MATO GROSSO

Ministério Público lança campanha de conscientização sobre TEA

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Com o lema “Entender o autismo é a melhor forma de vencer o preconceito”, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso lançou, esta semana, a campanha Mês de Conscientização sobre o Autismo. Entre as atividades desenvolvidas, estão entrevistas com profissionais e especialistas em Transtorno do Espectro Autista (TEA), todas as quartas-feiras de abril, das 9h às 10h, na rádio CBN Cuiabá (95,9 FM). Na estreia, o psicólogo, analista de comportamento e professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Luiz Alexandre de Freitas falou sobre o que é o TEA, principais características, a importância do diagnóstico precoce e do tratamento multidisciplinar. 

Luiz Alexandre de Freitas explicou que o TEA é considerado uma condição do neurodesenvolvimento, que normalmente tem origem genética e influência de fatores ambientais. “São alterações no desenvolvimento que afetam o comportamento em sociedade e as interações”, contou. Conforme o psicólogo, as principais características são a dificuldade nas interações sociais e na comunicação, comportamentos estereotipados e repetitivos (o que inclui insistências em assuntos e itens, por exemplo), e hiperfoco (interesse muito grande por coisas específicas). 

O professor destacou que o diagnóstico precoce é fundamental. “É definidor de muita coisa, do curso de vida da pessoa. Ele pode ser feito inclusive antes dos dois anos de idade. Com o diagnóstico precoce, temos mais condições de ajudar e de intervir para ajudar a desenvolver habilidades que são pré-requisitos para as mais complexas. E isso interfere no prognóstico, no que vai acontecer dali para frente, possibilitando um futuro melhor”, declarou. 

O entrevistado falou também sobre a dificuldade de aceitação e dos desafios após o diagnóstico. “Nenhum pai ou mãe planejou ter filho autista. A família fica perdida com o diagnóstico e a última coisa que precisa é se sentir culpada. A principal dificuldade é aceitar esse diagnóstico. Como se trata de um espectro, as possibilidades são muito diversas, não sabemos o quanto essa criança vai conseguir se desenvolver. É uma quebra de expectativas”, argumentou. 

Questionado sobre o tratamento e o atendimento ofertados em Cuiabá na rede pública de saúde e de ensino, Luiz Alexandre alertou para as dificuldades. “Temos muito que avançar, não tenho a menor dúvida disso. Na nossa região, temos a oferta de serviços reduzida na área da saúde e definitivamente não conseguimos atender toda a demanda. E a que é atendida, infelizmente não é como deveria. É preciso termos investimentos na rede de atendimento à pessoa autista. Os profissionais precisam estar preparados e ter condições ideais de trabalho para oferecer um bom serviço. Muita coisa precisa melhorar no serviço público”, defendeu. 

O entrevistado continuou dizendo que é preciso que as crianças autistas estejam incluídas nas escolas e creches também. “Mas isso é difícil porque muitas vezes as escolas não estão preparadas, os profissionais não foram capacitados adequadamente para atender a esse público, estão perdidos e não sabem o que fazer. Eles precisam de capacitação e ter o suporte de uma equipe multidisciplinar. Esse suporte à criança autista não deve acontecer somente na rede de saúde, mas também na educação.  As instituições de ensino precisam se preparar para que esses alunos sejam respeitados, incluídos e recebam o que precisam”, acrescentou. 

Por fim, o psicólogo falou sobre o Projeto de Integração Pró-Autista (Pipa), desenvolvido há cerca de dois anos pela UFMT. “Fazemos atendimento presencial no Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), dentro do campus em Cuiabá. É um projeto pequeno que atende crianças com diagnóstico ou suspeita de TEA, entre 2 e 6 anos de idade. Elas recebem em torno de 15 horas de atendimento semanal. Felizmente temos a possibilidade de fazer isso na UFMT, contamos com alunos da graduação e pós-graduação em Psicologia, fazemos pesquisa e formamos profissionais para atuar nesse mercado”, relatou.

Assista à entrevista aqui (parte 1 e parte 2).

Fonte: Ministério Público MT – MT

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