O Governo de Mato Grosso investiu R$ 1,8 bilhão com ações e serviços públicos de saúde nos dois primeiros quadrimestres deste ano. O recurso representa 12,75% de toda a arrecadação do Estado e é o maior percentual aplicado em um quadrimestre na Saúde desde 2020.
Os dados foram apresentados durante a audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (10.10), para debater o Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA 2023) da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT).
Os números do primeiro quadrimestre deste ano, que compreende os meses de janeiro a abril, já tinham sido apresentados na Casa de Leis em junho. O investimento para aquele período tinha alcançado R$ 1,3 bilhão.
Conforme o balancete financeiro e orçamentário, apresentado nesta terça-feira, R$ 969 milhões foram destinados especificamente à Assistência Hospitalar e Ambulatorial do Estado. A SES administra diretamente oito unidades hospitalares, sendo elas: Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá; Hospital Metropolitano, em Várzea Grande, e os Hospitais Regionais de Cáceres, Rondonópolis, Sorriso, Sinop, Colíder e Alta Floresta.
Também foram destinados R$ 63,9 milhões para a Atenção Básica, R$ 53,7 milhões para o Suporte Profilático e Terapêutico e R$ 2,9 milhões para a Vigilância em Saúde.
O relatório quadrimestral foi apresentado pelo responsável pelo Núcleo de Gestão Estratégica para Resultados (NGER) da SES, Oberdan Lira. Ele pontuou que este segundo quadrimestre superou em quase 11,84% o segundo quadrimestre de 2022, cujo investimento foi de R$ 1,6 bilhões. Se comparado com o segundo quadrimestre de 2020, o aumento ultrapassa 50% daquele período, quando foram aplicados R$ 914,1 milhões.
“Percebemos uma progressão dos investimentos desde 2020 e isso nos deixa satisfeitos e esperançosos de que vamos fechar o ano com aplicações expressivas em diversas áreas da saúde”, disse.
Transferências municipais
Durante a audiência pública, a SES ainda apresentou as tabelas referentes às transferências financeiras de R$ 522,6 milhões realizadas a 141 municípios do Estado no segundo quadrimestre de 2023.
A macrorregião que mais recebeu repasse foi o Centro Norte, somando R$ 198,4 milhões. Em seguida foi a região Leste, com R$ 62,7 milhões; região Sul, com R$ 77, 6 milhões; região Norte, com R$ 106 milhões; região Centro Noroeste, com R$ 57,2 milhões e Oeste, com R$ 19 milhões.
Os repasses foram destinados para diversos serviços, como de Média e Alta Complexidade (MAC), Ambulatório de Atenção Especializada (AAER), Atenção Primária, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Cofinanciamento Estadual Excepcional de Custeio e Investimento, Programa de Apoio ao Desenvolvimento e Implementação dos Consórcios Intermunicipais de Saúde (Paici), Fila Zero na Cirurgia, Assistência Farmacêutica, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Regionalização.
Participaram da audiência pública outros setores da secretaria, como o gabinete adjunto de Unidades Especializadas, além da equipe do Centro Estadual de Referência em Média e Alta Complexidade (Cermac), Centro Estadual de Odontologia para Pacientes Especiais (Ceope), do Centro Integrado de Assistência Psicossocial Adauto Botelho, Assessoria Jurídica e das Superintendências de Urgência e Emergência, de Atenção à Saúde e de Regulação.
Ainda participaram da discussão integrantes da Comissão Permanente de Saúde e Assistência Social (CPSAS) do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) e da Defensoria Pública de Mato Grosso.
A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.
A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.
De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.
A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.
Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.