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BRASIL

“Foi como um sonho”, diz o fotógrafo que registrou Brasília em 1957

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Dos mais humildes aos poderosos. Das luzes às sombras.  Nada escapou às lentes de um dos principais fotógrafos da história brasileira. Com obra consagrada e premiada na segunda metade do século 20, o carioca Walter Firmo, hoje com 85 anos de idade, notabilizou-se pelos registros poéticos e exclusivos por onde passou. No entanto, um dos momentos que o experiente profissional considera mais inesquecível foi uma cobertura no ano de 1957, quando registrou algo que ele chama de inacreditável: a construção de uma cidade para ser a capital do Brasil.

Enquanto erguia sua máquina, emocionava-se, do outro lado do visor, com os princípios das edificações. “Foi um sonho. Algo inacreditável. Parecia cinema”, recorda Firmo. Conhecido por registrar em diferentes trabalhos as pessoas mais simples, e também artistas e políticos, ficou impressionado com a força dos candangos. A obra do mestre da fotografia pode ser conferida também na mostra “No Verbo do Silêncio a Síntese do Grito”,  em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na capital do País, com acervo que é preservado pelo Instituto Moreira Salles (IMS). Na capital, Firmo concedeu entrevista à Agência Brasil. Confira alguns trechos abaixo.

Agência Brasil – O senhor conheceu Brasília nos anos 1950, antes da inauguração, certo?

Walter Firmo – Eu estive em Brasília em 1957 (a serviço do jornal Última Hora, veículo fundado por Samuel Wainer). Eu tinha 20 anos de idade. Eu vi e fotografei  essa cidade sendo erguida. Eram só os começos dos prédios dos ministérios e na Praça dos Três Poderes, além de milhares de candangos em cima de caminhões. Eles trabalharam incessantemente. Foi assim que eu conheci Brasília. Fotografei Juscelino Kubitschek​ (ex-presidente) e  (Oscar) Niemeyer (arquiteto).

Agência Brasil – E qual foi a sua impressão ao chegar nessa cidade que seria inaugurada?

Walter Firmo – A minha sensação era que eu estava sobre um belvedere que iria surgir. Um lugar que seria o centro político das decisões do Brasil. O Juscelino fez um gesto gigantesco, de boa vontade, e que iria representar um crescimento do país. Ele interiorizou o país e o Brasil, que se diversificou.

Agência Brasil – Antes da inauguração, o senhor ainda fez outros trabalhos na capital?

Walter Firmo – Sim. Estive meses antes de inaugurar (em fevereiro de 1960) para cobrir a visita do então presidente norte-americano (Dwight) Eisenhouer. (Confira aqui o discurso  do presidente Juscelino nessa ocasião). A imagem dele saudando o povo e dando as mãos com Juscelino ocupou uma página inteira. Nunca mais esqueço disso. 

Agência Brasil – Além dos artistas e políticos, o senhor é consagrado também pela sua capacidade de traduzir  a negritude, os trabalhadores e os mais humildes. Como foi coletar as imagens dos trabalhadores de Brasília?

Walter Firmo – O meu trabalho foi sempre fotografar as pessoas mais simples. Que respiram. Por serem simples, eles são mais humanos. A exposição de minhas fotos no Centro Cultural Banco Brasil (CCBB) mostra as pessoas simples. Eles são trabalhadores diferentes que ajudaram a construir esse lugar.

Agência Brasil – . O que o senhor encontrou de mais especial ao fotografar esses trabalhadores de Brasília?

Walter Firmo – O que eles fizeram foi algo gigantesco. Era algo inacreditável. Parecia um sonho. Era uma coisa que parece que não era verdadeira. Brasília está aí mostrando a sua beleza. Outro dia, eu estava em Brasília e ouvi de uma senhora que o pai dela havia ajudado a construir a Catedral. Isso é muito belo. 

Agência Brasil – Aos 85 anos de idade, como é voltar a Brasília?

Walter Firmo – Brasília é uma cidade brasileira singular, diferentes no mundo porque foi planejada. Quando se visita Brasília, pode se amar ou detestar, mas não se pode ficar indiferente. Eu gosto da diferença que essa cidade apresenta,

Agência Brasil –  Ao voltar a Brasília, o senhor vê os trabalhadores da atualidade como viu antes da inauguração?

Walter Firmo – Os trabalhadores continuam com esse espírito de luta. Mas não os candangos de antes. Eram homens que vieram do Nordeste, de uma simplicidade extrema. Pessoas que não tinham o que comer e se aventuravam em um lugar novo. Eles tinham um chapéu e uma bota, e nada mais. Esse tipo de operário eu não vejo mais hoje. Aquela saga foi algo inigualável e inesquecível. 

Agência Brasil – O senhor considera essa sua cobertura antes da inauguração algo inesquecível em sua carreira?

Walter FirmoSim. Era algo que parecia cinema. Não vou esquecer nunca mais. Hoje ela está muito moderninha para o meu gosto (risos). Foi uma semente de uma era. Hoje, com 63 anos, ela não tem nada de velha. Ela é linda. Toda vez que eu passo por Brasília, eu me emociono. Eu sinto algo estranho dentro de mim. Foi triste assistir ao que ocorreu no dia 8 de janeiro, quando foi atacada e vilipendiada. É uma cidade que representa o sonho de muita gente. Brasília é transformadora e original.

Fonte: EBC GERAL

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Daltonismo em crianças: médica explica como identificar a condição

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Daltonismo em crianças: médica explica como identificar a condição
André Braga

Daltonismo em crianças: médica explica como identificar a condição

Neste mês de setembro , o Dia Mundial do Daltonismo tem o objetivo de esclarecer alguns pontos envolvendo o distúrbio da visão, como os sinais para identificá-lo ainda na infância. De acordo com a oftalmologista Mayra Melo, o diagnóstico é crucial para garantir o suporte adequado no desenvolvimento escolar e social.

O daltonismo é conhecido como discromatopsia, sendo portanto, alteração na percepção das cores que afeta cerca de 8% dos homens e 0,5% das mulheres no mundo.

“Os pais devem observar sinais como dificuldade em distinguir cores básicas, como vermelho e verde, ou quando a criança troca frequentemente as cores ao desenhar ou colorir”, orienta Mayra.

É comum também que os pais notem uma certa preferência por roupas de cores neutras ou frequência da dificuldade em atividades que envolvam a diferenciação de cores, como jogos e brincadeiras.

“Em muitos casos, a criança pode sentir frustração ou desinteresse em atividades escolares que envolvem cores, o que pode ser erroneamente interpretado como falta de atenção ou interesse”, alerta a especialista.

O diagnóstico é feito por um oftalmologista, utilizando testes específicos como o de Ishihara, que avalia a percepção das cores. Apesar de não haver cura para a condição, o diagnóstico precoce permite que a criança seja orientada e adaptada para lidar melhor.

“O uso de ferramentas adequadas, como material escolar com contrastes fortes e a utilização de óculos ou lentes com filtros especiais, pode fazer toda a diferença no desenvolvimento acadêmico e na autoestima da criança”, afirma.

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Fonte: Nacional

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