Na manhã desta quinta-feira (14), o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, informou que foi elaborada uma forte proposta de acordo para um cessar-fogo no conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
“A questão é: o Hamas irá aceitá-lo? O Hamas quer acabar com o sofrimento que causa?”, questionou o chefe da diplomacia norte-americana, em entrevista.
De acordo com o secretário, Washington tem trabalhado intensamente com o Catar e o Egito para estabelecer acordo que garanta a libertação dos reféns e a ajuda sustentável para os palestinos na região.
Na entrevista, Blinken também apelou a Israel para que abra “tantos pontos de acesso quanto possível” para levar ajuda humanitária aos palestinos. Ele falou que o corredor marítimo entre o Chipre e o norte de Gaza, inaugurado nesta terça (12), “não substitui as rotas terrestres, que continuam a ser as mais críticas”.
Também foi anunciado um novo lançamento aéreo de ajuda humanitária no Norte de Gaza, pelo Comando Central dos Estados Unidos no Oriente Médio (Centcom).
“A operação conjunta incluiu duas aeronaves C-130 e um C-17 Globemaster III, da Força Aérea dos Estados Unidos (EUA), e soldados do Exército especializados na entrega aérea de suprimentos de assistência humanitária”, explicou em comunicado na rede social X.
De acordo com as Forças americanas, os aviões dos EUA lançaram mais de 35.700 pacotes de alimentos e cerca de 28.800 garrafas de água. “Esta foi a primeira vez que um C-17 foi usado para entregar ajuda desde que o lançamento aéreo começou em 2 de março”, acrescentou o comando.
Crise humanitária
A crise humanitária no norte de Gaza atingiu proporções alarmantes após os primeiros avanços militares de Israel em resposta ao ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro, que desencadearam o conflito. De acordo com dados do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), mais de 500 mil pessoas já enfrentam fome ou situações de catástrofe humanitária, enquanto praticamente toda a população de 2,4 milhões de habitantes enfrenta escassez severa de alimentos. O Ministério da Saúde de Gaza relatou mais de 20 mortes por inanição, com pelo menos metade delas sendo menores de idade.
Desde então, a pressão internacional tem aumentado sobre Israel para resolver a crescente crise humanitária. As Nações Unidas alertaram para o risco iminente de fome se o acesso a alimentos e outras necessidades básicas não for melhorado, especialmente no norte.
Mais crianças morreram em Gaza do que em 4 anos de guerras no mundo
O número de crianças mortas na Faixa de Gaza em 4 meses de guerra, de outubro de 2023 a fevereiro de 2024, superou o total de crianças mortas em todas as guerras do mundo durante 4 anos, de 2019 a 2022. Os números foram compilados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que calcula que uma criança é morta a cada 10 minutos em Gaza.
Enquanto todas as guerras combinadas de 2019 a 2022 mataram 12.193 crianças, os quatro primeiros meses do conflito em Gaza tirou a vida de 12.300 crianças. Se acrescentarmos as mortes computadas em março, o número de crianças mortas em Gaza ultrapassou os 13 mil, de acordo com o Ministério de Saúde do enclave palestino.
“Esta guerra é uma guerra contra as crianças. É uma guerra contra a sua infância e o seu futuro. #CessarFogoAgora para o bem das crianças em #Gaza”, publicou em uma rede social Philippe Lazzarini, chefe da Agência da ONU de Assistência para Palestinos (UNRWA).
O governo de Israel tem sido pressionado por diversos países de todo o mundo para suspender as ações militares na região. O país ainda responde, na Corte Internacional de Justiça (CIJ), pela acusação de genocídio em Gaza. Apresentado pela África do Sul, a denúncia teve o apoio do Brasil.