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MATO GROSSO

Evento debate avanços e desafios para garantir direitos às pessoas LGBTQIA+ no sistema prisional

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 O 1º Seminário LGBTQIA+ Prisional, realizado nessa terça-feira (28 de novembro), no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, discutiu o que vem sendo feito em nível nacional para trazer mais dignidade e humanidade às pessoas LGBTQIA+ em cumprimento de pena e também trouxe para debate reflexões sobre a criação e o aumento de políticas públicas dedicadas a essa população.
 
O painel “Defesa de direitos pelo Estado e organizações da sociedade civil e as perspectivas penais” contou com a participação da secretária nacional dos Direitos LGBTQIA+, Simmy Larrat, que fez uma explanação sobre o trabalho que vem sendo realizado pelo Ministério dos Direitos Humanos, juntamente com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Mecanismos de combate à tortura, monitoramento dos ambientes prisionais, atualização das normativas do sistema penitenciário em relação à população LGBTQIA+, luta pelo cumprimento de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), desencarceramento, entre outros assuntos foram debatidos no evento.
 
“Nós estamos visitando o TJMT para trazer o que há de mais moderno. Por isso vir para cá e me conectar pessoalmente, conectar a Secretaria a experiências que estão modernizando e atualizando ao máximo essa experiência vai fazer toda a diferença no trabalho que nós estamos executando”, afirmou Simmy, que é a primeira travesti a ocupar o cargo no governo federal.
 
Projetos – A secretária nacional também compartilhou a experiência relativa a um projeto-piloto que visa garantir os direitos de acesso à saúde pela população LGBTQIA+ privada de liberdade. “Vamos começar por uma unidade prisional no Distrito Federal que é a PREP nos presídios, ou seja, levar medicação para a população LGBTQIA+ nos presídios. Além da PREP, tem os hormônios. A gente tem que pensar em todo o acesso à saúde dessa população dentro do espaço prisional. Estamos colocando uma lupa sobre essa questão e todo esse trabalho, essa elaboração que nós estamos fazendo perpassa por um diálogo constante com os diversos ministérios e com a sociedade civil organizada”, declarou, pontuando que o Ministério irá acompanhar a execução dos projetos que estão sendo debatidos no 1º Seminário LGBTQIA+ Prisional.
 
Quem também participou do debate foi a coordenadora municipal de Diversidade de São Paulo, Léo Áquilla, que elogiou a iniciativa do Judiciário de Mato Grosso em realizar o evento pioneiro. “A gente vê muita coisa acontecendo nesse eixo São Paulo-Rio, onde normalmente nascem as melhores políticas públicas, os melhores projetos. E estar em Cuiabá, em Mato Grosso, é beber dessa fonte inovadora, que tem esse olhar atento, apurado, humanizado. A lei tem que ser humanizada, não se tem um olhar humanizado para nós, que somos vistos como o lixo da humanidade na cabeça de algumas pessoas, somos totalmente negligenciados”.
 
Vir ao TJMT falar sobre a população egressa do sistema penitenciário é expor quais são as vulnerabilidades que essas pessoas têm. E o fato de ser egressa desse sistema é mais uma vulnerabilidade. “Eu me pergunto qual a perspectiva de vida essas pessoas terão se nós, que somos da política e que fazemos política pública para essas pessoas, não nos preocuparmos de fato?”, disse, asseverando: “Quero que Cuiabá renove essa esperança e seja um exemplo para o Brasil”.
 
Intersecção – A coordenadora de Diversidade ressaltou ainda a necessidade de um trabalho interssetorial para enfrentar a questão. “Eu, como coordenadora municipal da Diversidade de São Paulo, não tenho condições de resolver isso sozinha. Tem que ser multidisciplinar, intersecretarial e todos os poderes precisam estar envolvidos. A gente precisa que seja multidisciplinar para que todas as frentes estejam falando a mesma língua, convergindo, para que essa pessoa não precise mais, após sair do sistema penitenciário, voltar para o crime”.
 
O pesquisador Felipe Athayde Lins de Melo, do Laboratório de Gestão de Políticas Penais da Universidade de Brasília (Labgepen/UNB), compartilhou com a mesa de debates suas experiências acadêmicas sobre o tema, destacando conceitos que precisam ser pensados, como ocupação política dos espaços, modelo de funcionamento do Estado, encarceramento desenfreado e limites da democracia representativa.
 
“Podemos ver a educação como uma forma de controle social e como uma educação violenta, quando vai moldando corpos de acordo com padrões normativos pré-estabelecidos. Precisamos pensar como é possível ocupar espaços, teorias e métodos educacionais para modificar esses padrões”, questionou.
 
A defensora pública Rosana Leite foi a mediadora da Mesa 4.
 
12 anos da Ala LGBTQIA+ em Mato Grosso – O decorrer da história das conquistas LGBTQIA+ no sistema prisional de Mato Grosso foi o tema da Mesa 3, mediada por um dos organizadores do evento, Sandro Augusto Lohmann, além de um dos maiores precursores do movimento LGBTQIA+ em Mato Grosso, Clóvis Arantes, os egressos do sistema prisional Monik Moraes Silveira Chaves (mulher trans) e Raimundo Silva Povoas (homem gay), que passaram pela chamada “ala arco-íris” do antigo Centro de Ressocialização de Cuiabá quando foram presos, e o tenente-coronel da PM Ricardo Bueno de Jesus, que trabalha no combate a crimes de homofobia.
 
Clóvis falou sobre a importância de reconhecer todas as pessoas que iniciaram a luta para que os direitos das pessoas LGBTQIA+ fossem cumpridos e respeitados nos presídios, há 40 anos, e ressaltou a importância de conseguir aliados e aliadas, tanto do movimento quanto de pessoas heterossexuais e instituições que apoiam a pauta.
 
