A jornalista ucraniana Victoria Roshchyna está desaparecida desde o dia 3 de agosto de 2023, em território dominado pela Rússia . A repórter foi a vencedora do Prêmio Coragem no Jornalismo de 2022 da International Women’s Media Foundation (IWMF), e teve o desaparecimento confirmado pela organização nesta quinta-feira (05).
Segundo a IWMF, Roshchyna teria viajado à área ocupada pela Rússia na Ucrânia , com o intuito de fazer uma reportagem. Eles afirmam ainda que a jornalista estaria presa pelo governo russo, o que também foi confirmado pelo governo ucraniano.
Em nota, a organização escreve: “Estamos extremamente preocupados com a segurança da jornalista e pedimos atenção internacional para esta situação”.
A jornalista de 26 anos atua como freelance em diversos veículos locais e internacionais. Dentre eles, estão o Ukrayinska Pravda, Hromadske e Radio Free Europe.
Roshchyna cobriu diversos temas sensíveis e perigosos em sua carreira, como crimes, julgamentos, violações dos direitos humanos e, atualmente, a guerra . Em março de 2022, durante o início do conflito, ela foi presa pelo exército russo, ficando detida por 10 dias em Berdyansk.
O pai da jornalista, Vladimir Roshchyn, cedeu uma entrevista oa jornal estadunidense Daily Beast. Ele diz estar “com o coração partido”, e informou que chegou a sugerir à filha que não ficasse tão exposta após o caso ocorrido em 2022. “Mas ela foi firme: não consegue parar de cobrir as notícias desta guerra nos territórios ocupados para seus leitores”.
Roshchyna foi para a região ocupada pelos russos no dia 27 de julho, chegando a conversar com a família no dia 3 de agosto. Ela teria relatado que foi submetida a verificações na fronteira, mas não especificou quais. Após nove dias sem respostas, a família notificou o desaparecimento da filha.
Segundo o pai, o governo confirmou que a jornalista havia sido presa pelas autoridades russas, sendo considerada uma prisioneira “congelada”, onde não há notícias oficiais sobre ela.
Além de Roshchyna, outros jornalistas já foram pegos pelo exército russo. O caso mais longo e emblemático é o de Dmytro Khyliuk, que foi preso em março de 2022. Ainda que o governo não tenha assumido a captura do jornalista, a organização Repórteres Sem Fronteiras confirmou em julho que possui provas de sua transferência para uma prisão em Moscou.
A jornalista aposentada e integrante do Sindicato Nacional de Jornalistas da Ucrânia (NUJU) Iryna Levchenko, também é outro caso de prisão. Ela teria sido capturada de forma ilegal em junho do ano passado, na cidade de Melitopol, em Zaporizhizhia.
A IWMF pede que as entidades de liberdade de imprensa e direitos humanos exijam informações sobre o paradeiro dos jornalistas. “O jornalismo livre e independente é essencial para informar o público global sobre as realidades da guerra da Rússia contra a Ucrânia.”