Nesta sexta-feira (15), o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou um plano para ataque em Rafah, cidade localizada no sul da Faixa de Gaza que abriga mais de 2,3 milhões de refugiados palestinos.
De acordo com o gabinete de Netanyahu, a potencial ofensiva aconteceria ainda no Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.
Ao mesmo tempo em que emitiu um alerta para o possível ataque, Israel manteve a perspectiva de um cessar-fogo. Ainda na sexta, o governo do Estado Judaico afirmou que irá enviar uma delegação ao Catar para as negociações de libertação dos reféns que estão sob o domínio do Hamas e de uma trégua temporária.
Desde que sinalizou pela primeira vez os planos de atacar Rafah, Netanyahu tem recebido vários apelos de aliados e críticos, uma vez que uma ofensiva na cidade é capaz de gerar grandes perdas civis.
Em resposta, Israel tem argumentado que a região é um dos últimos redutos do Hamas — a quem o Estado judaico prometeu eliminar — e que a população será retirada dali.
Em Washington, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que o governo americano não teve acesso ao plano de ataque contra Rafah, mas que gostaria de ter acesso a ele.
O secretário também afirmou que o acordo do Hamas de um cessar-fogo em troca da liberdade dos reféns está dentro do que é possível negociar e que está cautelosamente otimista sobre ela.
Segundo informações da Reuters, o Hamas apresentou uma proposta de cessar-fogo que incluía a soltura de reféns israelenses em troca da liberdade para prisioneiros palestinos, dos quais cem cumprem prisão perpétua.
Um comunicado do gabinete de Netanyahu afirmou que as demandas do Hamas não são realistas, mas que o país enviaria uma delegação israelense a Doha assim que o gabinete de segurança discutisse sua posição sobre o tema.
A tensão entre Washington e Israel tem crescido nos últimos dias. Autoridades norte-americanas têm afirmado que as forças israelenses não estão tomando cuidado com as vítimas civis da guerra.
Como as propostas prévias de um cessar-fogo, o plano atual prevê a libertação de dezenas de israelenses em troca de centenas de palestinos presos em detenções de Israel. Isso ocorreria em meio a uma trégua, que duraria semanas e permitiria a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O Hamas também pediu que sejam feitas negociações posteriores para encerrar a guerra, mas Israel afirmou que só negocia uma trégua temporária.
Crise humanitária
A crise humanitária no norte de Gaza atingiu proporções alarmantes após os primeiros avanços militares de Israel em resposta ao ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro, que desencadearam o conflito.
De acordo com dados do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), mais de 500 mil pessoas já enfrentam fome ou situações de catástrofe humanitária, enquanto praticamente toda a população de 2,4 milhões de habitantes enfrenta escassez severa de alimentos. O Ministério da Saúde de Gaza relatou mais de 20 mortes por inanição, com pelo menos metade delas sendo menores de idade.
Desde então, a pressão internacional tem aumentado sobre Israel para resolver a crescente crise humanitária. As Nações Unidas alertaram para o risco iminente de fome se o acesso a alimentos e outras necessidades básicas não for melhorado, especialmente no norte.