“Nós não fazemos revolução sozinhos. Precisamos de aliados e aliadas em todos os espaços, precisamos do Judiciário como aliado, precisamos de mais instituições debatendo nossa pauta, que precisa ser colocada em todos os espaços. Temos história em Mato Grosso, já caminhamos muito, mas precisamos ainda fortalecer as instituições e lutar por direitos dentro e fora do sistema prisional”, enfatizou.
 
Monik e Raimundo contaram um pouco sobre como é estar preso em Mato Grosso sendo uma pessoa LGBTQIA+. Monik conta que a ala arco-íris já estava bem estruturada quando ela foi presa, em 2020, mas faltavam itens de higiene pessoal e tratamento hormonal. Já Raimundo contou que foi muito agredido fisicamente no presídio por ser gay, era acusado e segregado dos demais, teve seu cabelo raspado e sofreu preconceito de todas as partes. Com o apoio de instituições como a Associação Mais Liberdade e a Fundação Nova Chance, ambos conseguiram retomar os estudos e estão trabalhando.
 
#Paratodosverem – Esta matéria possui recursos de texto alternativo para promover a inclusão das pessoas com deficiência visual. Primeira imagem: foto horizontal colorida com os integrantes da Mesa 4 de debate. Quatro participantes estão sentados em uma mesa com uma toalha preta, ao centro a palestrante Léo Áquila fala ao microfone. Ela é uma mulher trans alta, loira, magra, veste vestido preto e usa anéis e pulseiras. Os palestrantes estão no Plenário 1, onde ocorrem as sessões de julgamento entre todos os desembargadores, há plantas no chão, em um vaso grande à direita e dois mastros com as bandeiras de Mato Grosso e do Brasil. Há um tapete colorido no chão e atrás um painel preto com quadrados onde são exibidas a logomarca do organizador, a Associação Mais Liberdade, e logos do evento. Ao centro está escrito 1º Seminário LGBTQIA+ Prisional.Segunda imagem: quatro participantes estão sentados no mesmo cenário do evento e o palestrante Clóvis fala ao microfone. Ele é um homem de cabelo grisalho, usa óculos e veste camisa social rosa. Os participantes Sandro e Raimundo olham para ele enquanto ele fala e a participante Monik olha para a plateia à frente. 
 
Celly Silva e Mylena Petrucelli
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT
imprensa@tjmt.jus.br
 

Fonte: Tribunal de Justiça de MT – MT

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MATO GROSSO

Penas impostas a réus de 5 vítimas retratadas em mostra somam 107 anos

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A edição 2024 dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” chegou à Sede das Promotorias de Justiça da Capital promovendo a conscientização sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres por meio da 1ª Mostra Fotográfica das Vítimas de Feminicídio em Cuiabá. Com apoio do Ministério Público, a exposição itinerante da Prefeitura Municipal de Cuiabá é realizada pela Secretaria Municipal da Mulher e ficará em cartaz no local até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Dos 11 réus autores dos feminicídios cometidos contra as vítimas retratadas na exposição fotográfica, cinco já foram submetidos a julgamento. Somadas, as penas aplicadas totalizam 107 anos de prisão. Entre os seis réus que ainda não foram julgados, somente Gilson Castelan de Souza, autor do feminicídio cometido contra Silbene Duroure da Guia, está foragido.

A mãe de uma das vítimas, Antônia Maria da Guia, que é avó de quatro netos e bisavó de uma menina de 9 anos, participou da solenidade de abertura da exposição fotográfica realizada nesta quinta-feira, 21 de novembro. Emocionada, a auxiliar judiciária clamou por justiça e lembrou do relacionamento conturbado da filha. “Foram cinco anos de relacionamento entre idas e vindas. Ela esperava que ele mudasse, mas isso não aconteceu. Então eu peço para as mulheres que, em qualquer sinal de violência, denunciem, busquem ajuda, não fiquem caladas. Precisamos parar com essa tragédia. Nenhuma mulher merece morrer”, disse.

De acordo com a procuradora de Justiça Elisamara Sigles Vodonós Portela, o estado de Mato Grosso registrou, em 2024, a morte de 40 mulheres, e cerca de 70 crianças entraram na estatística de órfãos do feminicídio. “Esta exposição é para apresentar quem são essas vítimas, quem são essas mulheres, mães, avós, filhas e o resultado do que aconteceu com esses assassinos. O Ministério Público tem se empenhado para a completa aplicação da Lei Maria da Penha. Hoje, com a alteração significativa no Código Penal, a punição mais severa na legislação brasileira é para o crime de feminicídio, e nós esperamos que isso possa causar impacto na redução desses números”.

A primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, reforçou a importância da visibilidade ao tema, destacando que a prevenção começa com debate, informação e ações que promovam segurança, justiça e igualdade. “Infelizmente, as marcas do feminicídio continuam a assombrar nossa sociedade. Vidas preciosas foram interrompidas pela brutalidade e pela misoginia. Quanto mais falamos, mais aprendemos, menos tememos e mais avançamos no fortalecimento da rede de enfrentamento à violência”, disse.

Para a secretária-adjunta da Mulher de Cuiabá, Elis Prates, ações de conscientização são essenciais: “É um momento de fortalecimento na luta pelo fim da violência contra a mulher, porque só assim conseguimos mudar essa realidade por uma sociedade mais justa, mais igualitária, para que todas possam fazer uso dos seus direitos como cidadãs brasileiras”, pontuou.

Fonte: Ministério Público MT – MT

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