O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (16) que o atual governo de Nicolás Maduro na Venezuela é “desagradável” e de “viés autoritário”, mas “não é uma ditadura “.
“Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que é ditadura, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário , mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas nesse mundo”, disse Lula em entrevista à Rádio Gaúcha, em Porto Alegre.
“Eu só posso reconhecer que foi democrático se eles mostrarem a prova de que houve uma eleição e de que fulano teve tantos votos, que siclano teve tantos votos”, reafirmou Lula nesta sexta.
O petista salientou que o país vizinho é “interessante” para o Brasil, pois tem quilômetros de fronteira compartilhados conosco. Segundo Lula, é um país que “o Brasil chegou a ter quase R$ 5 bilhões de superávit comercial, que pode ser um grande parceiro”.
Mundo não ‘agiu corretamente’ com Venezuela, diz Lula
Ainda sobre o tema, Lula acredita que a União Europeia e os Estados Unidos – segundo o petista, o “mundo chamado democrático” –não agiu corretamente com a Venezuela nos últimos anos.
Ele citou o apoio internacional ao então autoproclamado presidente venezuelano Juan Guaidó.
“Eles elegeram um tal de Guaidó para ser presidente da Venezuela. A reserva de ouro que a Venezuela tinha na Inglaterra, de 31 toneladas de ouro, foi dada sob a guarda desse Guaidó. Ele não era presidente”, disse Lula.
“Eu acho que houve uma precipitação na punição e no julgamento das coisas. […] Na hora do julgamento político, eles foram precipitados. Eu disse pro [Emmanuel] Macron, disse pro Olaf Scholz, vocês não poderiam de pronto já condenar o cara. Vamos abrir um diálogo, tentar conversar”, disse Lula.
Lula rejeita nota polêmica do PT sobre Maduro
Lula adicionou, durante a entrevista, que discorda com a nota divulgada pelo próprio partido no final de julho, que celebra a “reeleição” de Nicolás Maduro.
“Não, eu não concordo com a nota. Eu não penso igual à nota. Mas eu não sou da direção do PT”, disse. E complementou: “O partido não é obrigado a fazer o que o governo quer. E nenhum governo é obrigado a fazer o que o partido quer.”
Crise política na Venezuela
A crise política na Venezuela tem aumentado entre a comunidade internacional. De um lado, Maduro diz que foi eleito com 52% dos votos, mas se recusa a apresentar as atas de votação. Do outro, a oposição – representada por María Corina Machado e Edmundo González – insiste que houve fraude e que venceu a eleição com 67% dos votos.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.