O movimento humanitário Crescente Vermelho que atua na Faixa de Gaza denuncia que ataques israelenses estão atingindo uma área próxima ao hospital Al-Quds, na cidade de Gaza. Outros hospitais também relataram ataques.
“Artilharia e ataques aéreos contínuos na área de Tal-Alhwa em Gaza, onde está localizado o hospital Al-Quds. O edifício está tremendo e os civis deslocados e as equipes de trabalho estão sentindo medo e pânico”, alertou a entidade na noite desta segunda-feira (30).
No domingo (29), o Crescente Vermelho havia informado que recebeu “graves ameaças das autoridades de ocupação israelenses” para evacuar o hospital, que poderia ser bombardeado. Na ocasião, a entidade disse que se recusava a deixar o hospital, já que não tinha meios para fazer isso de forma segura.
“Nós temos mais de 400 pacientes no hospital, muitos deles em unidades de tratamento intensivas. Evacuá-los significa matá-los. Por isso, recusamos a ordem de evacuação”, afirmou na ocasião uma porta-voz da entidade.
Além dos pacientes, o hospital Al-Quds ainda abriga cerca de 14 mil palestinos que deixaram suas casas. A maior parte deles é composta por crianças e mulheres.
No domingo, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a ordem de evacuação do hospital Al-Quds era “profundamente preocupante”. “Reiteramos: é impossível evacuar hospitais cheios de pacientes sem colocar as suas vidas em perigo. Ao abrigo do Direito Internacional Humanitário, os cuidados de saúde devem ser sempre protegidos”, disse ele.
“Ataques intencionais”
Nesta terça-feira (31), o Hospital da Amizade Turco-Palestina disse que foi atingido por ataques israelenses que deixaram pessoas feridas e danos nas estruturas. Além disso, o Hospital da Indonésia em Gaza e o Hospital Europeu de Gaza relataram ataques em suas proximidades.
Em entrevista à imprensa nesta terça-feira, o porta-voz do Ministério da Saúde palestino Ashraf al-Qudra disse que os ataques israelenses a hospitais são “intencionais”.
“Os ocupantes israelenses continuam a atacar intencionalmente instituições médicas. Até agora, 57 instituições médicas foram atingidas. 32 centros médicos estão fora de serviço por serem alvo de ataques ou por falta de combustível”, disse ele, acrescentando que 130 profissionais da saúde já morreram em Gaza desde o início da guerra.
A porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU Elizabeth Throssell disse em coletiva de imprensa nesta terça que atacar hospitais “seria equivalente a uma violação do direito humanitário internacional”.