Nesta terça-feira (27), é comemorado o Dia Nacional da Psicóloga e do psicólogo, data em que celebramos os profissionais que dedicam a sua vida a cuidar do bem-estar e da saúde emocional de outras pessoas. Os profissionais, por terem um compromisso com a sociedade, prestam o cuidado ético, responsável e humano aqueles que procuram um auxílio para preservar a saúde mental..
A carreira em psicologia tem se tornado cada vez mais procurada. Enquanto as matrículas no nível superior, em geral, apresentaram um declínio de 3% nos últimos 10 anos, as matrículas nos cursos de psicologia no Brasil, no mesmo período, apresentaram um crescimento de mais de 110% (Matos & Rocha, 2023), alcançando um lugar de proeminência e notoriedade nunca visto antes.
Podemos atribuir essa procura à reestruturação da forma como a sociedade enxerga a profissão, passando a valorizar cada vez mais as habilidades profissionais dessa categoria.
Embora nosso trabalho permita-nos obter grande satisfação pessoal, a jornada de nossas carreiras é marcada por diversos desafios que requerem resiliência, paciência e capacitação técnica.
Com frequência nos deparamos com a necessidade de adaptação a questões socioculturais, constante atualização profissional, pacientes desafiadores, observação da estrita confidencialidade do trabalho e desenvolvimento de habilidades de gerenciamento empresarial, para quem possui consultório ou clínica.
Além disso, horas a fio de escuta e de intervenção clínicas podem provocar uma sensação de apatia e fraqueza (Wise & Barnett, 2016), o que requer cuidado constante.
Todos esses desafios, somados a estressores da vida quotidiana e às vulnerabilidades individuais de cada profissional, colocam os psicólogos e psicólogas como uma categoria com grande risco de burnout e traumatização vicária, podendo levar ao declínio da capacidade e da disposição em ajudar outras pessoas.
Logo, o autocuidado está diretamente relacionado à manutenção do comportamento ético e da competência técnica na profissão. Por assim ser, a Associação de Psicologia Americana (APA, 2010) sustenta que a falta de autocuidado do profissional pode comprometer os valores base da profissão: fidelidade, autonomia, justiça, não fazer mal e fazer o bem.
Desta forma, é importante que nós, enquanto categoria profissional, estejamos sintonizados com princípios (Wise & Barnett, 2016) que guiem nossas ações em direção ao bem-estar pessoal para, então, poder cuidar de outros com qualidade e comprometimento.
O primeiro desses princípios inclui a visão do autocuidado como uma responsabilidade individual, questionando-se: “Estou sendo para mim o que sou para os outros?”.
O segundo é a autorreflexão como forma de monitoramento individual, fazendo questionamentos do tipo: “O que faz um bom/mau dia de trabalho para mim?”, “Como percebo os primeiros sinais de estresse em meu corpo?”.
O terceiro é valorizar-se, aplicando as estratégias e técnicas ensinadas aos pacientes em si mesmo. O quarto é focar nos benefícios e privilégios da profissão, praticando a gratidão pelos aspectos que mais agradam na atividade.
O quinto é reconhecer e aceitar as dificuldades e mazelas inerentes ao ofício, desenvolvendo uma visão menos romantizada do trabalho.
O sexto é o cuidado básico com o corpo: dormir bem, comer bem, exercitar-se e descansar.
O sétimo é nutrir-se de relações seguras, acolhedoras e verdadeiras. O oitavo é estabelecer limites claros entre a vida e horários profissionais e pessoais. O nono é procurar atividades genuinamente reparadoras, capazes de manter a vitalidade e o engajamento.
O décimo é realizar a terapia pessoal como uma base para o desenvolvimento como pessoa e como profissional. O décimo-primeiro é conectar-se com fontes de valor e significado autênticas, como práticas meditativas e de reflexão; e, por último, cultivar permanentemente a criatividade diversificando e inovando constantemente a atividade profissional.
Parabéns às (aos) mais de 530 mil colegas Brasil afora que dedicam a sua vida a cuidar do bem-estar e da humanidade de outros. A paixão por fazer a diferença e por prestar serviços de qualidade, baseados na ética profissional, no respeito aos Direitos Humanos e na ciência psicológica de qualidade, deve sempre continuar orientando as nossas ações!
Sobre o autor
Mário Glória Filho é Mestre em Psicologia Social pela Universidade de Brasília (PSTO – UnB), em Brasília, DF, Brasil; professor do curso de graduação em Psicologia do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) em Brasília, DF, Brasil; especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em Porto Alegre, RS, Brasil; psicólogo pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), em Brasília, DF, Brasil; psicólogo clínico de adolescentes, adultos e idosos em consultório particular em Brasília, DF e Manaus, AM, Brasil; bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Brasília (UCB), em Brasília, DF, Brasil.
Uma das propostas da Chapa 2 – “Nova OAB” para fortalecer a inclusão dentro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) é a criação de uma Comissão de Inclusão e Acessibilidade. De acordo com o candidato à presidência Pedro Paulo, o projeto visa garantir que advogados e advogadas que enfrentam dificuldades por conta de alguma deficiência encontrem portas abertas e todo suporte necessário dentro da entidade.
A ideia da implantação da comissão surgiu após sugestão da advogada Franciele Rahmeier, diagnosticada com transtorno do espectro autista. A jurista, que é candidata à secretária-geral da subseção de Primavera do Leste, declarou seu apoio a Pedro Paulo. Para ele, a Seccional mato-grossense precisa estar sempre aberta a ouvir, debater e criar medidas que garantam equidade também dentro da advocacia.
“Inclusão é conscientização. É ouvir, colocar-se no lugar do outro e permitir que cada um possa contribuir da melhor forma, com as suas experiências. Essa proposta vai auxiliar outros advogados e advogadas, que enfrentam as mesmas dificuldades da Drª Franciele, e assegurar a participação nas discussões sobre o tema em diversas esferas da política. Agradeço a ela por nos abrir os olhos para essa questão”, argumenta Pedro Paulo.
A advogada recebeu o diagnóstico há pouco mais de um ano, mas relata que desde antes tem enfrentado muitas dificuldades. Segundo ela, a principal é o julgamento preconceituoso que, muitas vezes, classifica essas pessoas como incapazes. Ainda conforme Franciele, dentro da própria OAB há esses obstáculos, principalmente quando se procura amparo para o desenvolvimento tranquilo da profissão.
“A gente precisa incluir para igualar essas classes. Tem muita gente que pergunta ‘cadê a OAB?’. A OAB, infelizmente, parece que tem medo de dar a cara a tapa em relação aos direitos que são nossos. O Pedro Paulo deu atenção a essa proposta não com teor político, mas com teor de acolhimento, no sentido de propor a mudança dessa realidade que temos hoje. Estávamos esquecidos e agora estamos sendo ouvidos”, afirma Franciele Rahmeier.
A chapa liderada por Pedro Paulo tem como vice-presidente a Drª Luciana Castrequini, como secretário-geral o Drº Daniel Paulo Maia Teixeira, a secretária-adjunta Drª Adriana Cardoso Sales de Oliveira e como tesoureiro o Drº Rodolpho Augusto Souza Vasconcellos Dias. O grupo, formado ainda por conselheiros titulares e suplentes, reúne membros da Capital e também de subseções do interior.