O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) realizou o 3º Encontro Estadual de Bombeira Militar, que abordou temas voltados para o fortalecimento das mulheres militares no contexto institucional e social. O evento teve início na segunda-feira (25.11) e se encerrou na terça-feira (26.11), em Cuiabá.
Além do encontro, o evento contou com o 1º Seminário de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher, que discutiu a importância do atendimento às mulheres vítimas de violência, tanto no âmbito civil quanto militar. Ambos as ações integraram o calendário oficial de eventos da corporação, que celebra 60 anos de história em 2024.
De acordo com o comandante-geral do CBMMT, coronel BM Flávio Glêdson Vieira Bezerra, o evento representou um marco importante na história do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, pois reforçou o compromisso da instituição com a valorização das mulheres e a criação de um ambiente mais inclusivo. Bombeiras militares de todo o Estado participaram do evento.
“Acredito que há uma dívida não apenas das instituições militares, mas da sociedade como um todo com o público feminino, especialmente as mulheres vítimas de violência. Por muito tempo, a humanidade não se atentou para essa questão, mas estamos vivendo novos tempos, com um novo comando na corporação. São 60 anos de história e, com certeza, vamos avançar para um novo ciclo com os próximos comandantes e as novas gerações de mulheres”, destacou o coronel Glêdson.
A presidente do Comitê Nacional de Bombeiras Militares, coronel BM Vivian Rizziolli Côrrea, que foi a segunda mulher a alcançar o posto de coronel na corporação em Mato Grosso, enfatizou a importância do debate no âmbito militar, considerando o período de inclusão das mulheres na corporação, ocorrido há pouco mais de 20 anos, e as transformações que a instituição passou desde então.
A primeira turma de oficiais com mulheres entrou na corporação em 2001, enquanto a primeira turma de praças mulheres entrou em 2003. “Desde a chegada das primeiras mulheres à corporação, temos trabalhado para garantir que nossas militares tenham as condições necessárias para desenvolver suas carreiras com dignidade e respeito. Este evento também serviu como um espaço de reflexão sobre os avanços alcançados e sobre as perspectivas futuras, para que possamos continuar fortalecendo a presença feminina e o papel da mulher dentro da nossa corporação”, afirmou a coronel Vivian.
Durante o evento, foram realizadas palestras com a participação de especialistas, autoridades e bombeiros militares de vários estados, incluindo o Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, além de Mato Grosso. Entre os temas abordados, destacaram-se: a maternidade e a carreira profissional das mulheres militares, a proteção das militares por meio da corregedoria da corporação e a atuação do profissional de segurança pública durante o primeiro atendimento à mulher vítima de violência.
Além disso, foram debatidas a importância da presença feminina nas forças de segurança, estratégias para o enfrentamento da violência e políticas públicas voltadas para as mulheres, com exemplos de boas práticas em Mato Grosso.
A secretária de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc), coronel PM Grasielle Paes Silva Bugalho, ressaltou a importância do evento e a necessidade de combater a violência, seja ela doméstica ou institucional. Nesse contexto, destacou a relevância de políticas públicas não apenas em nível estadual, mas também dentro da corporação, para integrar as ações e discutir as políticas de forma transversal.
“Se tem algo que é democrático é a violência contra a mulher. Não importa o nível de conhecimento, a escolaridade ou a condição econômica, todas nós estamos sujeitas a algum tipo de violência. Que legado queremos deixar? Que sociedade estamos construindo? Quando uma instituição como o Corpo de Bombeiros discute esse tema, é de extrema importância, especialmente porque temos um governador que nos dá a oportunidade de enfrentar essa violência”, apontou.
O Procedimento Operacional Padrão orienta os bombeiros militares sobre o atendimento a mulheres vítimas de violência, buscando um serviço mais humanizado. Já o Protocolo de Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher deverá ser observado em todos os processos disciplinares relacionados às bombeiras militares.