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Iniciativa de entrega de marmitas é transformada em cozinha escola

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A iniciativa de um conjunto de moradores da favela de Heliópolis, em São Paulo, de distribuir marmitas durante a pandemia de covid-19 transformou-se hoje (18) em uma escola de gastronomia, com capacidade para mais de 200 alunos. 

A ideia de alimentar as pessoas da comunidade que estavam passando necessidade em meio à crise de saúde era realizada por voluntários da favela que se organizaram no Movimento Organizacional Vencer Educar e Realizar (Mover Helipa). Eles chegaram a distribuir, no auge da pandemia, aproximadamente, 2 mil marmitas diariamente, produzidas debaixo de um viaduto, em uma cozinha precária, com panelas, equipamentos, utensílios e alimentos doados. A mão de obra era dos próprios voluntários.

São Paulo (SP),18/03/2023 - O presidente da Mover Helipa, Renato Varjão, líder comunitário, na inauguração do projeto Cozinha Escola, na comunidade de Heliópolis. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil São Paulo (SP),18/03/2023 - O presidente da Mover Helipa, Renato Varjão, líder comunitário, na inauguração do projeto Cozinha Escola, na comunidade de Heliópolis. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Presidente da Mover Helipa, Renato Varjão- Fernando Frazão/Agência Brasil

“Vimos a necessidade de a alimentação chegar às pessoas. Algumas não podiam sair de casa, outras não tinham o que comer mesmo. E aí começamos a fazer marmita, debaixo de um viaduto aqui, e isso foi crescendo, a demanda foi aumentando, as pessoas procurando”, conta o presidente da Mover Helipa, José Renato Mendes Varjão.

“O poder público está chegando agora. Mas sempre foi na raça, com base na doação. Na cozinha, no início, tínhamos um fogãozinho de quatro bocas, uma geladeira no canto, um espaço de uns cinco metros quadrados, as panelas precárias”.

Capacitação

Renato conta que a intenção não era simplesmente alimentar a população necessitada, mas capacitar as pessoas para saírem daquela situação. “Queríamos começar a formar pessoas para ir para o mercado de trabalho da gastronomia, porque sabemos que dentro da favela existe muito talento”.

A iniciativa dos moradores chamou a atenção do ex-secretário especial do Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania Robson Tuma que começou a transformá-la em um projeto de cozinha escola. Encampada pelo atual Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, passou a se chamar Projeto de Geração de Renda Caminho de Transformação Social – Cozinha Escola, inaugurado hoje.

A escola, construída com 12 contêineres, fica no Complexo Viário Escola de Engenharia Mackenzie – Estrada das Lágrimas, na Cidade Nova Heliópolis, na zona Sul da capital paulista. Conta com uma cozinha industrial, restaurante e espaço para capacitação. Foram gastos, até o momento, pelo ministério, R$ 2,5 milhões. O público-alvo são pessoas que participem do Cadastro Único (Cadúnico) de famílias de baixa renda.

São Paulo (SP),18/03/2023 - Os ministros do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, inauguram o projeto Cozinha Escola na comunidade de Heliópolis. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil São Paulo (SP),18/03/2023 - Os ministros do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, inauguram o projeto Cozinha Escola na comunidade de Heliópolis. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, na inauguração do projeto – Fernando Frazão/Agência Brasil

“Aqui é um trabalho integrado. Independentemente de qualquer disputa política, a ideia é integrar município, estado, governo federal e entidades sociais, como a Mover Helipa. Os recursos estão focados nas pessoas que vão ministrar os cursos, no apoio para que as pessoas interessadas possam ter as condições de locomoção, de alimentação, e no apoio para o funcionamento da própria cozinha”, destacou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, presente na inauguração da escola. Segundo ele, o projeto servirá de experiência para programas similares a serem implementados em outras localidades.

A cozinha da escola continuará a produzir marmitas para a comunidade, mas agora como parte do processo educacional. Vanilda da Silva será uma das alunas que participará da primeira turma. “Eu já ajudava na cozinha do projeto, sempre dava uma força para o pessoal. Muita gente perdeu o emprego na pandemia, inclusive eu. Agora, com a escola, vai ser um investimento muito bom nas nossas vidas, pode melhorar nossa remuneração no futuro”.

