Na semana passada, o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) reduziu de 2,14% para 1,7% ao mês o teto dos juros, fazendo com que mais de dez bancos interrompessem a oferta do empréstimo.
“Todos nós vamos buscar, ouvindo o mercado, um número que seja inferior a 2,14%, que era o que os bancos estavam praticamente e será 1,7%. Porque o próprio Banco do Brasil e a Caixa dizem que essa taxa não é rentável” disse, em entrevista à GloboNews.
Perguntado se a taxa poderia ficar em 2%, ele respondeu: “Um pouco menos que isso”.
Segundo o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Sidney Oliveira, a alíquota ficada pelo Ministério da Previdência Social não cobre os custos dos bancos.
“O patamar fixado pelo Conselho [Nacional de Previdência Social] de 1,7% [ao mês] não atende a estrutura de custo dos bancos. Tanto não atende que os bancos públicos também interromperam a concessão de consignado, ou seja, Banco do Brasil e Caixa interromperam porque não consegue suportar com a taxa de 1,70%”, disse Sidney após encontro com representantes do governo.
Dos 39 bancos que ofereciam crédito consignado antes da redução do teto de juros, 19 instituições financeiras já praticavam taxas abaixo de 2% ao mês, segundo dados do Banco Central. E 11 bancos ofereciam juros inferiores a 1,9% ao mês. Apenas quatro instituições praticavam taxa inferior a 1,7% ao mês, teto que o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, quis impor. Confira
CCB Brasil – 1,29%
BRB – 1,64%
Cetelem – 1,64%
Sicoob – 1,65%
Sicredi – 1,72%
Banco Bari – 1,76%
Alfa – 1,80%
Banco Inter – 1,82%
Industrial do Brasil – 1,83%
Caixa Econômica Federal – 1,86%
Crefisa – 1,88%
Banco da Amazônia – 1,90%
Prati-CFI – 1,91%
Bradesco Financ. – 1,91%
Inbursa – 1,93%
Paraná – 1,94%
Banestes – 1,95%
Banco do Brasil – 1,96%
Banco do Estado do Rio Grande do Sul -1,99%
Nesta terça-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que Lupi foi precipitado ao anunciar a medida, afirmando ainda que a iniciativa é positiva, mas deveria ter sido discutida com bancos e com o Ministério da Fazenda.
“Era preciso ter feito um acerto para anunciar uma medida que envolvesse a Fazenda, o Planejamento, os bancos públicos e os privados”, declarou em entrevista ao Brasil 247.
“Uma coisa que era para ser 100% boa, favorável, criou um clima de insatisfação nos bancos, que precisavam ter sido preparados, avisados. Porque a gente não pode baixar com a facilidade que quer que eles baixem [os juros]. Mas, de qualquer forma, a terra é boa e vamos ver como fazer para baixar os juros de verdade”.
Rotativo
O ministro da Casa Civil afirmou também que irá discutir uma nova taxa para o crédito rotativo, que tem alíquotas superiores a 400%. “Isso está prejudicando muito os aposentados, comprometendo a sobrevivência das pessoas”, disse.
Costa também prometeu tomar medidas contra o assédio de bancos a idosos e aposentados.
“É preciso que o governo adote medidas protetivas e regulatórias” afirmou. “Existe muitas vezes informação privilegiada. A pessoa se aposenta de manhã e de tarde está recebendo ligação.”