“Estou chocado por como minhas afirmações de ontem foram interpretadas por alguns, como se eu estivesse justificando o terror do Hamas. Isso é falso”, explicou o português.
“A dor do povo palestino não pode justificar os assustadores ataques do Hamas”, disse Guterres, acrescentando que “é necessário esclarecer as coisas, sobretudo em respeito às vítimas e suas famílias”.
A declaração de que os atentados do Hamas “não aconteceram do nada” foi dada pelo secretário-geral em reunião do Conselho de Segurança na última terça-feira (24) e causou a ira de Israel, cujo embaixador na ONU, Gilad Erdan, cobrou a imediata renúncia do português e afirmou que o país não dará mais vistos para funcionários da organização.
No mesmo pronunciamento ao Conselho de Segurança, Guterres salientou que os atos “horrendos” do Hamas “não podem justificar a punição coletiva do povo palestino”, que é “submetido a uma ocupação sufocante há 56 anos”.
Por outro lado, também condenou os atentados do grupo fundamentalista e pediu que os reféns sejam “tratados com humanidade e libertados imediatamente”, além de dizer que as demandas dos palestinos não podem justificar atos terroristas.
Após a reação de Israel, diversos países saíram em defesa de Guterres. “A situação é muito tensa, mas não acho que esses pedidos de renúncia sejam adequados”, disse o porta-voz do governo da Alemanha, Steffen Hebestreit, acrescentando que o secretário “tem a confiança” de Berlim.
O premiê da Espanha, Pedro Sánchez, adotou a mesma linha. “Quero expressar todo o meu afeto e todo o apoio do governo espanhol ao secretário-geral da ONU. Aquilo que ele está fazendo é levantar a voz de uma ampla maioria das sociedades do mundo, que querem uma pausa humanitária”, declarou.