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MATO GROSSO

Mais inclusão e dignidade: Judiciário cria oportunidades de trabalho para pessoas trans

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As dificuldades em se obter boas oportunidades de trabalho para pessoas transexuais e travestis no Brasil são enormes, devido ao grande preconceito e discriminação que essas pessoas sofrem. Na contramão dessa realidade, está o Poder Judiciário de Mato Grosso, que emprega pessoas trans no seu quadro de funcionários terceirizados.
 
Uma delas é a servidora terceirizada Monik Silveira Chaves de Moraes, secretária no Fórum de Cuiabá há dois anos. Hoje ela leva uma vida que considera saudável e feliz, bem diferente de como vivia há alguns anos, no mundo das drogas e da prostituição.
 
A oportunidade de trabalho no Poder Judiciário de Mato Grosso mudou completamente seu horizonte. Ela conseguiu terminar seus estudos do ensino regular, faz cursos de administração, recursos humanos e matemática financeira e sonha em fazer faculdade de Serviço Social.
 
“Antes eu vivia uma vida anormal. Eu conheci muitos caminhos onde eu ficava sozinha comigo mesma e ficava chorando, me sentia triste, eu fazia aquilo porque eu ouvia muitas pessoas falando que eu seria apedrejada, que o mundo não aceitava pessoas como eu, e que só existia esse caminho da prostituição e das drogas. Hoje em dia, eu vivo uma vida totalmente diferente, saio da minha casa de manhã cedo, vou para o meu curso, saio do curso, vou direto para o trabalho, volto para casa novamente, faço minha jantinha, consigo deitar na minha cama e dormir. Conforme cheguei aqui, as pessoas foram dialogando comigo, me ensinando, me mostrando a verdade da vida, que eu posso e vou conseguir. Foi quando eu tive fé em mim mesma. Se eles estão vendo isso em mim, por que eu mesma não posso ver? Foi onde comecei a mudar totalmente a minha vida, comecei a estudar, correr atrás e estou continuando minha luta”, relata.
 
Monik conta que sempre recebeu apoio e suporte dos colegas servidores, de modo que o preconceito e a discriminação que infelizmente muitas pessoas trans enfrentam diariamente ficam do lado de fora da Justiça mato-grossense.
 
“Quando cheguei aqui, foi uma sensação muito boa, fui bem recebida, nunca faltaram com respeito, sempre me apoiaram, tenho uma ótima convivência com meus amigos do trabalho. Aqui é um lugar onde me sinto bem, me sinto feliz e apoiada, tenho minha liberdade de expressão concreta”, afirma.
 
Como um recado, Monik destaca: “todos merecemos, basta ter uma oportunidade como muitos não têm. O que eu posso pedir é que as pessoas olhem para a gente como se olhasse para seu próprio filho, com amor, com carinho. Não julgar, dar uma mão, uma oportunidade, muitas vezes é isso que falta para a pessoa, como faltou para mim. Eu tive e olha como estou hoje. Todos merecem uma chance”.
 
Outro exemplo de oportunidades geradas pelo Judiciário é o da servidora terceirizada Pietra Pereira da Silva, 32 anos, que trabalha como recepcionista e atendente há cinco anos no Fórum de Várzea Grande.
 
“É uma batalha que estamos ganhando a cada dia, conquistando espaço e a sociedade para sermos quem somos. Não preciso me esconder, sou respeitada, o Tribunal me proporciona muita coisa boa”, afirma.
 
A criação de oportunidades de trabalho para pessoas trans é a peça-chave para a transformação social, avalia Pietra, além de considerar que sua história pode servir de espelho para outras pessoas trans.
 
“Se estou aqui hoje é porque eu lutei, tive oportunidade, para outras pessoas se espelharem, para outras empresas verem que tem a possibilidade da pessoa trans trabalhar. Tem que abrir essa porta para a gente. Queremos ter a dignidade de trabalhar e conquistar o que é da gente. Se foi uma porta que se abriu para mim, pode abrir para várias pessoas”.
 
Entre as conquistas que ela comemora, estão sua faculdade, seu veículo e a realização do sonho de viajar nas férias de final de ano. “Tudo que conquistei foi mediante meu trabalho. Hoje eu me sinto realizada. Sou feliz”, afirma, sorrindo.
 
A plataforma Transempregos https://www.transempregos.com.br/, criada em 2013, ajuda na inserção de pessoas trans e travestis no mercado de trabalho formal. Com crescimento de 315% de janeiro de 2020 até janeiro de 2021, o projeto tem parceria com mais de 700 empresas de todo o país – inclusive com vagas em Mato Grosso.
 
#Paratodosverem
Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual.
Primeira imagem: captura de tela de vídeo da servidora Monik concedendo entrevista para a TV.JUS. Ela está sentada em um banco, com plantas ao fundo, veste uniforme azul claro, usa óculos e tem cabelos lisos castanhos.
Segunda imagem: captura de tela de vídeo da servidora Pietra trabalhando no Fórum de Várzea Grande.
 
Mylena Petrucelli (Com TV.JUS)
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
 
 

Fonte: Tribunal de Justiça de MT

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MATO GROSSO

Penas impostas a réus de 5 vítimas retratadas em mostra somam 107 anos

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A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.

A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.

De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.

A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.

Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.

Fonte: Ministério Público MT – MT

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