Israel vive nesta segunda-feira (2) uma greve geral que visa pressionar o governo de Benjamin Netanyahu a obter a libertação dos reféns sob poder do movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza .
O sindicato Histadrut convocou a paralisação depois que o Exército anunciou, no domingo (1º), que encontrou os corpos de seis reféns assassinados na Faixa de Gaza, após quase 11 meses de conflito.
A adesão à greve, no entanto, não foi igual em todas as cidades: em Tel Aviv e Haifa as autoridades informaram que as escolas permaneceriam fechadas até 11h45, enquanto em Jerusalém e Ashkelon não aderiram à mobilização.
Os transportes públicos, administrados por empresas privadas, foram parcialmente afetados pela greve.
No aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv, dezenas de passageiros aguardavam nos balcões de check-in durante a manhã, depois que vários voos sofreram atrasos.
O presidente do Histadrut, Arnon Bar-David, afirmou no domingo que a greve pretende “frear o abandono dos reféns”. “Cheguei à conclusão de que apenas a nossa intervenção pode sacudir aqueles que precisam de ser sacudidos”, acrescentou.
Há vários meses, Catar, Egito e Estados Unidos, países que atuam como mediadores do conflito, tentam convencer o Hamas e Israel a aceitarem um acordo de cessar-fogo que inclua a libertação de reféns e de prisioneiros palestinos detidos por Israel. Mas, até o momento, as negociações não apresentaram resultados.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reunirá nesta segunda-feira com negociadores americanos para discutir “os esforços para alcançar um acordo que garanta a libertação dos reféns”, informou a Casa Branca.
No domingo, Biden declarou que estava “arrasado” com a notícia de que entre os corpos dos seis reféns encontrados estava o do americano-israelense Hersh Goldberg-Polin.
“Acerto de contas”
A guerra em Gaza começou no dia 7 de outubro.
Naquele dia, milicianos islamistas do Hamas realizaram um ataque ao sul de Israel que resultou em 1.205 vítimas fatais, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
Além disso, os combatentes islamistas sequestraram 251 pessoas: 97 continuam retidas em Gaza e 33 morreram, segundo o Exército israelense.
Em resposta ao ataque, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma vasta ofensiva de retaliação que já deixou 40.786 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007.
A pressão da população israelense para que o governo negocie um acordo de libertação dos reféns não para de aumentar e o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, declarou no domingo que terá um “acerto de contas” com o Hamas, considerado um movimento terrorista por Israel, Estados Unidos e UE.
Segundo o Ministério da Saúde de Israel, os resultados da autópsia indicam que os reféns morreram devido a ferimentos de tiros à queima-roupa entre quinta e sexta-feira.
Mas um dirigente do Hamas, que falou sob a condição de anonimato, disse que vários reféns “morreram por tiros e bombardeios dos ocupantes” israelenses, e que alguns deles estavam na lista de pessoas que seriam libertadas no âmbito de um potencial acordo de cessar-fogo.
Vacinação contra pólio
Em Gaza, apesar dos danos da guerra, que mergulhou os 2,4 milhões de habitantes do território em uma situação humanitária catastrófica, começou a campanha de vacinação contra a pólio.
A operação acontece graças à implementação de “pausas humanitárias” entre 6H00 e 14H00 durante três dias em vários pontos do território palestino.
A meta é imunizar mais de 640.000 crianças com menos de 10 anos.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 72.611 crianças foram vacinadas no primeiro dia de campanha.
Ao mesmo tempo, Israel prossegue com a operação militar na Cisjordânia, território palestino separado da Faixa de Gaza, ocupado por Israel desde 1967.
A operação começou na quarta-feira e matou pelo menos 24 palestinos, a maioria combatentes, segundo o Ministério da Saúde palestino. O Exército israelense afirma que todos eram “terroristas”.
O Hamas e seu aliado Jihad Islâmica, outro grupo armado, afirmaram que pelo menos 14 mortos lutavam em suas fileiras.