O funeral do ativista Alexei Navalny, principal opositor do presidente russo, Vladimir Putin, morto no último dia 16 de fevereiro, reuniu uma multidão em Moscou nesta sexta-feira (1º).
A cerimônia aconteceu em uma igreja na capital da Rússia e foi transmitida ao vivo por uma equipe da Fundação Anticorrupção, tendo em vista que a imprensa oficial não destacou o acontecimento.
Segundo a equipe de Navalny, entre 2 e 3 mil cidadãos estiveram no local para se despedir do ativista, cujo caixão foi recebido com aplausos e gritos de “Navalny, Navalny”.
Dezenas de veículos e caminhões de policiais do choque ficaram estacionados nas áreas próximas do funeral. Um jornalista da agência francesa AFP relatou ter visto agentes usando capacetes e carregando bomba de gás lacrimogêneo patrulhando a área, incluindo em estações de metrô próximas.
Além de apoiadores, o último adeus também contou com a presença de embaixadores europeus, como o diplomata francês em Moscou, Pierre Lévy, e do encarregado de negócios italiano Pietro Sferra Carini. Inclusive, a mídia ocidental relatou que a embaixadora dos Estados Unidos na Rússia, Lynne Tracy, compareceu ao funeral.
A União Europeia também chegou a informar que enviou uma delegação. No entanto, embaixadores e diplomatas ocidentais não foram autorizados a entrar na igreja.
No final da cerimônia, quando o carro funerário se dirigia ao cemitério Borisovskoye, que fica a cerca de 30 minutos a pé da Igreja do ícone da Mãe de Deus, o encarregado de negócios italiano Pietro Sferra Carini conseguiu atirar uma flor vermelha no veículo.
Durante o funeral, o Kremlin fez um alerta contra qualquer protesto “não autorizado”. “Qualquer manifestação não autorizada será uma violação da lei. Consequentemente, aqueles que nela participarem serão responsabilizados de acordo com a lei em vigor”, declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, citado pela agência de notícias Tass.
Em um telefonema com jornalistas, Peskov ressaltou que “o Kremlin não tem nada a dizer à família de Navalny no dia do seu funeral”.
O advogado, que tinha 47 anos, morreu em uma penitenciária russa no Círculo Polar Ártico. As autoridades do país afirmam que Navalny passou mal após uma caminhada, mas boa parte da comunidade internacional acusa o Kremlin pelo ocorrido.
Para o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, Putin “tentou silenciar” a oposição, mas “o mundo está a observar” Moscou e o funeral em andamento de Navalny.
De acordo com o porta-voz do Serviço de Ação Externa da UE, Peter Stano, “há vários indícios da atuação do Kremlin relativamente à violação dos direitos humanos, basta olhar para a repressão implementada após a morte” do opositor.
Apesar das acusações, o governo russo negou o envolvimento do Estado em sua morte.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.