Nesta quinta-feira (7), chegamos à marca de dois meses da guerra travada por Israel na Faixa de Gaza, alegando como objetivo a destruição do grupo extremista Hamas, que causou milhares de mortes, muita destruição e um sofrimento que está longe de chegar ao fim .
Tudo começou em 7 de outubro, após um ataque-surpresa do Hamas contra Israel ter deixado cerca de 1.200 mortos e feito reféns, o que levou Tel-Aviv a reagir declarando guerra.
Desde então, a destruição na Faixa de Gaza e o risco do conflito se espalhar para outros países da região tem alarmado autoridades internacionais, e a ONU já classifica a situação como “apocalíptica”.
No momento, o total de israelenses mortos é de 1.405 vítimas, de acordo com dados obtidos pela rede de televisão Aljazeera junto às autoridades locais. No lado palestino, a estimativa gira em torno de 17.177 mortos, dos quais 7.112 eram crianças.
O número, no entanto, está desatualizado pois o colapso do sistema de saúde e comunicação em Gaza impediu que as atualizações sejam feitas com assiduidade e precisão desde o dia 10 de novembro.
Nesta data, o mundo assiste a novos bombardeios das forças de Israel no sul da Faixa de Gaza, enquanto a população civil se amontoa em Rafah, na fronteira com o Egito, na tentativa de não serem alvos de ataques e obterem alguma ajuda humanitária.
Embora o período de pausa humanitária nos ataques tenha levado à libertação de alguns reféns de ambos os lados, ainda há civis sequestrados, e nenhuma resolução da ONU foi capaz de frear a violência na região.
Após a pausa humanitária, Israel retomou a ofensiva militar e está atacando até mesmo campos de refugiados e áreas que foram declaradas como zonas de segurança para os civis palestinos.
Por meio de uma carta escrita e enviada ao presidente do Conselho de Segurança da ONU, Jose Javier de la Gasca Lopez Dominguez, o atual secretário-geral, Antonio Guterres, afirmou que o conflito entre Israel e a Palestina se tornou uma ameaça à manutenção da paz e da segurança internacionais, invocando o artigo 99 da Carta de princípios que rege a atuação da ONU.
Na carta escrita na última quarta-feira (6), o secretário-geral reforça a urgência de uma ação mais contundente da própria ONU e da comunidade internacional como um todo, em busca de um cessar-fogo humanitário, urgentemente, para que a ajuda humanitária possa chegar às famílias afetadas pela guerra.
“O sistema de saúde em Gaza está em colapso. Os hospitais se transformaram em campos de batalha. Apenas 14 hospitais das 36 instalações estão parcialmente funcionais. Os dois principais hospitais no sul de Gaza estão a funcionar com três vezes a sua capacidade de camas e estão a ficar sem abastecimentos básicos e combustível. Eles também abrigam milhares de pessoas deslocadas. Nestas circunstâncias, mais pessoas morrerão sem tratamento nos próximos dias e semanas. Nenhum lugar é seguro em Gaza”, escreveu Guterres.
A atitude do secretário não foi bem aceita pelo ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, nem pelo embaixador do país na ONU, Gilad Erdan, que aumentaram a tensão entre o Estado Judeu e a ONU ao pedirem a demissão de Guterres.
Até o momento, mais de 16 mil palestinos foram mortos, inúmeros feridos e 1,9 milhão de pessoas (o equivalente a 85% da população de Gaza) foram obrigadas a se deslocar várias vezes para tentar sobreviver em meio aos bombardeios e operações militares por terra. Segundo o ministério da Saúde de Gaza, há pessoas desaparecidas que ficaram presas sob os escombros de edifícios que desabaram devido às bombas.
Os danos causados à estrutura do pequeno país, somados aos bloqueios do território, levaram à escassez de itens básicos à sobrevivência da população civil, que sofre sem água, comida, eletricidade e atendimento médico adequado, devido a bombardeios e invasões de Israel contra hospitais e ambulâncias.