Javier Milei assume neste domingo (10) a presidência da Argentina depois de conquistar o apoio de 55% dos eleitores no pleito disputado em novembro. A cerimônia de posse acontece em Buenos Aires a partir das 11h no horário local (o mesmo de Brasília).
A primeira parada de Milei é no Congresso, onde prestará juramento, será empossado e receberá a faixa e o bastão presidenciais do atual presidente, Alberto Fernández. A vice-presidente Cristina Kirchner entregará os atributos à futura vice-presidente, Victoria Villarruel.
O primeiro discurso de Milei como presidente não deve ser feito dentro do Congresso, mas sim do lado de fora, onde espera que seus apoiadores estejam. Nas redes sociais, o ultralibertário convocou a população a ir à sua posse levando bandeiras da Argentina.
Depois de discursar na porta do Congresso, Milei seguirá para a Casa Rosada, sede do Executivo, onde cumprimentará as delegações estrangeiras. Apesar de fazer o trajeto escoltado, Milei pretende descer na Praça de Maio e cruzá-la a pé, rumo à Casa Rosada.
No final da tarde, por volta das 17h, os ministros de Milei devem tomar posse, cerimônia que será seguida por um culto inter-religioso na Catedral Metropolitana de Buenos Aires. À noite, haverá uma apresentação no Teatro Colón.
Depois de Milei atacar diretamente o presidente durante sua campanha e diante da presença de bolsonaristas no evento, Lula optou por não comparecer à cerimônia.
Na lista, aparecem nomes como os do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Apesar da lista contar com cerca de 50 nomes, apenas Bolsonaro e seu filho Eduardo foram formalmente convidados por Milei – os demais não devem ter espaço garantido na cerimônia.
Governo de Milei
Milei assume o governo com discurso radical ligado à extrema direita e pautas ultraliberais. Dentre suas principais defesas, estão a dolarização da economia e a privatização de empresas estatais.
De acordo com o jornal argentino Clarín, logo na segunda-feira (11) Milei deve lançar um pacote econômico que contará com as seguintes medidas:
Proibição ao Banco Central da Argentina de emitir moeda para financiar o Tesouro;
Retirada gradual dos subsídios às tarifas entre janeiro e abril;
Não haverá obras públicas, exceto aquelas com financiamento externo;
Aumento de imposto sobre importações;
Prorrogação do Orçamento de 2023 para congelar os gastos;
Liberação de preços de combustíveis e planos de saúde;
Suspensão de contribuições não reembolsáveis aos estados;
Congelamento de benefícios orçamentários para empresas privadas;
Os repasses para as universidades serão apenas pelos montantes e valores de 2023;
Salários públicos ajustados à nova pauta orçamentária congelada;
Transferência da dívida das Leliqs (títulos emitidos pelo BC argentino) para o Tesouro Nacional;
As empresas públicas se tornarão sociedades anônimas para facilitar sua venda;
Desvalorização do peso e fixação do dólar comercial em cerca de 600 pesos (somados impostos, valor ficaria entre 700 e 800 pesos).
Segundo o Clarín, as medidas não precisam do aval do Congresso. Na Câmara dos Deputados e no Senado, Milei deve enfrentar forte oposição , já que as duas Casas são compostas, em grande parte, por congressistas do Unión por la Patria, coalizão peronista do ministro da Economia e ex-candidato à presidência, Sergio Massa.
Embora o partido de Milei, La Libertad Avanza, tenha alcançado muitas cadeiras no Congresso, o número ainda está longe de representar a maior parte das casas legislativas. Na Câmara, o número de deputados saltou de três para 38, de um total de 257. No Senado, o número aumentou de zero para sete, de um total de 72.
Mesmo contabilizando os congressistas do Juntos por el Cambio, coligação da ex-candidata à presidência Patricia Bullrich, que apoiou Milei no segundo turno e assumirá como ministra da Segurança , o futuro presidente ainda não tem maioria no Senado e ultrapassa a metade na Câmara por apenas dois deputados. Coligações menores, como a Tercera Vía e a Izquierda, também se opõem a Milei.