Em entrevista ao programa “Frontline”, da Times Radio, Diane Francis, jornalista canadense e membro sênior do Atlantic Council em Washington, analisou a atual conjuntura do governo de Vladimir Putin à luz das novas movimentações do exército ucraniano, em uma guerra que se arrasta desde fevereiro de 2022.
Para Francis, a Rússia já está sendo enfraquecida, tanto economicamente quanto politicamente, com o confronto. Ela afirma que “o atual conflito coloca Putin em uma posição precarizada, especialmente com o crescente descontentamento dentro da Rússia”.
A jornalista observa que a Rússia está sendo progressivamente enfraquecida, tanto econômica quanto politicamente. “O atual conflito coloca Putin em uma posição precarizada, especialmente com o crescente descontentamento dentro da Rússia”, afirma.
Ela explica que a Ucrânia, ao atacar diretamente o território russo e ocupar partes dele, desafia fronteiras pré-estabelecidas, especialmente em Kursk e outras regiões relevantes, alterando a dinâmica do conflito. “A agressividade da Ucrânia, incluindo ataques com drones em Moscou e na Crimeia, tem um impacto psicológico significativo, tanto na Rússia quanto internacionalmente”, diz Francis.
Destaca-se, ainda, o crescente descontentamento de figuras proeminentes dentro do Kremlin, observando que “recentemente, líderes de milícias e oligarcas, como [Yevgeny] Prigozhin, que anteriormente criticaram Putin [de forma privada], estão se manifestando publicamente contra o regime”.
Ela sublinha que, embora Putin historicamente não tolere dissidência, o atual ambiente político gera resistência significativa contra seu governo, até mesmo entre os seus aliados.
Além disso, a queda dramática do valor do rublo e a crescente pressão externa sobre o governo russo estão se combinando com os fatores internos. “O enfraquecimento econômico da Rússia é um reflexo da falência das políticas de Putin e do impacto negativo das sanções e do isolamento internacional”, afirma.
Francis também sugere que a situação pode se agravar ainda mais com a possibilidade de um golpe militar ou uma insurreição interna: “Embora Putin ainda mantenha o controle, as condições para uma mudança de poder estão se formando, e a resistência contra ele está crescendo”.
Sobre uma eventual resposta internacional, a entrevistada ressalta que a decisão da Alemanha e de outros aliados ocidentais em continuar fornecendo ajuda militar à Ucrânia “demonstra um reforço no apoio ao país e um desafio direto às ameaças de Putin”.
Ela também observa que eventos recentes, como o cancelamento do gasoduto da Mongólia para a China e as movimentações econômicas, indicam um futuro econômico ainda mais sombrio para a Rússia.
A crise do atual governo russo parece cada vez mais profunda, na visão de Francis. A guerra, que persiste há mais de dois anos, não mostra indícios de uma resolução.
As consequências para Putin e seus aliados não se limitam ao cenário internacional; fatores internos e econômicos se entrelaçam para prometer intensificar ainda mais a conjuntura política do Kremlin.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.