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Histórias sobre Clementina de Jesus inspiram crianças na Mangueira

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“Antes de a minha vó ser a cantora Clementina de Jesus, ela era empregada doméstica. E sempre que ela cantava no trabalho, a patroa dizia: ‘Clementina, está cantando ou está miando?’ Vovó ria, mas não levava aquilo para o coração, porque nunca foi rancorosa”.

Enquanto Vera de Jesus contava a história que ouviu da própria avó, dezenas de olhinhos a observavam atentos. As crianças participaram hoje (25) de um evento educativo chamado Ação Griô, promovido pelo Museu do Samba, localizado aos pés do Morro da Mangueira e a poucos metros da quadra da agremiação. A atividade integra as celebrações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e propõe difundir a cultura afro-brasileira entre os pequenos e familiares deles.

A sequência da história narrada por Vera traz uma virada surpreendente. Se os ouvidos amargurados da patroa desprezaram a voz de Clementina de Jesus, o mesmo não pode ser dito dos ouvidos treinados de um especialista. O compositor e produtor musical Hermínio Bello de Carvalho ouviu Clementina cantando em uma roda de samba e percebeu que ali havia uma grande artista.

“Ele disse que a voz da minha avó era impressionante. Diferente de tudo, parecia vir direto da África. Lembrava uma oração. E a convidou para a casa dele para fazer uma gravação. Quando ela chegou lá, encontrou o Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaco e Nelson Sargento. E todos ficaram encantados com ela”, conta Vera de Jesus que, assim como a avó, é cantora e compositora.

Desses encontros na década de 1960 até a morte em 1987, Clementina de Jesus construiu uma carreira emblemática. Gravou 13 álbuns e fez participações especiais em produções de artistas como Milton Nascimento, Clara Nunes e João Bosco. Foi chamada de a Rainha do Partido-alto, um estilo de samba, e contribuiu para valorizar a herança africana na música brasileira.

É com histórias de vida como a de Clementina que o projeto Ação Griô pretende inspirar as crianças ao longo do ano com iniciativas de afro-letramento e reforço escolar.

“Essa é uma roda de conversa ampliada. Recebemos muitas crianças aqui. Para além das crianças pretas e pobres da Mangueira, levamos esse projeto para colégios particulares e crianças ricas. Falamos de histórias e significados que não aparecem em livros didáticos. Mas que fazem toda diferença para fortalecer essas crianças diante de uma sociedade tão racista e excludente”, diz Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba, e neta de Cartola e Dona Zica.

No evento de hoje, além das histórias sobre Clementina de Jesus, as crianças participaram de atividades musicais. E ouviram palavras de acolhimento e estímulo para lutarem contra os diferentes tipos de discriminação no dia a dia. O educador Fábio Douglas, que levou os dois e filhos e um amigo deles para o Museu do Samba, ficou feliz com a experiência.

“Bom ter uma abordagem para além do espaço escolar institucional e com esse tipo acolhimento. As crianças estão tendo acesso de maneira interessante a esses saberes. Nem sempre a escola vai abordar referências anteriores do samba. E é uma grande oportunidade ouvir isso de parentes diretos, porque a gente consegue conhecer melhor a história através dos nossos, e não só por meio da história oficial”, disse Fábio.

Vera de Jesus espera que mais crianças e adultos sejam tocados pelas histórias que ela contou. E que o samba continue sendo um meio de luta contra o racismo.

“O povo preto sempre foi muito discriminado. Mas nós batalhamos para mudar isso. É preciso olhar para o povo preto de um jeito positivo. Nós somos muito talentosos. E a luta continua, não vai parar hoje, nem amanhã”, diz Vera. “Nós viemos para mostrar que nós somos maravilhosos. Somos mulheres e homens lindos. Nós somos força, resistência, felicidade, amor e esperança”.

Fonte: EBC GERAL

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Daltonismo em crianças: médica explica como identificar a condição

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Daltonismo em crianças: médica explica como identificar a condição
André Braga

Daltonismo em crianças: médica explica como identificar a condição

Neste mês de setembro , o Dia Mundial do Daltonismo tem o objetivo de esclarecer alguns pontos envolvendo o distúrbio da visão, como os sinais para identificá-lo ainda na infância. De acordo com a oftalmologista Mayra Melo, o diagnóstico é crucial para garantir o suporte adequado no desenvolvimento escolar e social.

O daltonismo é conhecido como discromatopsia, sendo portanto, alteração na percepção das cores que afeta cerca de 8% dos homens e 0,5% das mulheres no mundo.

“Os pais devem observar sinais como dificuldade em distinguir cores básicas, como vermelho e verde, ou quando a criança troca frequentemente as cores ao desenhar ou colorir”, orienta Mayra.

É comum também que os pais notem uma certa preferência por roupas de cores neutras ou frequência da dificuldade em atividades que envolvam a diferenciação de cores, como jogos e brincadeiras.

“Em muitos casos, a criança pode sentir frustração ou desinteresse em atividades escolares que envolvem cores, o que pode ser erroneamente interpretado como falta de atenção ou interesse”, alerta a especialista.

O diagnóstico é feito por um oftalmologista, utilizando testes específicos como o de Ishihara, que avalia a percepção das cores. Apesar de não haver cura para a condição, o diagnóstico precoce permite que a criança seja orientada e adaptada para lidar melhor.

“O uso de ferramentas adequadas, como material escolar com contrastes fortes e a utilização de óculos ou lentes com filtros especiais, pode fazer toda a diferença no desenvolvimento acadêmico e na autoestima da criança”, afirma.

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Fonte: Nacional

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