planalto é um dos oito bairros que tiveram obras licitadas pelo Governo de Mato Grosso, em um investimento de R$ 42 milhões. As obras também serão realizadas no Alto Boa Vista, Novo Tempo, Jardim Aroeira, Tancredo Neves, Campo Verde da Esperança e Novo Horizonte. As obras foram divididas em três lotes e a expectativa é que os trabalhos sejam finalizados em um prazo de 300 dias.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.