“Eu não imaginava que o evento seria grande assim, fiquei surpresa quando cheguei, e isso é importante porque muita gente aqui precisa de dentista e de médico, e é difícil ir à cidade. Tendo aqui pertinho é bem proveitoso”. A afirmação é de Francisca Nair da Silva, moradora do Assentamento Sapiquá, distante 95 km do município de Cáceres. Ela foi atendida no Mutirão da Cidadania, idealizado pela primeira-dama Virginia Mendes, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc), na região de fronteira de Mato Grosso, na última sexta-feira (21.07).
Além de receber a cesta de produtos alimentícios, kits de higiene e limpeza, cobertor e filtro, por meio do Programa SER Família Solidário, Francisca Nair também teve acesso a atendimento médico e odontológico, e participou da palestra sobre violência doméstica. “Foi uma palestra muito boa, bem proveitosa. Ouvi coisas que ainda não tinha pensado que fosse violência contra a mulher”, completou.
Na primeira edição do Mutirão de Cidadania na região de fronteira de Mato Grosso com a Bolívia, na comunidade Jatobá, cerca de 400 pessoas foram atendidas nos serviços de cidadania e assistência social, oferecidos pela Setasc, como palestras, foto 3×4, atendimento do Procon e emissão de segunda via de documentos. Receberam também atendimentos da Defensoria Pública e de médicos, odontológicos e vacinação, oferecidos pela Prefeitura de Cáceres.
Durante o evento, também foram entregues 130 cestas de produtos alimentícios, kits de higiene e limpeza; 130 cobertores e 60 filtros, por meio do Programa SER Família Solidário, também pensado pela primeira-dama de Mato Grosso, Virginia Mendes.
O Mutirão da Cidadania na região de fronteira foi realizado a pedido e em parceria com o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), unidade especial da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), e também contou com o apoio da Defesa Civil.
A secretária da Setasc, Grasi Bugalho, falou sobre a importância da realização do Mutirão da Cidadania, que já percorreu 22 municípios, em uma região distante de um centro urbano. “A região de fronteira hoje é vasta, com várias comunidades. Estivemos na comunidade Jatobá e no seu entorno temos outras oito comunidades, e com várias parcerias oferecemos o mutirão da cidadania, idealizado pela primeira-dama Virginia Mendes, em um evento capitaneado pelo Gefron. O foco da Setasc é levar o mutirão aos menores municípios, às comunidades rurais, à população que tem dificuldade de acessar os serviços oferecidos somente nos centros das cidades”, ressaltou.
Grasi contou que a Setasc também vem fazendo mutirões em aldeias indígenas. “Pela primeira vez estamos cadastrando a população indígena, justamente para começarmos a ter um mapeamento da situação dessa população que está, muitas vezes, longe dos centros e tem dificuldades de acessar esses serviços, manter os seus cadastros, como o Cadastro Único, em dia. E, a gente indo até essa população, conseguimos conhecer, saber quais as principais demandas e planejar um atendimento melhor a cada dia junto com os municípios”, completou.
O comandante do Gefron, tenente-coronel Manoel Bugalho Neto, explicou que, ao assumir o Grupo Especial em janeiro, com a nova gestão do governador Mauro Mendes e com o secretário de Segurança Pública, Coronel PM César Augusto Roveri, conheceu a realidade social das comunidades de fronteira, que é uma área de vulnerabilidade e tem inúmeras necessidades. “Vendo isso, nós fizemos a proposta de trazer o mutirão para cá, e o resultado está aí, um dia festivo onde trouxemos vários serviços, e várias atividades para as comunidades. Para nós é uma satisfação, e a gente agradece muito a participação da Setasc, com toda a sua equipe por meio da secretária Grasielle, e também do apoio da primeira-dama Virginia Mendes, que é uma pessoa que tem esse olhar para o social. Então, com todo esse conjunto de boas intenções, de um estado eficiente, de uma administração que busca resultados, a gente consegue trazer uma ação de qualidade para a comunidade”, disse.
Para a representante do Município de Cáceres no evento, coordenadora de Vigilância e Saúde, Cynara Piran, foi uma surpresa a realização do evento. Ela expressou a gratidão pelo convite para participar do evento. “O Governo do Estado trazer esses serviços é um alento, pois quando estamos distantes dos municípios, algumas vezes distantes 200 quilômetros em estradas sem asfalto, e o Governo traz esses cobertores, esse aconchego, esse alimento, a dignidade, a autoestima faz as pessoas terem vontade de produzir e se manter no local. Nós, enquanto município, estamos muito agradecidos. A prefeita Eliene quer agradecer imensamente a primeira-dama Virginia por ter tido esse olhar, essa sensibilidade para essa região que é bem pobre, bem desassistida”, enfatizou.
Dona Ana Giusa Miranda Saboré, moradora da localidade de Porto Limão foi só elogios para o evento Mutirão da Cidadania. “Ter esses serviços aqui disponíveis é muito excelente, um trabalho magnífico do Governo do Estado estar se deslocando da capital para a fronteira. Aqui nós precisamos de muito apoio e esse evento é uma honra. Que Deus sempre abençoe a primeira-dama Virginia Mendes”. Além de receber a cesta, cobertor e filtro, ela também aproveitou para consultar o médico, o dentista e assistir palestras.
Durceline Coelho de Matos, moradora da comunidade Corixinha, participou das palestras sobre violência contra a mulher, e também sobre cuidados dos dentes, além de aproveitar o atendimento médico para verificar a pressão. “Esse evento é muito importante aqui para a região, porque aqui têm muitas pessoas carentes e sem conhecimento, e que tentam procurar conhecimento. Aqui é muito dificultoso o acesso a tudo aquilo que necessitam e precisam. Eu, como já trabalhei na escola e já assisti palestras sobre violência doméstica já tinha conhecimento sobre o que foi falado, mas muitas mulheres daqui da comunidade não tinham esse conhecimento, então acredito que foi muito importante essas palestras, trouxe esclarecimento para elas”, concluiu.
Para a diretora da Escola Estadual 12 de Outubro, onde foi realizado o Mutirão da Cidadania, Jennifer Bianca dos Santos, o evento, além de grandioso, foi muito significativo para a região, “porque nossas comunidades e assentados são muito carentes e necessitam desse atendimento. Realmente superou a nossa expectativa. Foi um evento emblemático. A escola está de portas abertas para receber outros eventos como esse”, concluiu
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.