Edição: Kelly Oliveira

Fonte: EBC Geral

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BRASIL

PF cumpre mandado em Cuiabá sobre venda de sentença no Judiciário

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Por Fabio Serapião

Da folhapress Brasilia

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta quinta (24), mandados de busca e apreensão em uma investigação sobre venda de sentenças que envolve cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.

Cinco desembargadores foram afastados dos cargos. Além das buscas, também há medidas como proibição de acesso às dependências de órgão público, vedação de comunicação entre investigados e uso de tornozeleira eletrônica.

Um mandado de busca e apreensão foi cumprido, na manhã desta quinta-feira (24), em um condomínio de luxo em Cuiabá,

O alvo seria um lobista e as investigações apontam para a ligação com morte do advogado Roberto Zampieri.

A ação foi batizada de Ultima Ratio e investiga os crimes de corrupção em vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário.

Os mandados de busca foram expedidos pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e são cumpridos por cerca de 200 policiais federais em Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá.

A investigação sobre a comercialização de sentença teve apoio da Receita e é um desdobramento da operação Mineração de Ouro, deflagrada pela PF em 2021.

Na primeira fase, a investigação tinha como foco a suposta participação de integrantes do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul em uma organização criminosa.

O nome da operação teve como origem a descoberta de que a aquisição de direitos de exploração de mineração em determinadas áreas eram utilizadas para lavagem de dinheiro proveniente do esquema.

Esse não é o único caso relacionado a venda de sentença judicial em investigação no âmbito do STJ.

Um ministro do próprio tribunal está na mira da PF sob suspeita de venda de sentença.

CASO ZAMPIERI – As investigações que chegaram às suspeitas sobre o STJ se iniciaram após o homicídio de um advogado em dezembro do ano passado, em Mato Grosso.

O caso levou ao afastamento de dois desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

O advogado Roberto Zampieri foi assassinado com dez tiros em dezembro passado.

Na ocasião, ele estava dentro do carro, em frente ao seu escritório em Cuiabá.

Em seu celular, havia mensagens que levantaram suspeitas de vendas de decisões por gabinetes de quatro ministros do STJ.

As investigações iniciais apontavam como uma das motivações processos de disputas de terras que tramitam no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Outro caso de venda de sentenças ainda em andamento é no Tribunal de Justiça da Bahia.

Lá, a operação Faroeste se transformou no maior caso de venda de decisões judiciais do Brasil.

Nos últimos meses, duas desembargadores baianas se tornaram rés (uma delas pela segunda vez) no âmbito da operação, juízes do sul do estado foram afastados sob suspeita de irregularidades em questão fundiária e um magistrado da região oeste disse sofrer ameaças por julgar casos relacionados a grilagem.

No início de julho passado, a Corregedoria Nacional de Justiça decidiu fazer uma investigação diante de nova suspeita de irregularidades no tribunal, com convocação de testemunhas e análise de equipamentos eletrônicos.

Ao mesmo tempo, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, determinou uma apuração profunda sobre o tribunal, em decorrência de “gravíssimos achados”.

Entre eles, estão problemas na vara de Salvador encarregada de analisar casos de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Há relatos de atrasos dos juízes em audiências, ineficiência e servidores da vara com temor de represálias de magistrados.

Cuiabá é uma das cidades alvo da Operação Ultima Ratio, que investiga supostos crimes de vendas de sentença, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul. A ação foi deflagrada nesta quinta-feira (24), no estado vizinho.

Segundo a PF, são cumpridos 44 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça em Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá.

A ação teve o apoio da Receita Federal e é um desdobramento da Operação Mineração de Ouro, deflagrada em 2021, na qual foram apreendidos materiais com indícios da prática dos referidos crimes.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento do exercício das funções públicas de servidores, a proibição de acesso às dependências de órgão público, a vedação de comunicação com pessoas investigadas e a colocação de equipamento de monitoramento eletrônico.

 

 

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