O libanês Hezbollah refinou suas táticas de combate em dez meses de confrontos transfronteiriços com Israel e, na sexta-feira (16), revelou algumas de suas capacidades militares em um vídeo que mostra seus túneis que abrigam enormes lançadores de mísseis.
Desde a guerra de 2006 com Israel, o poderoso movimento pró-iraniano fortaleceu consideravelmente suas capacidades militares.
Em 8 de outubro, um dia após o início da guerra na Faixa de Gaza, ele abriu uma frente no sul do Líbano contra Israel, em apoio ao Hamas no território palestino.
Na sexta-feira, ele transmitiu um vídeo mostrando seus membros se movendo por grandes túneis iluminados escavados na rocha, onde caminhões parecem estar carregando enormes mísseis.
A AFP não conseguiu verificar a autenticidade dessas imagens. Elas são exibidas no momento em que negociações para um cessar-fogo em Gaza estão sendo realizadas em Doha. Os esforços diplomáticos se intensificam no Líbano para evitar uma escalada.
Mísseis balísticos
“Este é o vídeo mais explícito já divulgado pelo Hezbollah, mostrando o tamanho de seus túneis (…), o tamanho de seus mísseis e o tamanho de suas armas. Os túneis do Hezbollah (…), que são grandes o suficiente para acomodar caminhões e lançadores de mísseis”, disse o especialista militar Riad Kahwaji.
Isso mostra “pela primeira vez o que parecem ser (…) mísseis balísticos”, acrescenta o Sr. Kahwaji. Kahwaji, que acredita que o Hezbollah divulgou provavelmente o vídeo para “dissuadir” Israel de lançar uma grande ofensiva contra o movimento. Israel não lançará uma grande ofensiva contra ele.
Os temores de uma guerra regional estão em alta depois que o Hezbollah e Teerã prometeram vingar o assassinato do soldado do grupo, Fouad Chokr, que foi morto em um ataque israelense perto de Beirute no final do ano passado.
O ex-presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que o assassinato do soldado do grupo no final de julho, e o do líder do Hamas algumas horas depois em Teerã, seria culpa de Israel.
A embaixada iraniana em Beirute comentou o vídeo do Hezbollah no X, dizendo que esse tipo de instalação subterrânea de mísseis não era uma ameaça a Israel. As instalações subterrâneas de mísseis também eram “onipresentes no Irã”.
“Podemos, se necessário, atacar o inimigo de qualquer ponto” no Irã, acrescentou a embaixada.
No início de agosto, Israel disse que estava em um “nível muito alto” de preparação para qualquer cenário, “tanto defensivo quanto militar”.
Saturação das defesas
Nos últimos 10 meses, o Hezbollah “vem testando suas táticas e procurando brechas e vulnerabilidades nos sistemas de defesa israelenses”, diz o Sr. Kahwaji.
“Os drones ajudam o Hezbollah a detectar os pontos cegos dos radares israelenses, o grupo explora drones que voam baixo e terrenos montanhosos para escapar dos sensores de alerta precoce”, explica o Sr. Kahwaji.
“Ataques repetidos permitem que o grupo (…) mapeie possíveis pontos de entrada”, continua ele.
Conforme o especialista, o Hezbollah tem usado drones de reconhecimento para “localizar as baterias” do sistema de defesa israelense Iron Dome, visando saturá-las ou destruí-las.
O aumento do uso desses drones, que são baratos e parcialmente produzidos localmente, está sobrecarregando os sistemas de defesa israelenses, que são menos eficientes.
Os drones são difíceis de serem detectados devido ao seu pequeno tamanho e à baixa pegada de radar”, acrescenta o analista. O analista militar Khalil Helou, um general libanês aposentado.
Em uma tentativa de saturar o Iron Dome, o Hezbollah começou a disparar uma combinação de foguetes Katyusha, drones e mísseis guiados.
Os mísseis anti blindagem do Hezbollah podem causar danos e limitar o movimento das tropas israelenses, diz Helou, acrescentando que o principal objetivo do Iron Dome é interceptar “fogo indireto, como foguetes ou mísseis”.
Limites, para Aram Nerguizian
Para Aram Nerguizian, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), embora “essas ações de sondagem revelam lacunas nas defesas de Israel (…), elas são uma faca de dois gumes”.
E por um bom motivo: “elas também expõem as capacidades do Hezbollah e alimentam a sistema israelense de defesa e contra-ataque de mísseis”.
Entretanto, “nenhuma dessas táticas facilita uma resposta do Hezbollah ao assassinato de Chokr”, diz o Sr. Nerguizian. “É muito difícil responder de maneira proporcional (…) sem desencadear uma guerra regional”, alertou.
O Hezbollah diz que só encerrará as hostilidades se houver um cessar-fogo em Gaza.
Para Riad Kahwaji, o movimento islâmico “não quer uma escalada para evitar provocar uma guerra total (…) e parece ter chegado a um impasse”.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.