Após alguns países do Ocidente cogitarem enviar tropas para lutar na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou provocar uma guerra nuclear .
A sugestão de Macron foi negada pelos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e outros países, pela possibilidade de haver uma escalada no conflito já existente.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, declarou que os países concordam que “não haverá tropas terrestres, nem soldados em solo ucraniano enviados para lá por países europeus ou Estados da Otan”.
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, afirmou que as propostas para enviar tropas para a Ucrânia levariam a uma “escalada significativa de tensões”. Ele ressaltou ainda seu governo “nunca concordará em enviar tropas eslovacas para a guerra na Ucrânia”.
Segundo Putin, líderes ocidentais estariam se intrometendo em uma questão interna. Ele revelou ainda que possui um “arsenal nuclear amplamente modernizado, o maior do mundo”.
Irritado, o líder russo afirmou também que “as forças nucleares estratégicas estão em um estado de prontidão total” e ainda pediu para que os políticos ocidentais relembrem o destino de pessoas como Adolf Hitler, da Alemanha nazista, e Napoleão Bonaparte, da França, que invadiram a Rússia no passado e fracassaram.
“Agora, as consequências serão muito mais trágicas”, disse Putin. “Eles acham que a guerra é uma caricatura”, completou.
No entanto, as estimativas, de diferentes entidades do mundo, apontam que o número de vidas perdidas esteja entre 400–700 mil.
O início da guerra se deu quando Putin ordenou o que chamou de “operação militar especial” em solo ucraniano, em fevereiro de 2022. Os bombardeios, que puderam ser ouvidos de diversas partes do país, deram início a uma sequência de ataques que, agora, dois anos depois, ainda não tem perspectiva de desfecho.
Antes da ordem do presidente russo, a relação entre Ucrânia e Rússia até 2022 estava marcada por tensões, mas sem bombardeios, principalmente após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
O estopim da guerra aconteceu devido à possível entrada da Ucrânia na Otan. A nação ucraniana visa preservar sua integridade territorial, enquanto a Rússia tem interesses estratégicos na região.
Desde o início do conflito, as negociações internacionais têm ocorrido para tentar resolver a situação, com a participação da União Europeia e os Estados Unidos. No entanto, até o momento, uma solução abrangente ainda foi alcançada.
Uma guerra nuclear vai mesmo acontecer?
“É muito possível. Estamos esperando o pior cenário”, diz a especialista em Relações Internacionais, Laís Nascimento. Ela afirma ainda que “foi de um irresponsabilidade muito grande dos europeus arrastarem o mundo para essa situação, se essas linhas não tivessem sido cruzadas, não estaríamos nesse ponto”.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2022, por cientistas da universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, uma guerra nuclear poderia matar até 5 bilhões de pessoas devido ao impacto não somente das bombas e destruição, mas também da fome global desencadeada pela fuligem que bloquearia a luz solar.
Além das mortes em massa, outra consequência de uma guerra nuclear são os efeitos ambientais devido à radiação, que contaminaria o ar, a água e o solo. Uma instabilidade geopolítica e um colapso econômico de todo um (ou mais) continente também poderia ser observado após o início do conflito nuclear.
“Putin fala de uma bomba que pode atingir mais de dez cidades ao mesmo tempo, a gente não tá falando de uma bomba pequena, como foi Hiroshima Nagasaki, que já fez um estrago absurdo. Imagina uma bomba de fragmentação que pode atacar mais de dez cidades de uma vez só. Esse é um risco para o mundo inteiro, porque num conflito nuclear, dependendo do nível, vai morrer todo mundo, até porque a gente tem um limite de bombas que pode soltar na atmosfera sem prejudicar o mundo todo”, afirma Laís.
Para a especialista, devido às recentes decisões dos líderes internacionais, a possibilidade de uma guerra nuclear é maior hoje do que em 2022. A não ser, é claro, que o confronto entre Rússia e Ucrânia acabe por meio de um acordo de paz. No entanto, para Putin, a guerra só vai acabar quando a Rússia vencer. “Vou lembrá-lo do que estamos falando: a desnazificação da Ucrânia, sua desmilitarização, seu status neutro”, afirmou o líder russo.
O presidente da Rússia descarta negociações e opta pela batalha. “Há outras possibilidades: alcançamos um acordo ou resolvemos o problema pela força. É o que vamos tentar fazer”, disse Putin.
O líder da Ucrânia, Volodymir Zelensky, também não planeja ceder. Para ele, não há como entrar em negociação com a Rússia. O líder ucraniano pede que os cidadãos mantenham a “resiliência” e informa que não pretende mudar a estratégia, recuperando territórios tomados, inclusive a Crimeia, capturada em 2014.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (12) que receberá seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Kazan, no próximo mês de outubro, por ocasião da cúpula dos Brics.
O anúncio foi feito pelo mandatário russo durante encontro com o ministro das Relações Exteriores de Pequin, Wang Yi, em São Petersburgo, segundo a agência Interfax.
De acordo com Putin, as relações entre a China e a Rússia continuam a desenvolver-se “com muito sucesso em todas as direções”, incluindo a “coordenação no cenário internacional”.
Em imagens divulgadas pela mídia russa, Wang destacou que “o presidente Xi está muito feliz em aceitar o convite”.
“Nessa ocasião os dois chefes de Estado terão novas discussões estratégicas”, acrescentou o chanceler, destacando que ambos os líderes “estabeleceram uma confiança mútua sólida e uma amizade profunda”.
O ministro chinês chegou a São Petersburgo para participar da cúpula de altos funcionários e conselheiros de segurança nacional do bloco Brics. Sua visita também foi vista como uma oportunidade para lançar as bases do encontro presencial entre os líderes dos dois países.
A reunião dos Brics está marcada para acontecer entre 22 e 24 de outubro, na cidade russa de Kazan, e será o terceiro encontro presencial de 2024 entre Xi e Putin, poucas semanas antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro.
Formado inicialmente por Brasil, China, Índia e Rússia em 2009, o bloco foi ampliado com a adesão da África do Sul em 2010 e este ano incluiu vários outros países emergentes, como Egito e Irã. No início de setembro, a Turquia também apresentou um pedido de adesão ao bloco.