O secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda, afirmou que o Estado é um exemplo de produção agropecuária com preservação ambiental, e que vai à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), em Dubai, para defender que é possível dobrar a produção estadual sem cometer desmatamento ilegal.
“Mato Grosso vai à COP 28 para cobrar e não para ser cobrado, pois é o maior produtor de soja, milho, algodão, gergelim e bovinos do Brasil, e preserva 62% do seu território, sendo 40% dentro de propriedades privadas. O Estado tem cerca de 10 a 11 milhões de hectares de área de pastagem degradada e que podem ser incorporados à agricultura, sem necessidade de desmatamento”, afirmou, em entrevista ao programa Agora na Capital, da Rádio Capital FM.
O secretário também defendeu o cumprimento do Código Florestal, que permite o desmatamento de 20% da propriedade, e criticou o conceito de desmatamento zero. Ele argumentou que o produtor que preserva deve ser remunerado por isso, pois tem um ativo ambiental que não é monetizado e ressaltou que há uma diferença entre desmatamento legal e ilegal.
“O desmatamento ilegal é combatido pelas forças de segurança e ambientais do Estado. Temos o Código Florestal rígido, que delimita que deve se preservar 80% da área no bioma amazônico e de 20% a 35% no Cerrado. Se estiver dentro dos limites, o desmatamento não é ilegal, está dentro do Código Florestal. Quem vai remunerar o produtor para o desmatamento zero? Mesmo dentro da legislação e com a autorização dos órgãos ambientais?”, questionou.
César ainda destacou que Mato Grosso é o Estado que mais cresceu industrialmente no Brasil em 2022, graças à industrialização dos produtos primários, como a soja e o milho.
“Mato Grosso tem um sistema econômico de ganha-ganha, que beneficia o meio ambiente, o estado, o produtor e os trabalhadores, que têm emprego e renda. O Estado tem quase pleno emprego e que é um dos que mais contribuem para o PIB nacional. Mato Grosso tem muito a mostrar e a ensinar ao mundo na COP 28”, finalizou.
Conferência da ONU
A COP 28 ocorre de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes. Comitiva do Governo de Mato Grosso, liderada pelo governador Mauro Mendes, compõe a delegação brasileira.
Farão parte da comitiva do Governo de Mato Grosso os secretários de Estado César Alberto Miranda (Desenvolvimento Econômico), César Augusto Roveri (Segurança Pública), Mauren Lazarreti (Meio Ambiente), o secretário adjunto Executivo de Meio Ambiente, Alex Sandro Antônio Marega, a secretária adjunta de Gestão Ambiental da Sema, Luciane Bertinatto Copetti, o secretário adjunto de Mídias Dirigidas da Secretaria de Estado de Comunicação, Lucas Rodrigues, e a secretária adjunta de Jornalismo, Carol Sanford.
Os projetos de etnoturismo Menanehaliti e Balatiponé, apoiados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), irão representar Mato Grosso no Abeta Summit 2024, um dos principais eventos de ecoturismo e turismo de aventura do Brasil. O evento começa nesta quarta-feira (30.10) e vai até sábado (02.11) no Centro de Convenções de Foz do Iguaçu (PR), reunindo especialistas e lideranças do turismo de natureza.
Os projetos, oriundos das comunidades Haliti-Paresí e Umutina-Balatiponé, já se destacam como referências no turismo de base comunitária, promovendo o etnoturismo de forma responsável e valorizando a rica cultura indígena de Mato Grosso. Segundo Aline Fonseca, coordenadora de Estruturação e Qualificação no Turismo, a participação no evento é uma oportunidade crucial para os projetos consolidarem sua presença no mercado.
“Teremos um painel de 45 minutos para apresentar o que já foi desenvolvido nesses territórios. É uma chance ímpar de visibilidade e aprendizado, além de fortalecer a comercialização dos produtos”, afirma Aline.
Simão Nezokemazokai, representante do projeto Menanehaliti, e Gabriela Monzilar Calomezore, do projeto Balatiponé, estarão à frente da apresentação e abordarão temas como segurança, inovação e sustentabilidade no etnoturismo. Além disso, os projetos serão expostos na área “Re)Descobrindo o Brasil”, aberta ao público, destacando tradições como artesanato e pintura corporal, elementos que simbolizam a diversidade cultural das comunidades.
Durante os três dias do evento, os representantes dos projetos também participarão de mais de 30 capacitações e terão contato com figuras importantes do turismo indígena, Aline Fonseca destaca que esse intercâmbio é fundamental para o crescimento dos projetos.
“Eles terão contato com referências do setor, o que pode fortalecer ainda mais suas práticas e ajudá-los a consolidar o etnoturismo de maneira sustentável”, completa.
Ambos os projetos que estão sendo planejados e executados há dois anos, já possuem anuência oficial da Funai, estão em processo de expansão e já receberam turistas internacionais. A Aldeia Massepô, uma das comunidades participantes, recentemente recebeu visitantes do Canadá, sinalizando o crescente interesse pelo turismo cultural em Mato Grosso.
Com a criação da agência de turismo 100% indígena, os turistas interessados em conhecer os projetos podem ter contato direto com agentes indígenas capacitados, facilitando o agendamento de visitas e a obtenção de informações detalhadas sobre os roteiros e valores. Essa iniciativa reflete o compromisso das comunidades em oferecer uma experiência autêntica e organizada, respeitando suas tradições e o meio ambiente.