MATO GROSSO
Importância dos Grupos de Homens é abordada em capacitação sobre Violência Doméstica e Familiar
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2 meses atrásem
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oestenewsIncentivo às ações voltadas aos homens para fomentar a desconstrução da violência doméstica e familiar. Esse espectro foi trazido pela secretária da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (Cevid/TJSC), Michele de Souza Gomes Hugill, nesta terça-feira (09 de julho), durante o “Programa de Reflexão e Sensibilização para Autores de Violência Doméstica e Familiar”. Essa iniciativa é do Poder Judiciário de Mato Grosso por meio da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça (Cemulher/TJMT).
Além de trazer um histórico da criação dos grupos de homens nesse processo, a palestrante abordou os eixos fomentados pela Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006) para além da punição, que retratam também educação preventiva e proteção. “É muito importante lembrar que a Lei Maria da Penha vai além da esfera criminal”, apontou. “Quanto mais próximo do fato de violência esse homem é encaminhado a um grupo reflexivo, menos chance teremos que essa violência se escale e ocorra uma violência ainda maior”, completou. Também lembrou que é importante a reflexão sobre as pessoas que estão em situação de violência. “É um cenário complexo porque estamos falando de relações de família”.
Segundo ela, os grupos reflexivos, diferente dos grupos de autoconhecimento, têm como base abordagens da psicologia social e estudos de gênero, pensam a masculinidade a partir da construção social dos homens e buscam desconstruir estereótipos que podem contribuir para a violência.
“Os grupos são importantes porque as masculinidades são feitas e construídas em grupos. São os grupos que ensinam, punem, recompensam, conformam as expectativas sobre o que é ser homem e sobre como deve ser sua relação com as mulheres”, listou. Ainda apresentou os modelos de grupos para homens autores de violência contra mulheres.
Conforme a palestrante, nos grupos dois movimentos são possíveis, a diferenciação e a similaridade. Isso porque apesar de revelar que os homens não são iguais, eles percebem que, apesar das diferenças, há algo comum que atravessa as ações realizadas e o pensamento dos sujeitos.
Michelle expôs a questão da masculinidade estrutural, fazendo referência à chamada “Casa dos Homens”, conforme definição do sociólogo Daniel Welzer-Lang, considerado um espaço de homosociabilidade, vigilância contínua e hierarquia. “Nessa casa dos homens, a cada idade da vida, a cada etapa de construção do masculino está relacionada a uma peça, um quarto, um café ou um estádio. Nesses grupos, os mais velhos, aqueles que já foram iniciados por outros, mostram, corrigem e modelizam os que buscam o acesso à virilidade. Uma vez que se abandona a primeira peça, cada homem se torna ao mesmo tempo iniciado ou iniciador”.
Também foram abordadas as habilidades e posturas técnicas que devem ser desenvolvidas pelo facilitador como comunicação e observação, empatia e acolhimento, a fim de promover um espaço de diálogo democrático e seguro, inclusive as estratégias para contornar possíveis resistências.
Rita Aparecida Barbosa, servidora do Fórum de Alto Araguaia (418 km de Cuiabá), revelou que a capacitação foi realizada em momento oportuno, uma vez que a unidade iniciará as ações com grupos de homens nos próximos dias. “Nossa equipe está iniciando esse tipo de trabalho nesse mês de julho e temos certeza que vai ser ótimo. Vamos trabalhar que seja bem aceito pelos homens”
“É um tema bastante importante. Precisamos ouvir esse homem e trazer reflexões para que haja mudança de comportamento que, muitas vezes, não é falado e só é replicado ao longo da vida dele”, apontou.
CNJ – Essa capacitação atende a Recomendação n° 124/2022 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que recomenda aos tribunais que instituam e mantenham programas voltados à reflexão e responsabilização de autores de violência doméstica e familiar com o objetivo de efetivar as medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha.
Tal dispositivo considera, por exemplo, a igualdade de direitos entre homens e mulheres que constitui direito fundamental previsto na Constituição Federal e a necessidade de promover avanços para a efetivação da Lei n° 13.984/2020, para assegurar o comparecimento do autor de violência doméstica e familiar a programas de recuperação e reeducação e o seu acompanhamento psicossocial, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio.
Programação – A capacitação de facilitadores segue até quarta-feira (10 de julho) com a continuidade das palestras ligadas ao “Programa Reflexão e Sensibilização para Autores de Violência Doméstica e Familiar”, apresentado pela secretária da Cevid/TJSC, Michele de Souza Gomes Hugill e a importância da “Comunicação Assertiva”, exposta pelo juiz titular do 3° Juizado Cível de Cuiabá, Jeverson Luiz Quintiery.
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Talita Ormond/Fotos: Ednilson Aguiar
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
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