Após o ataque inédito do Irã contra Israel neste sábado (13), o ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett fez uma longa declaração, na qual disse, dentre outras coisas, que durante 30 anos o Estado judaico cometeu o erro de se dedicar ao ataque dos ‘tentáculos’ de um ‘polvo’ terrorista, e não à sua ‘cabeça’.
A metáfora de Bennett diz respeito ao fato de Israel ter travado conflitos diretos com os grupos militantes originados no Irã e espalhados pelo Oriente Médio — e não com o próprio Irã, que seria a ‘cabeça’ do polvo.
Os tentáculos seriam os grupos militantes como o Hezbollah, no Líbano, Hamas e Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, Houthis no Iêmen, e dezenas de pequenos grupos na Síria e Iraque.
“A República Islâmica do Irã cometeu um grande erro. Nos últimos 30 anos, tem causado estragos na região – através dos seus representantes. Um polvo terrorista cuja cabeça é Teerão e os seus tentáculos estão no Líbano, no Iêmen, no Iraque, na Síria e em Gaza. Quão conveniente. Os Mullahs enviam outros para realizar ataques terroristas horríveis e morrem por eles. Sangue de outras pessoas”, postou o ex-primeiro-ministro no X (antigo Twitter).
“O erro estratégico de Israel nos últimos 30 anos foi seguir esta estratégia. Sempre lutamos contra as armas do Polvo, mas dificilmente exigimos um preço da sua cabeça iraniana.”
De acordo com Bennett, essa estratégia vai mudar e Israel passará a dedicar cada vez mais esforços no ataque ao Irã.
“Isso deve mudar agora: Hezbollah ou Hamas disparam foguetes contra Israel? Teerã paga um preço”, escreveu.
Além da metáfora, Bennett falou sobre mais 5 tópicos relacionados à escalada do conflito no Oriente Médio.
Ataque do Irã “não foi concebido apenas como ‘sinos e assobios'”, diz Bennett
O primeiro deles contrapõe a visão de especialistas que consideraram o ataque “indiferente”. Bennett argumenta que o ataque não pode ser interpretado apenas como uma demonstração de poder sem consequências negativas.
Ele adicionou que, ao lançar 350 objetos voadores programados para atingir Israel simultaneamente, usando três tipos diferentes de armas (mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos e UAVs), o objetivo do Irã era de destruir as defesas de Israel e causar danos e mortes dos israelenses.
“Não é uma vitória”, rebate Bennett sobre alegação dos EUA
O ex-primeiro-ministro israelense também contestou a afirmação da administração dos EUA de que o evento foi uma “vitória” de Israel. De acordo com Bennett, apesar do notável sucesso dos sistemas de defesa aérea de Israel, ele ressalta que o episódio não pode ser considerado uma vitória.
Ele argumentou que apenas interceptar os ataques não é suficiente para vencer uma guerra ou impedir bombardeios futuros. De acordo com o ex-ministro, a única maneira de impossibilitar que esses ataques aconteçam novamente é garantindo que o agressor pague um preço alto — ou seja, por meio de uma resposta mais agressiva e punitiva.
O principal porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que os EUA vão continuar a ajudar Israel em sua defesa, mas não querem a guerra.
“É incorreto dizer que ninguém se machucou”
O ex-primeiro-ministro ainda negou uma afirmação das autoridades iranianas, que disseram que ninguém se machucou nos ataques de sábado.
Ele mencionou o caso de uma menina árabe-israelense de 7 anos chamada Amina Elhasuny que, segundo Bennett, está lutando pela vida. Bennett atribuiu a responsabilidade do ataque ao líder iraniano Khamenei.
O jornal New York Times fez uma reportagem com detalhes sobre o caso de Amina. De acordo com a publicação, mesmo que o dia tenha parecido tranquilo na unidade de cuidados intensivos pediátricos do Soroka Medical Center, na cidade de Beersheba, no sul de Israel, devido ao baixo número de atendimentos, a unidade passou por um dia tenso — em decorrência do estado grave de saúde de Amina, a única vítima do ataque iraniano.
Segundo o NYT , Amina e sua família moram em uma comunidade que não é reconhecida pelas autoridades israelitas. Com isso, não têm acesso a abrigos anti-bombas.
A guerra é contra “o regime iraniano”
Outra declaração importante de Bennett é que Israel guerreia contra o regime iraniano — e não o povo do Irã. Ele fez uma comparação com o regime soviético e 1985:
“O inimigo é o REGIME iraniano, não o maravilhoso povo iraniano. O regime iraniano me faz lembrar o regime soviético de 1985: corrupto até a medula, velho, incompetente, desprezado pelo seu próprio povo e destinado ao colapso”, publicou.
“Israel está travando a guerra de todos”, concluiu Bennett
A grande declaração de Bennett no X terminou com a seguinte afirmação:
“Israel está travando a guerra de todos. Em Gaza, no Líbano e no Teerã”, disse.
De acordo com o ex-premiê, Israel é considerado “o pequeno satanás pelo Islã radical. A América é a grande (…) Não estamos pedindo a ninguém que lute por nós. Nós faremos o trabalho. Mas esperamos que os nossos aliados nos apoiem, especialmente quando for difícil – e agora é difícil.”
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.